Edição nº 546

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 12 de novembro de 2012 a 25 de novembro de 2012 – ANO 2012 – Nº 546

Processos mapeiam
o presente e
projetam o futuro


 

Um instrumento indispensável a qualquer instituição que queira identificar os seus pontos positivos e negativos é a avaliação. Por meio do diagnóstico das atividades executadas, é possível promover reflexões acerca dos resultados e propor ações voltadas ao aprimoramento dos aspectos tidos como mais frágeis. A Unicamp como um todo, e a graduação em particular, tem se submetido continuamente a processos de avaliação interna e externa, com o objetivo de conhecer melhor o seu presente e preparar de forma mais qualificada o seu futuro.

No âmbito interno, foi instituído no final de 2010 o Programa de Avaliação da Graduação (PAG). Inicialmente, o PAG foi implantado de forma piloto na Faculdade de Tecnologia (FT) e na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), ambas instaladas em Limeira (SP). O instrumento foi desenvolvido a partir de um Grupo de Trabalho interdisciplinar criado em junho do ano anterior, como explica o professor José Alves de Freitas Neto, coordenador do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem [EA]2, órgão que responde atualmente pelo processo de avaliação. “Após essa primeira experiência, e a partir das considerações dos envolvidos, estendemos o processo para a Faculdade de Educação Física (FEF), também em caráter piloto, no segundo semestre de 2010. A partir do primeiro semestre de 2011, o PAG foi universalizado para toda a Unicamp”, relata.

De acordo com o docente, a Universidade sempre dispôs de vários instrumentos de avaliação, mas não havia necessariamente um diálogo entre eles. Com o advento do PAG, diz, foram estabelecidos referenciais comuns para toda a instituição. “Desse modo, os cursos podem olhar para si mesmos não para dizer qual é melhor ou pior, mas para que possam planejar o seu futuro, a partir do conhecimento das suas eventuais virtudes e deficiências”, pondera José Alves, acrescentando que a aplicação do instrumento ocorre a cada seis meses.

A participação no PAG, prossegue o coordenador do [EA]2, é voluntária, anônima  e aberta a todos os alunos e professores dos cursos e disciplinas de graduação. A adesão tem girado em torno de 20% entre os dois universos. “Nosso objetivo é ampliar esse índice para 30% entre os dois grupos, de modo a conferir ainda mais a confiabilidade estatística ao processo”, afirma o professor José Alves. Ele reforça que os dados gerados pela avaliação devem ser interpretados não somente a partir da sua representação quantitativa, mas principalmente como elementos orientadores de reflexões voltadas à qualificação do ensino e da aprendizagem.

O docente lembra, ainda, que o PAG não substitui a avaliação feita pelos cursos, que têm autonomia para promover possíveis mudanças. O programa, reforça, é um recurso a mais para subsidiar o planejamento de ações e projetos. O instrumento, conforme o professor José Alves, é constituído por um questionário que deve ser respondido online. As questões colocadas aos participantes estão relacionadas a variados temas. “Nós procuramos identificar, através das respostas fornecidas, se as condições de oferecimento dos cursos são adequadas, qual o envolvimento dos professores, se há iniciativas inovadoras, se as bibliotecas são adequadas e se os alunos trabalham, têm religião e desempenham atividade política, entre outros pontos”, elenca José Alves.

A partir das informações apuradas, informa o coordenador do [EA]2, já tem sido possível identificar alguns pontos que merecem atenção por parte da instituição. “Uma questão importante diz respeito à prova como instrumento de avaliação do conhecimento. Os alunos nem sempre têm clareza sobre os critérios adotados. Alguns professores também manifestaram a mesma dúvida. O diálogo em torno desse tema já está sendo feito por áreas, e é possível que tenhamos propostas de mudanças. Outra questão interessante gira em torno do uso de recursos tecnológicos em sala de aula. Parece claro que eles contribuem, mas ainda é preciso saber de que maneira. Isso também tem sido alvo de discussões, inclusive com a realização de workshops. Vale ressaltar, mais uma vez, que esses dados sevem para subsidiar o planejamento das atividades, que são da alçada dos cursos e das unidades de ensino e pesquisa. De forma alguma nós pretendemos direcionar eventuais iniciativas”. Os resultados das avaliações são públicos e podem ser conferidos na página do [EA]2 - https://www.ea2.unicamp.br.

Observação externa

A graduação na Unicamp não tem se submetido somente a avaliações internas. A observação externa sobre as atividades desempenhadas nesse nível de ensino também tem sido importante para orientar o planejamento das ações. Assim, em 2010 a Universidade participou voluntariamente do projeto Supporting Quality Teaching in Higher Education (Apoiando a Qualidade do Ensino na Educação Superior), concebido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O objetivo da iniciativa é contribuir para que instituições de ensino superior possam elevar a sua qualidade por meio da autoavaliação.

