Desenvolvimento curricular e narrativa dos professores é tema de livro lançado na FE

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Pesquisadores da Faculdade de Educação (FE) e de outras instituições estão lançando o livro Práticas Curriculares e Narrativas Docentes em diferentes contextos (Editora CRV), com um conjunto de artigos sobre o desenvolvimento de currículos escolares e a experiência narrativa dos professores em sala de aula. Organizado pelo Grupo de Estudos de Práticas Curriculares e Narrativas Docentes (GePraNa), o livro acaba trazendo o acúmulo trabalhado desde 2003 pelos pesquisadores dos Programas de Pós-Graduação em Educação da FE e o o Programa Multiunidades em Ensino de Ciências e Matemática. O grupo atua no estudo da produção de propostas curriculares, tanto na elaboração de políticas públicas gerais quanto dentro do ambiente escolar, tendo como foco os saberes e experiências dos professores.

Maria Inês Petrucci Rosa e Elisabete Rampini, organziadoras do livro
Maria Inês Petrucci Rosa e Elisabete Rampini, organizadoras do livro

Para isso, o grupo se inspira em conceitos elaborados por Ivor F. Goodson, professor da Universidade de Brighton, Reino Unido, e considerado como referência para os estudos curriculares e conhecimento dos professores. Outro referencial teórico utilizado pelo grupo para compreender as narrativas docentes são os estudos desenvolvidos pelo filósofo Walter Benjamin (1892-1940), sobre narrativa no âmbito social e cultural.

A preocupação é buscar preservar a autoria do professor sobre suas histórias. “Nós encontramos em Walter Benjamin a possibilidade de escutar as narrativas dos professores a respeito da produção de políticas curriculares, tentando perceber brechas que nos dêem conta de um contexto social mais amplo”, diz Maria Inês Petrucci Rosa, professora do Departamento de Ensino e Práticas Culturais da FE e uma das organizadoras do livro.

Práticas Curriculares e Narrativas Docentes em diferentes contextosA publicação traz contribuições de dezoito autores, entre membros da Unicamp, do próprio Ivor F. Goodson e de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Federal do ABC, Universidade Federal de Rondônia e Instituto Federal do Sul de Minas. "É uma obra aberta, mas que ao mesmo tempo traz uma identidade que é a centralidade da narrativa, como caráter político, ao pensar no professor como produtor de conhecimento, autor de sua história e produtor de políticas curriculares em diferentes contextos", explica Maria Inês Petrucci Rosa.

Práticas Curriculares e Narrativas Docentes em diferentes contextos começou a ser produzido em 2014, a partir de uma série de seminários organizados pelo grupo, baseado em resultados de pesquisas da pós-graduação. Os diferentes contextos tratados nos textos abrangem práticas com foco nos conhecimentos escolares, nos cursos de formação de professores, na educação do campo, nas histórias de vida sobre sexualidade, nas políticas de currículo, na alfabetização na educação de jovens e adultos e nos livros didáticos.

Boa parte dos membros do grupo atua na docência na educação básica em escolas públicas, e as suas vivências acabam refletindo na produção cientifica desenvolvida na Unicamp. “As experiências na escola pública trazem marcas na nossa escrita e naquilo que produzimos nos capítulos do livro. O GePraNa olha para o professor de uma forma respeitosa, como um sujeito que produz conhecimentos”, conta Elisabete Rampini, doutoranda na pós-graduação da FE e organizadora do livro. “A prática traz marcas na nossa narrativa, mas também se compondo com a parte teórica que estudamos no grupo”.

A discussão sobre práticas curriculares e narrativas dos professores vem num momento de reflexão sobre os caminhos conturbados que a educação pública acaba tomando. "Nós temos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Fundamental já aprovada e a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio em discussão no Conselho Nacional de Educação. Essa é uma política muito ampla que foi produzida de forma truncada. O documento curricular do ensino médio chega numa terceira versão, que apaga as versões anteriores, num processo no qual as equipes foram substituídas por conta do cenário político após 2014", relata Maria Inês Petrucci Rosa, que entende que a conjuntura reverberou na elaboração dessas novas politicas curriculares.

Maria Inês Petrucci Rosa e Elisabete Rampini, organziadoras do livro

Segundo Maria Inês Petrucci Rosa, os documentos que representam a BNCC na perspectiva de currículo trazem retrocessos por apresentar uma proposta bastante tecnicista para o trabalho do professor. “Por isso acreditamos que nossa obra vem na contramão a essa perspectiva delineada pela base curricular. Do outro lado, o professor que é narrado pelo livro é um elaborador de conhecimento curricular a partir da docência dentro da escola. Estamos apresentando experiências possíveis, nos contrapondo a essa perspectiva atual”.

O livro Práticas Curriculares e Narrativas Docentes em diferentes contextos pode ser adquirido no site da editoria CRV, e em breve estará disponível em livrarias físicas.

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