Estudantes aprendem com youtuber a divulgar ciência nas mídias digitais

Autoria
Edição de imagem
Ao longo da disciplina, alunos aprenderam estratégias de comunicação e divulgação de vídeos no YouTube
Ao longo da disciplina, alunos aprenderam estratégias de comunicação e divulgação de vídeos no YouTube

Estratégias de divulgação científica se tornaram um tema comum nas discussões entre pesquisadores. Mas hoje em dia não basta mais apenas marcar presença nos jornais, revistas e televisão. É nas mídias digitais que as pessoas têm buscado informação, sobretudo as mais jovens, que podem encontrar conteúdos relevantes, mas também estão expostas a mentiras que alimentam o descrédito à ciência. Foi pensando nisso que o Instituto de Física Gleb Watagin (IFGW) ofereceu neste semestre a disciplina eletiva "Tópicos de Física Aplicada: Divulgalção Social nas Novas Mídias". A iniciativa foi de Leandro Tessler, professor do instituto, que convidou Átila Iamarino para ministrar as aulas como Professor Especialista Visitante em graduação. Ele foi um dos professores selecionados na modalidade pela Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp.

A escolha não poderia ser mais adequada: além de ser doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP) e um dos apresentadores do Nerdologia, um dos maiores canais de ciência do YouTube brasileiro, com 2,59 milhões de inscritos. No total, 40 alunos da universidade participaram da disciplina, a maioria do curso de Física, mas alguns também de outras áreas que trabalham com a divulgação científica. Ao longo do curso, Átila compartilhou com os estudantes sua experiência em produzir vídeos para o YouTube, ensinando como a plataforma funciona do ponto de vista de um criador de conteúdos, além de discutir com eles as principais dificuldades em se comunicar com públicos que estão fora da universidade. 

"Tem duas grandes dificuldades. A primeira mais evidente é a dificuldade de se comunicar de outra forma que não a escrita. Nossa formação inteira é para o meio escrito. A gente passa no vestibular fazendo redação, na graduação tem que entregar trabalhos escritos, na pós também são trabalhos escritos, depois uma tese. Então sempre se exercita a escrita e uma escrita formal. Mas o principal meio em que as pessoas estão consumindo notícias e também ciência é o vídeo. A segunda é com as mídias sociais, isso também é muito pouco tratado. As pessoas até consomem informação nelas, mas não sabem usar de uma forma crítica ou não sabem como elas funcionam por trás desse consumo", explica Átila. 

"Tem duas grandes dificuldades. A primeira é a dificuldade de se comunicar de outra forma que não a escrita", avalia Átila
"A primeira, mais evidente, é a dificuldade de se comunicar de outra forma que não a escrita", avalia Átila

O youtuber também ressaltou a importância de incluir os cientistas nas mídias digitais. Para ele, ainda é comum que pesquisadores se apoiem apenas nos meios de comunicação tradicionais. Mas a realidade já é bem diferente. "A TV não coloca alguém falando que as pessoas não devem se vacinar, ou que a Terra é plana. As mídias tradicionais respeitam o consenso científico em grande parte das vezes. As mídias sociais promovem esse tipo de conteúdo, e promovem acima da informação correta. É mais fácil uma notícia falsa se espalhar. Esses são os meios em que o descrédito da ciência acontece, mas os cientistas não entendem isso, não se relacionam e não buscam se comunicar nesses meios", comenta Átila, que defende a presença de cientistas em plataformas como o YouTube, para que nele o público também tenha acesso a conteúdos de qualidade. 

O encerramento da disciplina foi nesta quinta-feira (12). Para colocar em prática as habilidades e estratégias de comunicação ensinadas por Átila, os estudantes produziram também vídeos sobre temas científicos que consideram interessantes. O grupo da Agnes Simões e de Joelson Silva escolheu falar sobre mineração de asteroides, um novo assunto que vem ganhando popularidade mas mídias digitais, mas muita gente não tem conhecimento sobre o tema, ou está consumindo e compartilhando informações erradas. 


Aluno do 2º ano de Engenharia Física, Joelson acredita que saber produzir um conteúdo que seja acessível a mais pessoas pode aproximar a ciência da comunidade, criando uma ponte com quem não está dentro do universo acadêmico. "A gente está em uma sociedade em que existe muita disseminação de fake news, muita gente que acha que, por ter acesso a informação, que tem conhecimento. Mas informação não é conhecimento. Então a divulgação científica cria essa ponte, desperta interesse, traz pessoas que não teriam acesso formal à universidade acabem conhecendo mais as coisas", avalia o rapaz. 

Agnes também vê a disciplina como uma oportunidade de os alunos pensarem de que forma estão se comunicando com as pessoas. Bacharel em Química, a estudante está complementando a formação com a licenciatura na área. "Eu achei legal toda a discussão do começo da disciplina: quais são as métricas, o que influencia na visualização de um vídeo, qual o público mais atingido, como você faz para chegar nas pessoas. Essas coisas ajudaram não só na produção do vídeo, mas em como a gente também conversa com as pessoas. Acho que dentro da universidade a gente sabe que tem conhecimento, e de fato temos, mas temos dificuldade de passar esse conhecimento para as pessoas", afirma Agnes. 

Todas as aulas ministradas por Átila Iamarino estão disponíveis no YouTube. Você confere os vídeos neste link
 

Imagem de capa
Alunos do IFGW cursaram disciplina com Átila Iamarino, doutor em microbiologia e apresentador do canal Nerdologia

twitter_icofacebook_ico

Atualidades

A honraria foi aprovada por unanimidade pelo plenário da Câmara Municipal de Campinas 

As instituições são avaliadas a partir de cinco critérios: qualidade do ensino, pesquisa científica, mercado de trabalho, inovação e internacionalização

O professor de Direito Internacional  da Unicamp Luís Renato Vedovato foi o convidado do videocast Analisa, uma produção da Secretaria Executiva de Comunicação

Cultura & Sociedade

O coral leva um repertório de música popular brasileira, com as canções da parceria Toquinho e Vinícius, e o samba paulista de Adoniran Barbosa

Para o pró-reitor, Fernando Coelho, a extensão deve ser entendida como “o braço político do ensino e da pesquisa”