Unicamp recebe 400 mil dólares para consolidar estrutura de estudo e controle de doenças emergentes

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A Unicamp recebeu da empresa 3M uma doação de 400 mil dólares que vai financiar o projeto que tem como objetivo ampliar a capacidade da Universidade de resposta a endemias. O projeto foi aprovado por meio da organização internacional GlobalGiving, que promove o contato entre empresas e instituições que desenvolvem projetos científicos, educacionais e solidários. Com o valor, a Unicamp deverá ampliar a capacidade de pesquisas e testes com nível de segurança NB3, que envolvem vírus e bactérias nocivos à saúde humana, o que tornará o país mais preparado para situações como a pandemia do coronavírus. 

foto mostra pesquisadores dentro de um laboratório, usando roupas de proteção. o que está em primeiro plano segura um frasco com amostra do coronavírus na altura dos olhos
Ampliar a capacidade de segurança NB3 vai tornar Unicamp mais preparada para responder a novas doenças

"É algo que ainda não existe no Brasil, um centro que esteja preparado para estudar doenças e propor políticas de prevenção e tratamento, controle de epidemias, boas práticas para lidar com doenças, que estabeleça critérios para ensaios clínicos, para tratamentos e tudo mais. Não queremos chegar necessariamente nesse ponto, no curso prazo, mas o que falta no Brasil é uma estrutura capaz de responder de forma mais eficiente contra essas epidemias que aparecem e vêm aparecendo de forma mais frequente", detalha Marcelo Mori, coordenador da Força Tarefa Unicamp contra a Covid-19, que cita como referência internacional a ser seguida os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention - CDC), dos Estados Unidos. 

Marcelo também comenta que a iniciativa tem o objetivo de tornar permanente o trabalho realizado pela Força Tarefa da Unicamp. "A ideia é que a gente não precise de mobilizações voluntárias, de baixo para cima, para quando a próxima epidemia aparecer. O que a gente quer fazer é montar essa estrutura permanente para que a gente consiga estar a postos frente ao aparecimento de doenças emergentes e doenças cuja prevalência vêm aumentando ao longo do tempo", explica o coordenador. 

Para Munir Skaf, pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, a conquista reforça a vocação da Universidade em ser pioneira nas inovações científicas. "A ideia é criar um embrião desse centro de estudos e controle de doenças emergentes que possa servir de referência para o estado e para o país como um todo. A Unicamp costuma desempenhar um papel de vanguarda e pioneirismo nesse tipo de ideia e é isso que estamos fazendo. Esse financiamento e outros permitirão amadurecer e consolidar esse centro que começa agora", avalia Skaf.

"Unicamp é mais ágil para se adaptar a situações novas"

Com os 400 mil dólares recebidos, a Unicamp vai ampliar sua estrutura de segurança de nível NB3 na Universidade, que hoje é restrita ao Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE), coordenado pelo professor José Luiz Módena. Isso vai possibilitar a realização de pesquisas com culturas de células mais sofisticadas, como análises microscópicas com fluorescência e da evolução de vírus e bactérias ao longo do tempo. 

foto mostra marcelo mori em um laboratório mexendo com instrumentos e sorrindo para câmera. ele veste jaleco branco
Marcelo Mori: "Precisamos ter pessoas sob o mesmo teto trabalhando e discutindo projetos juntos"

Outro objetivo que será possível é o da instalação de um biotério também com segurança NB3, que permite os experimentos do tipo em animais. De acordo com Marcelo Mori, hoje essas pesquisas precisam ser feitas em parceria com a Universidade de São Paulo, que possui uma dessas estruturas. Também será ampliada a capacidade da Unicamp de desenvolver pesquisas que utilizam técnicas de análise de célula única, ainda pouco usadas no país. No primeiro semestre deste ano, um projeto apresentado por Mori e outros pesquisadores para implementar esse recurso na Universidade foi contemplado por um financiamento da Chan Zuckerberg Iniciative (CZN), fundação ligada ao Facebook, no valor de 525 mil dólares. 

