Edição nº 543

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 22 de outubro de 2012 a 28 de outubro de 2012 – ANO 2012 – Nº 543

Técnica da indústria alimentícia
pode esterilizar material hospitalar

Farmacêutico consegue, em laboratório do IB,
inativação completa de bactéria resistente

 

Um método já consagrado para inativação de micro-organismos na indústria alimentícia, a alta pressão hidrostática, pode ser utilizado como alternativa para a esterilização de materiais hospitalares contaminados com a bactéria Mycobacterium abscessus – um patógeno causador de infecções hospitalares, que é muito resistente e de difícil tratamento.  A proposta é do farmacêutico Ancelmo Rabelo de Souza, que investigou em laboratório diferentes condições de aplicação da técnica para conseguir a inativação completa da bactéria. A crescente incidência deste patógeno, bem como a sua gravidade clínica, foram as principais motivações do farmacêutico para o desenvolvimento da pesquisa de mestrado, apresentada no Instituto de Biologia (IB), com orientação do professor Carlos Francisco Sampaio Bonafé.

Souza lembra que os materiais cirúrgicos e biofarmacêuticos, quando mal esterilizados, são fontes de infecções e geram graves doenças nas pessoas expostas a eles. Ademais, existe uma dificuldade muito grande em se conseguir descontaminar certos fômites hospitalares, principalmente, com o Mycobacterium abscessos, pelo fato de resistirem ao tratamento com a maioria dos agentes desinfetantes existentes. Neste sentido, a pesquisa desenvolvida pelo farmacêutico consiste em uma importante contribuição para o melhoramento em termos de segurança dos protocolos de esterilização.

Nos métodos tradicionais de autoclavagem em que os materiais são submetidos a temperaturas médias de 121 ºC por até 30 minutos, os instrumentos podem ficar danificados, visto que nem todo material suporta temperaturas tão altas. Com isso, enumera Souza, esta é mais uma vantagem da técnica que garante a preservação do material por utilizar temperaturas mais amenas na esterilização.

Um ponto a ser destacado é a ideia de se propor um método físico que já é utilizado para os alimentos, uma vez que a alta pressão hidrostática preserva as características como o sabor, odor e outras, fundamentais para o controle de qualidade dos alimentos. “A técnica foi introduzida na indústria alimentícia na década de 1990 no Japão. Portanto é um método já consolidado, sem riscos à saúde”, afirma. Também possui um nível de segurança muito positivo por não necessitar de reagentes químicos que possam alterar a qualidade do alimento e materiais hospitalares.

Para simular a esterilização, nos ensaios foram utilizadas amostras de PVC contaminadas com elevada concentração do Mycobacterium abscessus. Souza testou a pressão de 2.500 a 3.500 atmosferas em várias temperaturas e pH para selecionar as condições que atingem os melhores resultados. “Ao nível do mar a pressão é de uma atmosfera, o que dá para se ter ideia do nível de pressão a que submetemos as bactérias”, explica.  Ele definiu o tratamento de -15ºC por 90 minutos, assim como o tratamento a 60º C por 45 minutos, como duas condições de inativação completa da bactéria, sem presença de agentes químicos. Anselmo Souza enfatiza que não se trata de redução, mas de inativação bacteriana. Essas condições foram as que apresentaram resultados interessantes para preservação de materiais.

 

Publicação

Dissertação: “Tratamento com alta pressão hidrostática combinado com diferentes condições de temperatura e pH na inativação do Mycobacterium abscessus”
Autor: Ancelmo Rabelo de Souza
Orientador: Carlos Francisco Sampaio Bonafé
Unidade: Instituto de Biologia (IB)
Financiamento: Capes

 

 

Comentários

Comentário: 

pela pesquisa....

luciana.hollanda@gmail.cm

Comentário: 

Ancelmo parabéns pela tese, sou enfermeira de CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZAÇÃO e gostaria de poder ter mais detalhes sobre a sua tese, se vc puder disponibilizar um e-mail eu entro em contato com vc obrigada Cristina

criskava@unicamp.br