Em meio à pandemia, cresce o número de estudantes da Unicamp que concluíram cursos de graduação

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Terminar a faculdade é uma grande conquista que mexe com as emoções dos estudantes. A mistura de sentimentos de dever cumprido, tristeza por deixar a Universidade e ansiedade pelo futuro torna o momento único na trajetória dos alunos. Mas em meio a tudo isso, os formandos de 2020 tiveram de lidar ainda com o desafio que pegou a todos de surpresa: a pandemia do coronavírus e a necessidade de suspender atividades presenciais. Na Unicamp, as adaptações que possibilitaram a continuidade dos cursos de forma remota e o incentivo a uma cultura de colaboração entre alunos, professores e coordenadores fez com que a formação dos estudantes não fosse interrompida e muitos pudessem concluir seus cursos. 

O resultado desses esforços se reflete nos números: em 2020, os dados ainda são preliminares, mas 2676 estudantes concluíram cursos de graduação na Unicamp, número um pouco maior do que o de concluintes em 2019. Naquele ano, foram 2623 formandos. Os relatos de alguns desses estudantes mostram o quanto o último ano foi desafiador. Mas o aprendizado construído por eles, em parceria com os professores, os tornaram mais resilientes e preparados para fazer a diferença no mundo. 

"A distância nos aproximou"

Assim como a maior parte das pessoas, muitos imaginaram que a volta para casa seria curta, de apenas algumas semanas. É o que conta Duguay Rodrigues Silva, concluinte de Ciências Biológicas em 2020. Conforme o tempo passou e a demanda por manter o isolamento social permaneceu, ele e os colegas perceberam que seriam necessárias adaptações mais profundas na dinâmica das aulas, principalmente nas atividades que seriam desenvolvidas em laboratórios. 

foto mostra duguay em momento com os colegas no campus e durante a formatura virtual
Duguay em momentos distintos da vida acadêmica: com os colegas, no campus, e durante a cerimônia virtual de Colação de Grau (fotos: acervo Duguay Silva e reprodução)

"Concluir o curso em meio a pandemia trouxe um sentimento de superação em conjunto com uma certa melancolia. Saber que não foi possível executar algumas práticas, mesmo com muito empenho dos docentes e monitores PAD/PED, traz uma certa frustração", compartilha Duguay, que foi monitor do Programa de Apoio Didático (PAD) durante o dois semestres remotos. Além dessa atuação, ele também conseguiu se dedicar à pesquisa, algo que contribuiu para que, ao final do curso, ingressasse no mestrado em Genética e Biologia Molecular do Instituto de Biologia (IB): "Por sorte eu consegui continuar minha pesquisa, uma vez que o ponto central dela é a bioinformática, então pude realizar a análise de vários dados já obtidos anteriormente e consegui executar meu projeto de maneira satisfatória".

Os concluintes de Pedagogia também precisaram se reorganizar. Mariana Bastos Sousa, aluna da turma, estava pronta para embarcar para um intercâmbio na Argentina quando a pandemia impôs a todos uma mudança de planos. Segundo ela, o apoio da Unicamp com o empréstimo de equipamentos para acesso às plataformas de ensino remoto foi importante para que os alunos se mantivessem ativos e construíssem juntos a nova dinâmica das aulas. "As adaptações ao ensino remoto foram progressivas, tivemos que nos adaptar às novas plataformas, ao novo jeito de se comunicar e de aprender. No curso de Pedagogia valorizamos muito o contato humano nas relações de ensino e aprendizagens e nas troca de experiências, mas tivemos que nos conformar com a realidade e aproveitar ao máximo, mesmo estando em uma situação não ideal", comenta Mariana. 

foto mostra mariana, aluna de pedagogia, durante formatura virtual
Com a mudança para o ensino remoto, alunos e professores precisaram reorganizar seus trabalhos e projetos, como pesquisas e viagens de intercâmbio (foto: reprodução e acervo Mariana Sousa)

As experiências acumuladas com o último ano cursado de forma remota também trouxe reflexões para a atuação profissional dos estudantes. Carreiras essencialmente presenciais agora precisam encontrar formas de trabalho à distância, tendência que pode ser incorporada por empresas no pós-pandemia. É o que comenta Vitor Gonçalves da Silva, formado em Engenharia Agrícola. O jovem comenta que, além de repensar a própria atuação profissional, a pandemia também fez com que ele incluísse em suas pesquisas novas abordagens e estratégias para poder continuar trabalhando na área. Assim como Duguay, ele também ingressou na pós-graduação da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e vai trabalhar com inteligência artificial aplicada à produção agrícola. 

