Equipe da Unicamp conquista segundo lugar em Torneio Internacional de Físicos

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Áudiodescrição: imagem da reunião da equipe, online
Grupo comemorou a colocação em reunião após a final da competição

A equipe Quantum Coaches, da Unicamp, conquistou o segundo lugar no 13º Torneio Internacional de Físicos, competição que envolve desafios e problemas na área de Física. A final foi disputada entre Brasil, Rússia e Ucrânia no último domingo, 4 de julho, sendo a equipe russa a melhor colocada. Integram a Quantum Coaches seis alunos de graduação e de mestrado do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), e dois líderes da equipe, professores do IFGW. O grupo consagrou-se como o representante brasileiro na competição após a vencer a etapa nacional, eliminatória, e disputou o torneio mundial com outros 11 países.

Foi a primeira vez que a equipe da Unicamp participou da disputa internacional, conhecida pela sigla IPT, do inglês International Physicists' Tournament. “Estamos muito felizes com o resultado e foi uma confirmação muito grande do potencial que a nossa universidade e o nosso país têm de produzir ciência de qualidade”, diz o capitão do grupo, o mestrando em Física Felipe Mazzi. 

O professor Leandro Tessler, responsável por impulsionar a ideia do grupo na Unicamp e um dos líderes da equipe, destaca a importância do resultado e ressalta o comprometimento dos alunos para que isso ocorresse. “É um feito muito importante porque é a melhor participação do Brasil na história do campeonato. Os nossos alunos são muito sérios e motivados, isso fez toda a diferença. Eles levaram a sério a participação e conseguiram montar uma equipe com um conhecimento e um traquejo ótimo em Física”.

Superando equipes consagradas 

A competição no IPT acontece através da resolução de problemas que ainda não têm uma solução definitiva na Física, e envolve também conhecimentos de outras áreas. Todos os anos a organização internacional do torneio lança uma lista de problemas, que são utilizados também na etapa nacional. Na disputa, conhecida como Lutas de Física, uma equipe propõe sua solução, outra apresenta uma oposição e, dependendo da disputa, uma terceira apresenta uma revisão do problema e a síntese das propostas das outras. As notas são atribuídas por um júri, formado por físicos. 

A equipe da Unicamp já havia sido classificada na etapa nacional em 2019, após vencer as equipes da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do ABC (UFABC). No entanto, pelas dificuldades da pandemia, optaram por não competir na etapa internacional. Mas, após uma vencerem novamente a eliminatória seguinte, os integrantes decidiram participar da fase internacional de 2021, que ocorreu de forma online. O segundo lugar consagrou a equipe com o melhor resultado que o Brasil já teve no torneio. 

Áudiodescrição: equipe reunida de em frente ao prédio do ifgw
Grupo reunido em 2019, em frente ao IFGW, antes de ir à competição nacional

Felipe aponta que a equipe se surpreendeu com a colocação, pelo fato de disputar com equipes que têm já tradição no IPT, competição que ocorre já há 13 anos. “Nós competimos contra a Rússia e a Ucrânia na final. A Rússia é tricampeã e a Ucrânia tetracampeã. São países muito experientes, que inclusive inventaram o torneio, e nós pegamos eles logo de cara, na classificação. Disputamos com os favoritos e conseguimos superá-los”, avalia. 

Maria Carolina Volpato, graduanda em Física e também integrante da equipe, ressalta que o significado da vitória no torneio é especialmente importante no contexto atual. “Essa colocação é muito importante pelo momento em que a gente vive, de negacionismo. E mostra que mesmo com todas as dificuldades conseguimos ter um trabalho tão bem feito”. 

O grupo que disputou o torneio foi composto pelos alunos Felipe Mazzi (capitão), Maria Carolina Volpato, Leonardo Falabella, Anderson Vulto, Ana Elisa Dellamatrice Barioni e João Pedro Carlini Minchillo. Os professores líderes de equipe são Leandro Tessler e Pierre-Louis de Assis. A Quantum Coaches foi uma das equipes com maior representatividade feminina na competição.

Preparação para o torneio

O ponto de partida para a formação de uma equipe na Unicamp foi a criação de uma disciplina eletiva pelo professor Leandro Tessler, em 2019. O docente havia participado como jurado da competição, em uma etapa nacional, e animou-se com a possibilidade da Unicamp participar. “Gostei muito do que aconteceu no torneio, é muito interessante. Quando voltei para a Unicamp propus uma disciplina, para graduação e mestrado, a fim de formar uma equipe para a competição. A disciplina foi em inglês e quando saiu a lista de problemas começamos a nos organizar para dividir os problemas em grupos e resolvê-los”, conta.

