Em carta à comunidade interna, reitor aborda possíveis cenários num eventual retorno às atividades

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À COMUNIDADE DA UNICAMP

Como ficam as atividades acadêmicas após mais de 60 dias de distanciamento social?

Neste período tão difícil, precisamos refletir desde já, com seriedade e bom senso, sobre o que e como será possível recuperar o que hoje já nos parece um passado longínquo, bem como sobre as adaptações necessárias para uma nova realidade, que muitos têm denominado “novo normal”.

Creio que todos nos perguntamos, a cada dia, quando poderemos voltar a usufruir da convivência nos campi da Unicamp. Quando voltaremos às aulas e seminários presenciais, às defesas de tese com a presença dos amigos, familiares e colegas? Quando poderemos participar dos eventos culturais, artísticos e esportivos que nos uniam em comunidade? Quando a nossa universidade voltará a interagir intensamente com a comunidade que sempre frequentou os seus campi, tendo neles um espaço de aprendizagem e de lazer?

As respostas são poucas e a incerteza é tão palpável quanto a esperança. A pandemia está ainda em crescimento, atingindo todas as camadas da sociedade e se interiorizando no Estado de São Paulo. Também atinge de forma muito intensa inúmeros outros estados, invadindo as cidades e os campi de universidades parceiras, que, como a nossa, têm as atividades presenciais interrompidas.

Apesar das inúmeras incertezas em relação à evolução de médio e longo prazo da pandemia, temos que nos questionar, com a urgência que a gravidade da atual situação exige: o que está no horizonte, no curto prazo?

A Unicamp, como resposta ao momento, criou vários grupos de trabalho, com a difícil missão de garantir a segurança de todos tanto quanto possível, adotando com responsabilidade as medidas de controle sanitário e epidemiológico. E já é certo que temos que nos manter ativos na prevenção e persistentes na resiliência e no esforço de nos adaptarmos, a cada dia, ao desenvolvimento assustador e, por vezes, inesperado, da pandemia. Sabendo que provavelmente este estado de coisas se estenderá até os primeiros meses de 2021, é preciso encarar o ano de 2020 como um ano de exceção. 

Nesse quadro de grande gravidade, levando em conta as variáveis disponíveis, é nossa responsabilidade discutir possíveis cenários de retomada das atividades. De forma cautelosa, sem exagerado otimismo, nem pânico, de forma atenta e racional, num planejamento por etapas que nos garantam avaliação de resultados e possibilidades de alteração de rumos.

Neste passo-a-passo, a primeira ação é reforçar e garantir as medidas que toda a comunidade conhece: uso de máscaras, higienização recorrente das mãos com água e sabão ou álcool gel, afastamento das pessoas sintomáticas, etiqueta da tosse e espirro, orientação de isolamento dos contaminados e dos seus contatos, manutenção de distância nos restaurantes, cantinas, salas de trabalho, meios de transporte, sanitização dos ambientes várias vezes ao dia, redução de uso do ar condicionado, manutenção de janelas e portas abertas, para facilitar a circulação do ar. E também aplicar extensivamente testes que permitam identificar contaminados e pessoas já imunes ao vírus.

A etapa preliminar já foi iniciada, e é preparatória para as atividades futuras. Nesta etapa, é necessário reorganizar espaços, adquirir insumos, treinar pessoas. Estamos também trabalhando junto com a Força Tarefa Covid-19 para termos toda a capacidade de realização de testes para a comunidade da Unicamp.

 Para estabelecer os protocolos de cuidado com cada espaço e cada grupo, e para providenciar as medidas necessárias para sua adoção, foi criado, até mesmo antes da suspensão das atividades presenciais, um grupo de crise para discutir as decisões. Liderado pelo Chefe de Gabinete, Prof. José Gontijo, o grupo não apenas conta com representantes de muitas unidades e serviços, como está aberto a sugestões oriundas de qualquer setor da universidade, visando promover o esforço coordenado e comum na superação da crise. Neste momento, foi elaborado um projeto preliminar de retorno às atividades, sem definição de datas, que está sendo amplamente discutido no âmbito da Universidade.

As Unidades de Ensino e Pesquisa precisam discutir e decidir o que é mais urgente e necessário, obedecendo às orientações gerais de afastamento e cuidados com o ambiente. Isso se aplica às atividades de ensino de Graduação, Pós-Graduação, de Pesquisa e de Extensão. A proposta preliminar prevê uma primeira etapa de retorno gradual das atividades técnico-administrativas. Não custa lembrar que certamente todos aqueles que tenham maior vulnerabilidade e risco de complicações em caso de infecção devem ser preservados e continuar em teletrabalho ou com suas atividades acadêmicas na forma remota. A orientação principal, no caso, é: tudo que puder ser mantido na forma remota, deverá continuar funcionando de forma remota.