Após esses primeiros passos, a ideia é que, no futuro, seja possível a construção de uma sede física e a instalação do Centro de Etudo e Conrole de Doenças (Cecod). Para isso, a Universidade busca outras fontes de financiamento, como a Financiadora de Estudos de Projetos (Finep), e instituições parceiras. De acordo com Mori, concentrar os trabalhos em um único prédio será importante para o desenvolvimento de projetos integrados. "A gente pode construir o biotério em um local, um laboratório em outro local, e continuar colaborando de forma distante. Mas o exemplo da Força Tarefa foi tão bom para mostrar como podemos construir coisas novas, trabalhando de forma interdisciplinar. Isso mostra que a gente precisa ter um centro interdisciplinar na Unicamp de fato e precisamos ter pessoas sob o mesmo teto trabalhando com Ciências Sociais, Engenharia, Biologia, Medicina, Matemática, discutindo projetos juntos", analisa o coordenador da Força Tarefa. 

Ele também avalia que a gestão da Universidade e a dinâmica de trabalho de seus pesquisadores e profissionais favorecem a instalação de um Centro pioneiro como o Cecod: "Temos a Força Tarefa como case de sucesso e a estrutura que a Unicamp montou, de baixo para cima, está servindo de referência para outras instituições. A Unicamp é mais ágil, mais plástica para se adaptar a situações novas. Nós temos essa característica, que é uma vantagem".

Exemplo que valoriza a ciência e as universidades

Desde o início da pandemia, a Unicamp saiu na frente realizando pesquisas para o desenvolvimento de testes diagnósticos do coronavírus e de análises relacionadas à Covid-19, além da prestação de serviços de saúde fundamentais para a região de Campinas. No fim de agosto, a Universidade, com apoio do Ministério Público do Trabalho, ultrapassou os 70 mil testes diagnósticos realizados em mais de 150 cidades. Graças ao apoio de instituições e empresas parceiras, o trabalho poderá ser aprofundado e vai garantir maior segurança sanitária para o país.

foto mostra o professor munir skaf sentado à mesa falando durante uma reunião
Munir Skaf ressalta que a Unicamp desempenha papel de vanguarda em inovações científicas

"De fato, vai ajudar a Unicamp, não só durante essa pandemia, pois mesmo que o número de casos diminua, a gente vai continuar convivendo com a doença, então estudar a Covid-19 continua nos nossos planos. Mas também, e principalmente, ajuda a tornar a Unicamp mais preparada para responder a doenças emergentes e possíveis pandemias. Isso beneficia a todos, porque se não fosse o suporte prestado pela Unicamp às prefeituras da região de Campinas, teria sido muito difícil conseguirmos testar as pessoas, realizar atendimentos nos hospitais públicos", pontua Marcelo Mori. 

O apoio da 3M é fruto de uma relação positiva entre a empresa e a Universidade que rende bons frutos para as duas instituições. "A Unicamp tem um histórico de relacionamento de longa data com a 3M, seja na formação de alunos, na realização de pesquisas conjuntas. Diversos de nossos ex-alunos, ex-mestrandos, pós-graduandos, particularmente do Instituto de Química e da Faculdade de Engenharia Química acabaram ocupando posições importantes na 3M", lembra Munir Skaf.

Na visão de Marcelo Mori, o financiamento do projeto reforça a importância das empresas apoiarem a ciência produzida no país. "A 3M é uma empresa norte-americana, global, que decide investir no Brasil em políticas contra doenças emergentes um grande montante financeiro. Isso é um exemplo bom para as empresas brasileiras, a gente precisa mais de iniciativas assim. Não só em momentos de pandemia e também não apenas para projetos que interessam diretamente às empresas", defende Mori. 
 

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foto mostra pesquisadores dentro de um laboratório usando roupas de proteção

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