Atividades do Brazilian Water Research Center têm início com workshop

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foto mostra entrevista coletiva prestada na prefeitura de campinas com autoridades municipais sentadas em roda
BWRC foi anunciado em julho em entrevista coletiva na Prefeitura Municipal de Campinas

Os trabalhos do Brazilian Water Research Center (Centro Brasileiro de Pesquisas sobre a Água) - BWRC - tiveram início na tarde desta quinta-feira (10) com a realização de um workshop virtual de apresentação do centro e das áreas de atuação dos pesquisadores que farão parte da nova unidade. Financiado pela Sanasa de Campinas e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o centro de pesquisas tem sede na Unicamp e vai desenvolver pesquisas, inovações tecnológicas e promover o ensino e a cultura científica obre temas relacionados à água em uma perspectiva interdisciplinar. 

Ao longo do evento, foram apresentadas informações do Brasil e do mundo que justificam a importância da realização de pesquisas que tragam inovação ao setor e auxiliem no alcance das metas de universalização do saneamento básico e do acesso à água no país. Sancionado em julho de 2020, a Lei nº 14.026, que estabelece o Marco Regulatório do Saneamento, determina como meta de coberturas para o país até dezembro de 2033 99% da população com abastecimento de água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto. Porém, dados de 2018 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) mostram que 16,4% dos brasileiros ainda não tem acesso à água tratada e 46,8% não têm coleta de esgoto. Do total coletado de esgoto no país, apenas 46,3% são tratados. 

Em Campinas, os dados mostram uma realidade muito próxima ao que preveem as metas estabelecidas para o país. O abastecimento de água hoje atinge 99,81% da cidade e, por isso, um dos grandes focos do trabalho realizado no município é o de redução de perdas na distribuição e no faturamento, atualmente avaliados em 20,7% e 13,2%. Segundo Marco Antonio Santos, diretor técnico da Sanasa, de 1994 a 2019 foram investidos R$ 256 milhões no combate a perdas, o que resultou em uma economia de R$ 1,2 bilhão. 

"Às vezes as pessoas acham que investir em controle de perdas é gastar dinheiro. Ao contrário, é investir dinheiro. É bom para a empresa, economicamente falando, e para o meio ambiente, porque a gente capta menos água de nossas fontes de captação", justificou Marco Antonio, que enfatiza a importância de pesquisas e tecnologias que ampliem a capacidade do combate às perdas e reduzam a desigualdade de abastecimento e saneamento entre as regiões do país. 

Pesquisas, difusão científica e inovação

O BWRC terá como linhas de pesquisa principais o desenvolvimento de estratégias de segurança hídrica, de tecnologias inovadoras de tratamento de água e esgoto, a otimização dos sistemas de distribuição de água, a disseminação do conhecimento científico e a formulação e implementação de políticas públicas voltadas à água. Os trabalhos serão organizados em eixos voltados para a pesquisa, a educação e difusão científica e a transferência de tecnologias. 

montagem de fotos mostra professores cassiana montagner, rodnei bertazzoli e eduardo galembeck
Cassiana Montagner, Rodnei Bertazzoli e Eduardo Galembeck: coordenadores das frentes de trabalho do BWRC

Cassiana Montagner, professora do Instituto de Química (IQ) e coordenadora de pesquisa do BWRC, explica que a participação da Sanasa no desenvolvimento dos estudos será um diferencial que contribui com a inovação das pesquisas, já que será possível identificar temas e demandas que estão nas fronteiras do conhecimento. "Nós não vamos fazer pesquisas apenas dentro de nossos laboratórios. Vamos olhar para fora, no sentido de buscar os problemas e trazer as soluções, e vamos olhar para o lado e entender que a interdisciplinaridade vai trazer uma riqueza muito grande nas pesquisas que vamos desenvolver, principalmente nessa integração entre Sanasa e academia", ressalta a docente. 

Paralelamente às pesquisas, o centro será responsável por ações de difusão científica, coordenadas por Eduardo Galembeck, professor do Instituto de Biologia (IB), e de apoio à transferência tecnológica, setor comandado por Rodnei Bertazzoli, docente da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM). Galembeck comenta que a educação e a comunicação científica sobre temas relacionados à água é algo estratégico para que a população seja também promotora da segurança hídrica e da sustentabilidade. "Uma parte dos problemas relacionados à água tem relação com a mudança na atitude dos consumidores, o que torna o desafio bastante grande e dá uma importância bastante significativa para essas ações na área de educação e difusão", analisa o professor. 

Já Rodnei Bertazzoli esclarece que o ambiente de inovação do BWRC vai propiciar o surgimento de novas empresas e startups e, por isso, o trabalho com transferência tecnológica não deve ser restrito aos processos de registros de patentes, mas também precisa oferecer apoio a essas novas empresas e incentivar a cultura empreendedora em torno do centro. "A gente não pode achar que aquilo que é desenvolvido na bancada do laboratório está pronto para ser comercializado. Existe todo um processo de desenvolvimento para atender as necessidades de empresas que possam estar interessadas nesse processo de inovação tecnológica para sua área de negócios", ressalta Bertzzoli. 

"Sem a água é impossível o ser humano sobreviver"

Lançado em julho, o BWRC é fruto de uma parceria entre a Unicamp, a Sanasa e a Fapesp e receberá o investimento de R$ 120 milhões ao longo de dez anos. A sede física do centro será no campus da Unicamp, local onde serão reunidos pesquisadores e bolsistas na realização de estudos. Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, compartilhou a intenção de que, futuramente, a unidade conte com uma sede integrada ao Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), passo que ampliaria as possibilidade de integração do centro às empresas e centros de inovação. "Com o amadurecimento do Centro, se conseguirmos criar uma sinergia entre os projetos que vão nascer ali e pudermos evoluir nesse Centro de Águas, será uma vitória e uma conquista para todos nós, tanto da Unicamp quanto da Sanasa", avalia Knobel.

Para o presidente da Sanasa, Arly de Lara Romeo, as metas estipuladas pelo Marco Regulatório do Saneamento fazem com que as pesquisas e tecnologias que serão criadas pelo BWRC estejam no radar da administração pública, o que favorece os investimentos. "Neste momento, o saneamento é a área em que todos estão focados para que o Brasil dê um salto. São necessários muitos recursos investidos e eu acredito que o Centro vai despertar muitas linhas de pesquisa e não faltarão recursos que ele deverá encampar. Tenho certeza de que ele vai se tornar uma referência no Brasil e no mundo", comenta. 

foto mostra professor lauro kubota sentado à mesa, vestindo camisa azul
Lauro Kubota: "A oportunidade de interação entre a Sanasa e a Unicamp foi extremamente importante"

A coordenação do BWRC ficará à cargo de Lauro Kubota, docente do IQ. Para o professor, a integração entre as instituições é fundamental para o desenvolvimento do setor e o benefício de mais pessoas. "A oportunidade de interação entre a Sanasa e a Unicamp foi extremamente importante. A Sanasa, que cuida da questão do saneamento, da gestão da água e do esgoto, abre espaço para que pesquisadores da Unicamp possam se utilizar disso, permitindo o acesso para o desenvolvimento de pesquisas extremamente importantes. A gente até pode viver sem energia, mas sem a água é impossível o ser humano sobreviver", enfatiza Kubota. 
 

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