A proposta prevê uma próxima etapa, quando laboratórios de pesquisa com amplo espaço e poucas pessoas, poderão recomeçar suas atividades, sempre mantendo os cuidados essenciais. Disciplinas com atividade prática, mantendo a distância de prevenção entre estudantes e funcionários, serão prioritárias no momento da retomada. Mas cabe a cada curso decidir que atividades e parcelas da comunidade precisam voltar mais precocemente. Um exemplo: estudantes em fase de conclusão e que precisam completar atividades laboratoriais provavelmente deverão ter prioridade. O essencial, em cada caso e cada curso e Unidade, é que as decisões sejam acompanhadas e avaliadas, a cada quinzena, para evitar a recrudescência das infecções. O projeto preliminar prevê a retomada lenta e cautelosa das atividades de graduação, seguindo os mesmos cuidados já mencionados.

Excetuando as atividades de pesquisa laboratorial, poucas são as atividades que exigiriam retomada da presença dos estudantes de pós-graduação no campus no curto prazo. A interação orientandos-orientadores e os trabalhos de pesquisa bibliográfica, em muitas áreas, são viáveis na forma remota. Naquelas em que atividades presenciais sejam imprescindíveis, deve ficar a cargo de cada Unidade estabelecer uma forma segura de prática, minimizando os riscos. Neste sentido, a Universidade também está elaborando um guia básico de segurança para auxiliar as Unidades no estabelecimento de protocolos de trabalho seguro em laboratórios. Em regime de exceção, as qualificações e defesas tem sido todas realizadas também com uso de tecnologia, a distância.

Para maior clareza do que se planeja preliminarmente para as etapas posteriores, são listadas, a seguir, as linhas de ação previstas, bem como os prazos estimados para sua implementação. Ordenadas a partir do plano mais geral, são a seguintes:

  1. PARA TODA A COMUNIDADE
    1. PLANO DE RETORNO: Uma proposta preliminar de princípios e critérios para discutir as opções e definir as prioridades nas unidades e órgãos da Universidade no retorno em etapas está sendo discutida e já foi apresentada aos diretores e entidades. Será debatida em todas as câmaras, como CCPG, CCG, Conex, CCP, CEPE, CONSU. No entanto, as datas para seu início ficam em suspenso, até haver maior clareza da evolução da pandemia nos municípios onde estamos sediados e termos as orientações epidemiológicas necessárias. Esse plano preliminar está sujeito a revisão a qualquer momento, dependendo da evolução da pandemia.
    2. PREVISÃO DE RETORNO ÀS ATIVIDADES: A decisão de prolongar a necessidade de atividades remotas exclusivas, salvo serviços essenciais, será revista ao final do mês de maio. De qualquer forma, já podemos antever que qualquer acesso ao campus será bastante reduzido e cauteloso nos próximos meses.
  2. PARA OS PROFESSORES: As dúvidas sobre disciplinas devem ser sempre discutidas anteriormente com os coordenadores correspondentes e respectivos diretores. Em caso de necessidade, ficam aqui opções de contato com as Pró-Reitorias de Graduação e Pós-Graduação: prg.corona@reitoria.unicamp.br ou prprg.corona@reitoria.unicamp.br
  3. PARA PROFESSORES, PADs e PEDs: Para contribuir com a qualificação do processo de aprendizagem e ensino, e resolver dúvidas, estamos continuamente realizando discussões, webinários, oficinas virtuais, instruções e esclarecimentos que estão depositados na página de ensino digital do (EA)2 (www.ea2.unicamp.br). Lá também é possível acompanhar ou colocar suas dúvidas e sugestões numa lista de conversa (chat).
  4. PARA OS ESTUDANTES: As dificuldades com as disciplinas e questões específicas sobre o curso devem ser discutidas, sempre, com os professores e coordenadores correspondentes, que buscarão resolver os problemas com apoio da direção e dos órgãos da universidade. Em caso de necessidade, ficam aqui opções de contato com as Pró-Reitorias de Graduação e Pós-Graduação: prg.corona@reitoria.unicamp.br ou prprg.corona@reitoria.unicamp.br
  5. PARA QUEM VIVE NA MORADIA ESTUDANTIL: As necessidades específicas da Moradia Estudantil estão sendo diariamente atendidas pelos diversos serviços de apoio, que incluem a Coordenação da Moradia/PRG, a Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DEDH), o SAE/PRG, a Diretoria Executiva de Administração (DEA) e seus serviços, incluindo a Secretaria de Vivência do Campus e a Chefia de Gabinete da Reitoria. Contatos semanais por canais de comunicação digital em atividades síncronas, tipo live, vem sendo realizadas para informar e discutir as demandas. Os e-mails: direitoshumanos@unicamp.br e moradia@unicamp.br ficam disponíveis para comunicação.
  6. PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS: A Educorp, com o apoio do DGRH e de outros órgãos, irá oferecer treinamentos para controle sanitário e higienização dos ambientes, após protocolos que ainda serão definidos pelos especialistas, na preparação ao retorno. Esses treinamentos incluirão novos procedimentos administrativos e financeiros, onde couberem, com participação da DGA e da AEPLAN.
  7. PARA PESQUISADORES E TODOS OS ENVOLVIDOS EM ATIVIDADES DE PESQUISA: Haverá discussões e protocolos específicos, que serão oportunamente divulgados. Sugestões e dúvidas podem ser encaminhadas ao e-mail prp@reitoria.unicamp.br