De acordo com a professora Gabriela Celani, assessora da Pró-Reitoria de Graduação (PRG), a Unicamp foi a única universidade sul-americana a se submeter à avaliação da OCDE. Ela conta que dois delegados da organização visitaram a instituição, para conhecer a sua realidade. Na oportunidade, eles percorreram diversas instalações, visitaram laboratórios e salas de aula e conversaram com professores, alunos e funcionários, com o intuito de identificar virtudes e falhas. “Eu cheguei a acompanhá-los ao Ciclo Básico, onde eles assistiram a uma aula de Física. Ao final, os delegados entrevistaram diversos alunos para saber a impressão deles sobre a aula”, conta a docente.

Com base no trabalho realizado, os delegados elaboraram um relatório com suas conclusões, que foi disponibilizado para toda a comunidade universitária. Na opinião de Gabriela Celani, os representantes da OCDE fizeram críticas pertinentes a alguns aspectos relacionados ao ensino de graduação oferecido pela Unicamp. Um deles diz respeito à forte carga de aula dos estudantes, notadamente os das engenharias, fato que os impede de participar de atividades sociais e culturais proporcionadas pela instituição. “Os delegados da OCDE consideram, e a Unicamp concorda com isso, que as atividades sociais e culturais são tão importantes para a formação do aluno quanto as tarefas desempenhadas em sala de aula e nos laboratórios”, afirma.

Outra recomendação feita pelos avaliadores externos é que a Unicamp lance mão de indicadores internacionais que possam aferir com maior precisão a qualidade do seu ensino. Ou seja, o objetivo é ir além de uma avaliação baseada na satisfação de alunos e docentes. “Isso já está sendo providenciado pela Universidade. O envio de professores para visitas a cursos de graduação de excelência internacional no exterior faz parte desse contexto”, diz. 

Sinaes-Enade

Também em 2010, a Unicamp aderiu a outro modelo de avaliação externa. A Universidade decidiu participar pela primeira vez do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), sistema instituído em 2004 pelo Ministério da Educação (MEC) para aferir a qualidade das instituições de ensino superior e seus cursos de graduação, incluindo o desempenho acadêmico dos estudantes. Já na sua estreia, a instituição foi apontada como a melhor universidade pública do país. De acordo com o Índice Geral de Cursos (IGC) gerado pelo processo avaliatório, a instituição obteve conceito 4,69, dentro de uma escala que varia de zero a cinco. As notas de três a cinco significam desempenho satisfatório e as de um a dois, insatisfatório. Este índice colocou a Unicamp em primeiro lugar entre as universidades já no seu primeiro ano de participação.

Para formular o ICG, o MEC leva em consideração as condições de ensino, em especial as relativas ao corpo docente, às instalações físicas, ao projeto pedagógico e às notas dos alunos no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). No primeiro ano de adesão ao Sinaes, foram avaliados os cursos da área de saúde. No segundo (2011), predominaram os cursos de engenharia, as licenciaturas e alguns cursos tecnológicos. Em 2012, a Universidade participará pelo terceiro ano consecutivo das provas. Serão analisados os cursos de Gestão de Agronegócio, Comércio Exterior, Empresas e Políticas Públicas, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), instalada em Limeira (SP) e o curso de Economia. Com isso, a Unicamp completará seu primeiro ciclo trienal de avaliação dentro do Sinaes.

Assessora da PRG, a professora Eliana Amaral assinala que a Universidade não participou inicialmente do processo avaliatório porque não tinha obrigação legal e também porque considerava que algumas questões não estavam bem resolvidas. A partir de 2009, porém, os debates em torno da eventual participação da instituição no Sianes foram retomados. Um Grupo de Trabalho (GT) foi criado para promover uma série de reflexões. O GT elaborou um relatório, que foi posteriormente discutido nas unidades de ensino e pesquisa e nos órgãos colegiados. “Ao final dos debates, prevaleceu o entendimento de que seria importante a Unicamp se submeter à avaliação, inclusive para poder contribuir de maneira mais efetiva para o aperfeiçoamento do processo”, explica a docente.

Eliana Amaral lembra que a adesão ao Sinaes gerou uma natural resistência por parte dos alunos, que entenderam que a avaliação da Universidade seria feita somente com base no desempenho deles na prova, o que não procede. “Com isso, houve um boicote por parte dos estudantes de alguns cursos, que compareceram aos locais de prova, mas não fizeram o exame”, esclarece. Tal postura gerou um debate interno muito positivo sobre a validade desse tipo de avaliação. Representantes da PRG participaram de diversos debates e mesas-redondas sobre o tema, que fizeram emergir reflexões interessantes. Conforme a assessora, a PRG considera importante que a Universidade participe do Sinaes, pois ele se configura como mais um instrumento de autoconhecimento capaz de fornecer subsídios para ações de melhoria do ensino.

Comentários

Comentário: 

Adorei a inciativa de todas as tumars da nossa amada faculdade, precisamos de mais atividades assim, pois trare1 benefedcios para nf3s alunos e para toda a comunidade.

minister@moia.gov.il