Zeferino Vaz e suas ideias e ideais de Universidade

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O livro Zeferino Vaz, Ideia de Universidade, organizado pela professora Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira e por Neire do Rossio Martins, foi lançado em cerimônia na tarde de segunda-feira, no EA2, com a presença de autoridades e dos filhos do fundador da Unicamp. A obra traz ao conhecimento dos leitores as ideias de Zeferino Vaz que deram sustentação ao projeto de criação da Unicamp, na década de 1960, através de discursos, artigos, relatórios e entrevistas do homenageado, selecionados de seu acervo preservado no Arquivo Central do Sistema de Arquivos (Siarq) da Universidade.

“Este livro torna mais público o pensamento de Zeferino Vaz sobre universidade. São ideias e ideais que não perderam sua atualidade depois de 50 anos, apesar das mudanças políticas, econômicas, culturais e educacionais dessa segunda década do século 21”, afirma Elisabete de Aguiar Pereira, enaltecendo a presença na mesa do professor Ataliba Teixeira de Castilho, criador do Siarq, o que em sua opinião favoreceu a guarda dos documentos que testemunham toda a vida do fundador da Unicamp, desde a graduação até a sua morte em 1981.

Foto: Perri
No lançamento: Teresa Atvars, Marli Vaz, Elisabete de Aguiar Pereira, Neire Martins, Sérgio Vaz e Eliana Amaral

“Temos apenas quatro modelos de universidade no Brasil: a USP (1934), a UDF (1935), a UnB (1962), sendo a Unicamp a quarta criada a partir de um projeto. As demais, normalmente, surgiram da junção de faculdades sob uma determinada gestão”, explica a docente da Faculdade de Educação (FE), lembrando que a ideia do livro vem da disciplina de pós-graduação Filosofia e Teoria de Currículos da Educação Superior. “Tínhamos poucos escritos sobre a Unicamp e Neire, que era mestranda, me presenteou a cópia de todos os documentos de Zeferino Vaz sobre universidade.”

Segundo Neire Martins, que é diretora do Siarq, esta série de textos do fundador da Universidade é chamada tecnicamente de edição de fontes, com escritos na íntegra como instrumentos de pesquisa. “Quando começamos a estudar os modelos de universidade no Brasil, não havia falas do próprio Zeferino Vaz, apenas escritos sobre e frases soltas, com duas teses e o livro O Mandarim, de Eustáquio Gomes. Sentimos a necessidade de uma seleção sobre o que ele próprio declarou a respeito de ensino superior em sua trajetória de doze anos na Unicamp: o que tinha em mente para a Universidade em termos de ensino, pós-graduação, pesquisa e extensão. O livro é inclusive um material didático, de sala de aula, que pode e dever receber críticas.”

Foto: Siarq
Com a esposa Joana Gandra Vaz, a dona Filhina (1953)


Dia do Professor
A professora Teresa Atvars, coordenadora geral da Unicamp, que compareceu ao evento como reitora em exercício, observou que o lançamento do livro se dava coincidentemente no Dia do Professor, 15 de outubro. “Quando falamos em Zeferino Vaz, chamamos de ‘professor’ e não de ‘magnífico’. Esse conceito deve estar na cabeça de todos nós educadores, porque é esta a essência do nosso trabalho na universidade, todos os dias, em todas as nossas ações. Este livro é absolutamente atual e deve ser de cabeceira, para reflexões, principalmente nesse momento em que tudo parece importante, menos a educação – ouvi essa palavra apenas em discursos populistas na campanha presidencial. A educação é o maior trunfo de um país, porque dela decorrem todas as outras políticas de governo, todo o desenvolvimento possível do Estado.”

Marli Vaz, filha do fundador da Unicamp, agradeceu a homenagem ao pai mostrando que o Brasil não é um país sem memória, e preferiu contar vários causos de família, enaltecendo a inteligência, a cultura e sobretudo a simplicidade do personagem do livro. “Numa conversa sobre Dante Alighieri, um professor de literatura italiana da USP citou um trecho de ‘A Divina Comédia’, em italiano. Meu pai disse que não era assim. No dia seguinte, o professor ligou envergonhado, reconhecendo que tinha toda a razão. Ele visitou 21 universidades americanas, falando inglês corrente, e nunca teve professor de inglês, nem de francês, que também era fluente. Ao mesmo tempo, poderia conversar com um pescador ou um caseiro de sítio por horas a fio.”

Foto: Siarq
Com os netos Alexandra, Luiz Felipe, Graziela, Camila e Leonora (1973)

Elisabete de Aguiar Pereira, que faz uma apresentação intitulada “Palavras introdutórias”, explica que o livro está dividido em 18 capítulos: quatro relativos a discursos em que ele explicita sua ideia de universidade e três entrevistas, um relatório e dez textos reflexivos sobre a Unicamp – sobre estrutura administrativa e física, corpo docente e discente e função social. “São claros o seu compromisso com as demandas sociais e a sua visão sobre a necessária contribuição da universidade com o desenvolvimento da ciência, visando a intrínseca relação da sociedade com o mundo científico e vice-versa.”

O livro está sendo disponibilizado pela Editora Mercado de Letras: https://www.mercado-de-letras.com.br/

 

Imagem de capa
Zeferino Vaz em aula inaugural (1971) | Foto: Siarq

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