Edição nº 635

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 31 de agosto de 2015 a 06 de setembro de 2015 – ANO 2015 – Nº 635


Fernando de Tacca mostra
fotofilmes em festival de curtas


O professor Fernando de Tacca, do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, e seu orientado de doutorado, o pesquisador Érico Monteiro Elias, são os curadores da Mostra de Fotofilmes Brasileiros, dentro do 26ª Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo, megaevento que acontece de 19 a 30 de agosto. Fotofilmes são filmes feitos integralmente a partir de fotografias ou nos quais a linguagem fotográfica é explorada de maneira substancial. Esse tipo de “animação” encontra-se na passagem entre o cinema e a fotografia, sobrepondo aspectos dos dois suportes. 

O docente da Unicamp afirma que esta Mostra de Fotofilmes é resultado de uma pesquisa desenvolvida a partir de 2007, que permitiu levantar uma série de produções de origens e propostas estéticas extremamente variadas. “É um tema que me motivou desde que li ‘Ilusão Espetacular’ [Brasiliense, 1984], de Arlindo Machado, uma referência nos estudos fotográficos. O autor cita ‘Blow-up’, de Antonioni, aludindo-o ao filme brasileiro ‘Abeladormecida: entrada numa só-sombra’, de Marcelo Tassara: para ele, nas duas narrativas há perda do referente na fotografia, ou seja, quando a imagem explode em grãos de prata e nada mais é reconhecível; são somente imagens.” 

Segundo Fernando de Tacca, esta citação o angustiou durante anos em que não conseguiu ver o filme. “Sou muito ligado à antropologia visual e, em 1983, Tassara tinha lançado ‘Povo da Lua, Povo do Sangue’, com fotos e áudios coletados por Cláudia Andujar entre os índios ianomâmis, que pude ver nas ações da Comissão pela Criação do Parque Ianomâmi. Mas foi somente muito tempo depois que assisti ‘Abeladormecida’, ao conhecer Tassara pessoalmente. E então tive contato com as outras produções dele, incluindo a mais importante, ‘A João Guimarães Rosa’ [1968], sobre a conhecida fotógrafa Maureen Bisilliat, que foi o primeiro filme produzido na ECA [Escola de Comunicações e Artes, da USP]. Acabei resgatando toda a sua filmografia.” 

A Mostra de Fotofilmes Brasileiros será aberta efetivamente no dia 25, com uma mesa em homenagem a Marcelo Tassara, que fará uma apresentação deste filme pioneiro da ECA, com a presença também de Maureen Bisilliat. Entre os 18 filmes programados, dois foram realizados na Unicamp: “Irineu”, de Pablo Gea, produzido na disciplina de Projeto de Fotografia, e “Hotel Savoy”, de Bella Tozini, realizado em uma disciplina da Pós-Graduação em Artes Visuais, ambas ministradas por Fernando de Tacca. A programação completa está na página de Programas Especiais (https://www.kinoforum.org.br/curtas/2015/programacao-programas-especiais).

LANÇAMENTO DO LIVRO 

O professor do IA ressalta que às 18 horas do mesmo dia 25 será lançado o livro “Fotofilmes Brasileiros”, fruto da pesquisa de mestrado de Érico Elias, como uma edição especial do 26ª Festival de Curtas, publicado pela Associação Cultural Kinoforum, organizadora do evento, com apoio do Sesc. “Quando Érico Elias me procurou interessado em fazer um mestrado sobre o tema, começamos o mapeamento desta filmografia, com ênfase no material de Tassara. Ele avançou no levantamento da produção nacional e aprofundou as análises daqueles considerados como as principais referências brasileiras.” 

O professor Fernando de Tacca, do Instituto de Artes (IA): curadoriaDe acordo com Fernando de Tacca, o fotofilme é um tema pouquíssimo debatido no Brasil, havendo apenas um vídeo distribuído pela Funarte contendo quatro filmes. “A invisibilidade é total. Tanto que quando propusemos a mostra, a diretora do Festival, Zita Carvalhosa, elogiou muito a ideia justamente por conta do vazio sobre o assunto, e ainda decidiu editar o livro. Agora no doutorado, Elias vem dando sequência à pesquisa a partir de referências internacionais e acaba de ganhar uma bolsa da Fapesp para ficar um ano na França, onde também produzirá um fotofilme sobre Valério Vieira, fotógrafo de São Paulo que ficou conhecido por ‘Os 30 Valérios’, em que ele se retrata no lugar de 30 personagens presentes a um sarau.” 

FESTIVAL DE CURTAS 

O Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo tem como objetivo o intercâmbio entre a produção latino-americana e a internacional, sem caráter competitivo, exibindo filmes que contribuam para o desenvolvimento do curta quanto à linguagem, formato e forma de produção. A edição deste ano traz 60 curtas vindos de 40 países, fora da América Latina, que é representada por 26 filmes de 11 países.

Na Mostra Brasil estão representadas todas as regiões do país, com 51 filmes de 15 estados. O Panorama Paulista tem 29 filmes da capital, interior e litoral. No Cinema em Curso Petrobrás estão 20 curtas produzidos em 13 diferentes cursos de graduação em cinema e audiovisual espalhados pelo Brasil. E completam os Programas Brasileiros dez produções da última temporada das Oficinas Kinoforum. O festival tem ainda 15 programas especiais, entre os quais o de Fotofilmes Brasileiros, além de inúmeras atividades paralelas. A programação completa pode ser visualizada na página do evento: https://www.kinoforum.org.br/curtas/2015/

(Luiz Sugimoto)