Parte importante do planejamento de ações futuras é a avaliação constante dos efeitos das medidas na qualidade de vida da comunidade e seu entorno. Para isso, serão importantes dois instrumentos de comunicação social.

O primeiro é obter dados confiáveis sobre a perspectiva, as expectativas e a vivência dos estudantes e colaboradores docentes e não docentes, nos campi da Universidade. Por meio de pesquisas rápidas, por vias oficiais e não oficiais, em breve serão distribuídos questionários e tabulados os dados recebidos,  que posteriormente serão discutidos por meio dos canais de comunicação mantidos entre a administração e o conjunto da universidade. Neste momento, em que tudo é muito diferente do usual, é extremamente relevante conhecer os efeitos das medidas propostas ou tomadas, bem como seu impacto no dia a dia da Universidade, analisando criticamente os resultados coletados e discutindo-os nas unidades pertinentes.

O segundo é a comunicação social institucional e para interação com a sociedade. Destacamos os trabalhos do Grupo de Crise (GT-Covid/Unicamp), que organiza as discussões sobre protocolos e rotinas para toda a universidade, e segue aprimorando seu plano de disseminação das informações, junto com a Secretaria de Comunicação (SEC) da Unicamp. Importantes ações na área de pesquisa realizados pela Força Tarefa Covid-19 estão sendo constantemente divulgadas (http://www.ftcovid19.unicamp.br/). A Universidade também conseguiu organizar rapidamente ações de voluntariado, de doações, e de envolvimento da sociedade em torno de causas relacionadas ao combate à pandemia (ver https://www.unicamp.br/unicamp/coronavirus/doacoes). Toda a comunidade acadêmica está convidada para se engajar em alguma das diversas frentes de ação.

Por fim, é necessário destacar o conjunto de medidas que visam ao fornecimento de informes à sociedade. O contato com a comunidade externa não é apenas um dever, no caso de uma instituição pública, mas é de relevância máxima neste momento, não só para mostrar o que temos feito e estamos fazendo, tanto no que diz respeito à formação dos estudantes, quanto no que se refere à nossa responsabilidade com a defesa da vida e promoção da saúde. Também devemos manter canais eficientes para agradecimento e prestação de contas à comunidade mais próxima, que nos tem dado tanto apoio e reconhecimento: pais e moradores do entorno da Unicamp e de Campinas e região, ex-alunos e tantas outras pessoas anônimas, além de entidades e instituições que têm nos ajudado, com doações e trabalhos voluntários. Para se ter uma ideia do impacto, nos últimos dois meses a universidade foi objeto de mais de dez mil notícias (a vasta maioria positiva) em veículos nacionais e internacionais. 

Finalmente, resta reafirmar que, para enfrentar os muitos desafios operacionais e financeiros, é admirável como a comunidade interna tem se mantido unida no esforço de, sem atropelos, garantir que a Unicamp seja preservada em todas as suas frentes de atuação. A comunidade ter buscado os melhores caminhos possíveis pelos quais possa continuar suas missões constitucionais: produzir conhecimento e formar cidadãos preparados para contribuir com o avanço de uma sociedade justa e democrática.

Marcelo Knobel
Reitor

Cidade Universitária Zeferino Vaz
Campinas, 19 de maio de 2020.

 

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Universidade Estadual de Campinas

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