Vitor também relata que as estratégias de ensino foram sendo construídas pelos docentes em parceria com os alunos. Isso contribuiu para que a turma de 2020 tivesse um número recorde de formandos, 36 no total. "A distância nos aproximou. Nós nos sentimos mais confortáveis em pedir ajuda, em ajudar e em sermos ajudados pelos outros. Para mim, alguns laços foram fortalecidos pela contribuição técnico-científica para a realização das pesquisas, no próprio aprendizado das disciplinas. Isso foi crucial e deu muito certo", analisa o estudante.

imagem mostra vitor, aluno da feagri, durante formatura virtual
Engenharia Agrícola teve 36 formandos em 2020. Para Vitor Silva, colaboração entre professores e alunos fez a diferença (foto: reprodução)

Adaptações e proximidade entre alunos e professores 

De acordo com Eliana Amaral, pró-reitora de Graduação da Unicamp, as medidas adotadas em 2020 de flexibilização das disciplinas para as adaptações necessárias ao ensino remoto foram decisivas para que o andamento dos cursos não fosse prejudicado. Ela avalia que, mesmo à distância, foram incentivadas atividades síncronas, por meio de videoconferências, que mantinham o contato entre professores e alunos e ampliaram o diálogo entre eles. "Isso aproximou muito os estudantes e criou a possibilidade de diálogo, de estudar como seriam essas trajetórias e quais as necessidades dos concluintes para que nós pudéssemos ajudar, na medida do possível", analisa a pró-reitora. 

foto mostra eliana amaral, pró reitora de graduação
"Com a experiência de 2020, agora em 2021 os professores e coordenadores já se sentem mais preparados", analisa Eliana Amaral (foto: Antoninho Perri)

Eliana explica que os cursos da saúde contaram com uma normativa do Conselho Estadual de Educação que autorizou o retorno dos estudantes a partir de agosto. Assim, foi possível redistribuir as atividades para que os alunos concluintes pudessem cumprir atividades práticas previstas. Em outros cursos, foi necessário reorganizar a dinâmica das disciplinas, sobretudo nas que previam atividades em laboratórios. Ela conta que muitos estágios foram cumpridos de forma remota e práticas laboratoriais foram adaptadas para serem feitas por demonstrações ou ainda recursos de aplicativos. "Com a experiência de 2020, agora em 2021 os professores e coordenadores já se sentem mais preparados. Na Física, por exemplo, alguns kits para experimentos práticos foram enviados para a casa dos estudantes", exemplifica. 

Na pós-graduação, as medidas adotadas também facilitaram a manutenção das atividades. Em 2020, foram 1308 dissertações e 866 teses defendidas, em 2019 foram 1474 dissertações e 1017 teses defendidas. No caso dos cursos de pós, uma das medidas adotadas foi a Resolução GR 080/2020, que possibilitou a continuidade das atividades de pesquisa em laboratórios quando houvesse risco de comprometimento irreparável ao andamento ou conclusão do estudo. Nancy Lopes Garcia, pró-reitora de Pós-Graduação, avalia que o trabalho de empréstimo de equipamentos também contribuiu para a rotina específica dos pós-graduandos. "Foram disponibilizados recursos computacionais e chips de internet aos alunos de pós-graduação para que pudessem não somente participar das disciplinas, mas também desenvolver parte de suas pesquisas, como simulações, revisão bibliográfica, dentre outros, assim como reuniões de orientação com os orientadores", pontua. 

Cuidados permanecem em 2021

Frente à situação atual da pandemia, é certo que o primeiro semestre de 2021 será ainda de atividades remotas. As pró-reitoras avaliam que ainda é cedo para dizer se a retomada de algumas atividades presenciais já será possível no segundo semestre, pois isso depende de uma redução significativa nas taxas de infecção pelo coronavírus e também do aumento da vacinação das pessoas. Por conta disso, a Unicamp segue atenta aos desdobramentos da pandemia. 

foto mostra nancy lopes garcia, pró-reitora de pós-graduação
Nancy Lopes Garcia, pró-reitora de Pós-Graduação: "Fiquem firmes, vai passar e vamos estar juntos (novamente)!" (foto: Antonio Scarpinetti)

No entanto, elas afirmam que a expertise acumulada de 2020 e toda a estrutura já criada para a adaptação das atividades devem favorecer ainda mais o andamento das atividades em 2021. "Já foram feitas adaptações necessárias das regulamentações e de nossas normas regimentais. Também buscamos aprimorar a preparação do corpo docente para as atividades remotas, avaliações e provas. A universidade está preocupada em receber bem os ingressantes e em dizer a esses estudantes que nós estamos com eles", explica Eliana Amaral. Ela também informa que os empréstimos de computadores, tablets e chips de internet serão intensificados neste início de ano letivo para beneficiar os estudantes de graduação e pós-graduação. 

A recomendação aos ingressantes de 2021 é que busquem já estabelecer contato com os colegas de curso, professores e coordenadores, para que sejam criados laços que os tornem mais próximos da Universidade. Aos que tiverem a curiosidade de conhecer os espaços físicos dos campi, fotos 360° estão disponíveis no site da Calourada 2021. "Docentes e discentes estão se esforçando ao máximo para que as perdas sejam as menores possíveis. Esperamos que em breve possamos voltar a nos encontrar presencialmente em aulas, laboratórios, congressos e comemorações. Fiquem firmes, vai passar e vamos estar juntos (novamente)!", deseja Nancy Lopes Garcia. 

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foto mostra alunos de capelo em cerimônia virtual de colação de grau

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