Além do aprendizado em Física, exercitar o inglês e aprender a trabalhar em grupo são aprendizados concomitantes que o professor pontua como novidades na disciplina. “Ela desenvolve o que se chama de soft skills, como trabalhar em grupo, organizar um relacionamento humano em uma situação tensa, tendo que lidar com os erros dos outros e com os seus próprios erros. Isso num curso de Física é uma novidade, pois geralmente a Física é uma atividade muito individual”. 

Áudiodescrição: fotografia colorida de alunos realizando experimento
Alunos durante a disciplina, em 2019, conduzindo experimento

Outro ponto importante do curso, segundo o docente, é o fato dos alunos terem de resolver problemas do mundo real, mobilizando ferramentas teóricas e experimentais para propor soluções. Aos interessados, o professor deixa o convite para que se matriculem na disciplina, da qual podem participar alunos de qualquer curso de graduação ou pós-graduação. Ela será aberta novamente, no segundo semestre acadêmico de 2021, sob o código F076 para graduação e FI266 para a pós. 

Ampliando a formação

A experiência da disciplina e do torneio, apontam Felipe e Maria Carolina, é enriquecedora, agregando à formação elementos de aprendizado que muitas vezes não existem no currículo dos cursos de graduação. O fato de terem de propor soluções a problemas em aberto, lidando experimental e teoricamente com eles, realizando discussões em grupo e tendo o desafio de comunicar as soluções claramente e em inglês são aprendizados que citam. 

“Nós temos contato com experiências que não existem no currículo, que é lidar com problemas que não têm resposta. O principal aprendizado é que o processo é muito próximo de como a ciência de fato acontece: encontrar um fenômeno sem explicação, propor um modelo, testar esse modelo e depois defender para outros times”, aponta Felipe.

Para o mestrando, todo esse aprendizado, desde a primeira competição nacional que participou, trouxe mais ânimo à sua formação. “Foi um marco na minha formação, renovou totalmente meu interesse pela Física. Aquilo que me fez escolher a Física no começo da graduação se renovou. Tudo que aprendemos no curso acaba sendo usado de alguma forma na competição”.

Maria Carolina evidencia ainda a contribuição para a autonomia do estudante, o que a ajudou também nas atividades de iniciação científica. “Não é pegar um livro e reproduzir na questão, você vai pegar um problema e ver como atacar esse problema, e você vai passar horas pensando nisso. Isso ajudou também na minha iniciação científica, pois o professor não precisa ficar toda hora ajudando. Você cria uma certa autossuficiência, uma independência para correr atrás”, observa.

De forma semelhante, o professor do IFGW Pierre Louis de Assis, líder do grupo junto ao professor Leandro, salienta os aprendizados que os estudantes podem ter com a experiência da competição. “É um torneio de duelos, é mais competitivo e a resolução de problemas é mais experimental. Os alunos têm que construir um experimento, coletar dados, tratar dados, o que é muito importante aprenderem. Montar um experimento do zero e tomar todas as decisões é algo que dificilmente temos na graduação”.

Estímulo à formação de novas equipes no Brasil

A equipe Quantum Coaches espera que novas equipes venham a se formar no país, para estimular trocas e elevar o nível das equipes brasileiras. Por enquanto, somente USP, Unicamp e UFABC têm grupos formados. A UFABC foi a Universidade pioneira em participar dos torneios, e sua equipe foi a primeira a se classificar para a etapa internacional. Na ocasião, em 2018, foram para a final da competição e conquistaram o terceiro lugar.

Além de estimularem a formação de outras equipes, os estudantes também apontam que alunos interessados em participar do grupo da Unicamp podem entrar em contato. “Deixamos o convite para todo mundo que quiser participar. Não precisa ser da Física necessariamente. Entender a física é importante, mas há outra parte de desenvolvimento, então deixamos aberto a todo mundo que tenha interesse”, diz Maria Carolina. O contato pode ser feito através da página da Quantum Coaches no Facebook.

Para interessados em criar equipes em outras universidades, os professores Leandro Tessler e Pierre Louis, que também são membros do comitê nacional do torneio, disponibilizam os seus e-mails para contato: tessler@unicamp.br / plouis@unicamp.br 

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