FEEC comemora 50 anos da primeira aula do professor Celso Bottura

O mês de março de 2021 marca os 52 anos da primeira aula lecionada na Unicamp pelo Prof. Celso Pascoli Bottura, atualmente professor colaborador de nossa faculdade. Este mês também  marca os 50 anos da primeira aula ministrada por ele à primeira turma de graduação em Engenharia Elétrica na Unicamp. No relato a seguir, enviado pelo próprio Prof. Bottura, é possível conhecer um pouco mais dessa história, que está intimamente ligada com os primeiros passos do ensino e da pesquisa na área de controle e automação em nossa faculdade e no Brasil.

Meu nome é Celso Bottura. Eu era aluno do quarto ano de Engenharia Aeronáutica no ITA, quando descobri que os alunos de engenharia eletrônica estudavam controle. Eu não sabia o que era essa disciplina, olhei as informações, livros e notas de aula, e pensei, Puxa – isso é o que eu devia estar estudando! Essa matéria é interessantíssima! Fiquei encantando com essa área e me formei em Engenharia Aeronáutica em 1962, em projeto de aeronaves.

No mesmo ano, recebi uma bolsa do ITA, que me contratou como professor, para fazer pós- graduação na Purdue University, nos EUA. A bolsa era para pós-graduação em aerodinâmica, mas conforme fui amadurecendo as ideias, decidi que eu queria aprender controle. Fui fazendo cursos em controle e em outras áreas que me interessavam para meu mestrado.

Quando retornei para o ITA em 1965, estava criada para mim uma disciplina de instrumentação e controle, a ser oferecida para os alunos do quarto ano de engenharia mecânica. A partir daí, estruturei os cursos para controle automático, criando as disciplinas de instrumentação e controle, controle automático, controle de processos, além dos laboratórios de instrumentação e controle e de eletrônica. Hoje em dia, esse grupo de instrumentação e controle é o Departamento de Mecatrônica do ITA. De alguma maneira, eu acho que posso ter contribuído para criação no Brasil do que se chamaria depois de Engenharia Mecatrônica ou de fato Controle e Automação. Aliás, eu prefiro usar a palavra Automática para descrever esse campo porque Mecatrônica, na minha visão, é Mecânica e Eletrônica, e Controle e Automação é muito mais abrangente do que o nome Mecatrônica leva a interpretar.

Em 1969, há 52 anos, o Prof. Fernando Pessôa Rebello, professor do ITA, foi convidado para coordenar o curso de Engenharia Mecânica da Unicamp e me convidou para fazer para os alunos daquele curso o mesmo trabalho que eu estava fazendo no ITA, do qual ele gostava muito.

Comecei a dar aula em tempo parcial na Unicamp e continuei como professor do ITA. A princípio ainda não havia na Unicamp um laboratório que permitisse iniciar uma atividade nessa área. Tudo ainda era muito incipiente. As aulas eram lecionadas no colégio técnico COTUCA, na rua Culto à Ciência.

Conversando com o Prof. Rebello, percebi que havia necessidade de um professor que lecionasse Mecânica dos Fluidos para alunos da primeira turma de Engenharia de Alimentos. Então eu comecei com essa disciplina há 52 anos, no dia 10/03/1969. Dei aulas desta matéria por dois anos. Nesse período preparei o projeto do Laboratório de Controle e Automação e especifiquei todos os equipamentos. Em 1970, continuei dando aulas para o curso de Engenharia de Alimentos e, no segundo semestre, eu consegui colocar, em um curso de instalações industriais, uma parte de instrumentação e controle. Dessa forma, os alunos da primeira turma de Engenharia de Alimentos da Unicamp, que se formariam em 1971, tiveram uma formação em instrumentação e controle em 1970.

Enquanto eu estava envolvido com essas atividades, chegou dos EUA o professor Manuel Sobral Júnior, que era PhD pela University of Illinois, e que foi convidado pelo Prof. Zeferino Vaz para dirigir a Faculdade de Engenharia de Campinas, após um breve período de transição. Ele ficou sabendo do meu projeto do laboratório de instrumentação e controle, que até então parecia muito prematuro. O Prof. Sobral me convidou para executar o projeto do Laboratório de Automação da Faculdade de Engenharia de Campinas e para trabalhar como professor em tempo integral na Engenharia Elétrica da Unicamp. Eu aceitei e deixei o ITA.

Em março de 1971, há 50 anos atrás, eu comecei a dar aula na Engenharia Elétrica. Então estou completando em março 52 anos de professor de Engenharia da Unicamp e 50 anos na Engenharia Elétrica da Unicamp. A primeira disciplina que lecionei para o curso de graduação em Engenharia Elétrica na Unicamp era chamada Sistemas de Controle, que já era um curso de transição para a pós-graduação, introduzindo variáveis de estado, o que na época era considerado o que se chamava de controle moderno. Um dos meus alunos, de fato o melhor aluno da turma, foi o agora Prof. Ernesto Ruppert Filho.

Quando nós começamos em 1971, a área de automação era constituída pelo Prof. Manoel Sobral Júnior, o Prof. Hermano de Medeiros Ferreira Tavares e o saudoso professor Marcio Luiz de Andrade Netto. Sobre o Prof. Manuel Sobral Jr, ex-aluno do ITA, que havia lecionado o primeiro curso de Controle Automático na Unicamp no segundo semestre de 1970 quando chegou dos EUA, gostaria de deixar minha opinião: Em todos esses anos em que eu estou envolvido com a Unicamp tenho a certeza de que ele foi um diretor excepcional. Ele, em pouco tempo, conseguiu conduzir a nossa escola para um caminho que pode ser considerado revolucionário na educação superior em engenharia no Brasil. O professor Marcio Luiz de Andrade Netto era um jovem recém formado pelo ITA em engenharia mecânica. Depois, ele fez toda a pós-graduação em Engenharia Elétrica, iniciada em 1972, e foi um professor sobre o qual eu tenho o maior respeito e admiração.

Foi uma experiência muito importante da minha vida. Ainda em 1971 participei, coordenado pelo Prof. Rege Romeu Scarabucci, então chefe do Departamento de Engenharia Eletrônica, do projeto do prédio onde a FEEC está desde 1976. Fui o responsável pelo projeto dos laboratórios da automação, do lado direito do bloco B. O Rege se encarregou de fazer os laboratórios da eletrônica no lado esquerdo do bloco B e o Prof. Dirk Andreas Rheinboldt fez o projeto dos laboratórios da eletrotécnica no bloco C. O prédio em minha visão ficou maravilhoso e a gente talvez tenha contribuído, graças ao talento do arquiteto, para fazer uma solução que me agrada muito. Gosto muito dos prédios da nossa Faculdade e do seu ambiente.

Depois disso, em dezembro de 1973, concluí meu doutorado, sob a orientação do Prof. Yaro Burian Júnior. A tese intitulada “Contribuição ao Estudo do Controle de Torque em Máquina Série por Modulação em Largura de Pulso” foi a primeira no sistema atual com créditos do programa de pós-graduação em Engenharia Elétrica da Unicamp.

Aí continuamos nossa atividade. Já estou aposentado desde o final de 2003, mas continuo como professor colaborador voluntário. Tenho muito orgulho, muita satisfação, de continuar envolvido com nossa Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, que gradualmente fomos criando, tanto na graduação como na pós-graduação e na pesquisa.

Matéria original publicada no site da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp.

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