Edição nº 625

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 18 de maio de 2015 a 24 de maio de 2015 – ANO 2015 – Nº 625

Exposição comemora 120
anos de nascimento de Malba Tahan


O professor Sérgio Lorenzato, um dos organizadores da exposição: “A obra de Malba Tahan é de uma atualidade dolorosa”Com tiragem mensal de um único exemplar e escrito à mão, Julio Cesar de Mello e Souza lançou seu próprio jornal quando era criança. O inusitado nome da publicação comemorava um verbo precioso para o autor mirim. O “Erre” durou 25 números. Julio Cesar cresceu e, quando de fato começou a ser lido, já não era mais nascido na cidade de Queluz (SP), mas na aldeia de Muzalit, Península Arábica, perto da cidade de Meca. Seu nome também passou a ser Malba Tahan.

Autor de O Homem que Calculava, entre mais de uma centena de livros, Malba Tahan, pseudônimo do professor Julio Cesar, criticava a maneira como a matemática era ensinada e propunha o revolucionário: a aproximação com o universo da criança, a diversão na aprendizagem e muito mais. “Ele sugere partir do visível, do manipulável, de modo que a criança possa intuir o resultado”, ensina o docente Sérgio Lorenzato, estudioso da literatura de Malba Tahan e um dos fundadores do Centro de Estudos, Memória e Pesquisa em Educação Matemática (Cempem) da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. 

Lorenzato, juntamente com os professores André Paulilo, Alexandro Henrique Paixão e Heloísa Helena Pimenta Rocha, organizou – no âmbito do Centro de Memória da Educação – a exposição “A Matemática em festa”, que reúne parte do acervo pessoal do escritor, comemorando 120 anos de seu nascimento. A mostra foi aberta no último dia 6. 

Obras expostas na mostra “A Matemática em festa”, que reuniu parte do acervo do escritorA data também foi escolhida para a comemoração do Dia Nacional da Matemática. Na exposição que está no saguão da Biblioteca Prof. Joel Martins, da FE, estão vários cadernos de conferência feitos pelo autor, além de recortes de jornal, livros, fotografias e trabalhos de alunos. A exposição traz ainda uma varinha, que Malba Tahan utilizava para dar aula em uma performance própria de um ator de teatro. 

O acervo de Malba Tahan está sob custódia do Centro de Memória da Educação da Unicamp. Nos dias 22 e 23 deste mês haverá, também em comemoração à data, o III Simpósio Nacional de Grupos Colaborativos, na Universidade Cidade de São Paulo e em julho o V Seminário da História e Investigação de/em Aulas de Matemática, na Faculdade de Educação da Unicamp.

Quando fala de Malba Tahan, o professor Sérgio Lorenzato dá exemplos dos ensinamentos do mestre. “A ordem das parcelas não altera o total, ou a ordem dos fatores não altera o produto. Experimente começar com uma situação problema!” E mostra um pedaço de papel no qual duas formigas fariam o mesmo trajeto em sentidos opostos, percorrendo a mesma distância. “A ordem com que se faz a continha não muda o resultado”, simplifica. Lorenzato foi aluno de Malba Tahan, em 1958, em um curso de didática da matemática. Foi quando decidiu que “dessa matemática” iria ser professor. E foi. A comemoração do Dia Nacional da Matemática traz uma reflexão que é a atualidade da obra de Malba Tahan. “Eu diria que uma atualidade dolorosa”, diz o docente.

(Patrícia Lauretti)