Edição nº 534

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 06 de agosto de 2012 a 12 de agosto de 2012 – ANO 2012 – Nº 534

Do lodo,
roseiras em flor

Estudo comprova que alternativa
é ambientalmente segura
e economicamente viável

 Nas bancas

 

O lodo proveniente de lagoas facultativas de estação de tratamento de esgoto se mostrou um eficiente substituto ao adubo químico na plantação de roseiras. O lodo contém matéria orgânica e nutriente ricos para o solo e a sua reciclagem traz benefícios valiosos para o meio ambiente. Estudo desenvolvido na Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo (FEC) pelo tecnólogo em saneamento ambiental Jorge Luiz da Paixão Filho revela que a alternativa é ambientalmente segura e economicamente viável, pois traz vantagens para o produtor de flores, que poderia minimizar o impacto ambiental dos fertilizantes químicos. Já para as estações de tratamento, seria uma proposta de destinação correta do resíduo. Com tudo isso, a pesquisa de mestrado, orientada pelo professor Adriano Luiz Tonetti, reúne vários argumentos favoráveis à utilização do lodo de esgoto na agricultura.

É importante lembrar, na opinião de Jorge Paixão, que grande parte dos municípios brasileiros realiza o tratamento do esgoto pelo processo de lagoas e a remoção do lodo deve ser frequente para melhorar a eficiência do tratamento. “Felizmente, cada vez mais aumenta o número de estações de tratamento de esgoto. A opção por lagoas é usada desde a década de 1980 por ser a mais simples para os pequenos municípios com grandes áreas. Há alguns anos não se acreditava que o lodo acumulado pudesse reduzir a eficiência do processo. Mas, recentemente, a remoção do resíduo tem sido necessária”, destaca o tecnólogo. A questão, no entanto, consiste em como e para onde levar o lodo de esgoto. Os custos com transporte são muito elevados e a sua disposição no meio ambiente deve ser criteriosa, preferencialmente em aterros sanitários, se transformando, desta forma, em um problema ambiental sério. “Por isso, a opção de utilizá-lo nas plantações de rosas resolveria as duas questões principais”, argumenta.

A pesquisa realizada na FEC não é a primeira a demonstrar o potencial do lodo para utilização em plantações de culturas não comestíveis. Mas foi a primeira vez que o resíduo foi aplicado em um canteiro de rosas, mercado expressivo no Estado de São Paulo. Ele explica que a opção pela roseira deve-se ao fato de que este tipo de plantio necessitar de elevado volume de fertilizante químico, pois requer muitos nutrientes para se desenvolver de forma saudável. Vale destacar que o lodo possui naturalmente matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio, estes dois últimos em menores concentrações.

Os testes realizados com o lodo indicaram um crescimento adequado da planta. Nas avaliações de lixiviação de nitrato – indicador do quanto de nitrogênio na forma de nitrato é perdido para abaixo da zona de absorção das raízes da planta–, por exemplo, os testes mostraram que o tratamento com lodo alcançou a porcentagem de 5%, enquanto que a adubação mineral foi 10%. “Isto quer dizer que a adubação com lodo teve uma menor lixiviação de nitrato quando comparada com a adubação mineral e, por isso, menor probabilidade de contaminação da água subterrânea e, consequentemente, menor impacto ambiental”, esclarece.

O lodo utilizado na pesquisa foi proveniente da lagoa facultativa da cidade de Coronel Macedo, no Estado de São Paulo. Uma vez classificado como tipo A – que pode ser utilizado para outros fins por não possuir metais pesados e contaminantes –, foi realizada a sua aplicação em vasos para facilitar as análises do tamanho das folhas, da massa seca das raízes e da parte aérea. Foi avaliado, ainda, o volume das raízes.

O estudo traz ainda os cálculos para a fração de mineralização do lodo de lagoa, um parâmetro importante para o cálculo do volume do lodo a ser aplicado na agricultura, e que ainda não havia sido estudado. “Deve ser a dose correta para que não sofra com nutrientes a mais ou de menos. Estes testes foram importantes para que o produtor consiga determinar a necessidade da sua plantação”, explica. A variedade utilizada na pesquisa foi a rosa “carola”, que possui um alto grau de resistência à contaminação, além de ser a preferida do consumidor. 

 

Publicação

Dissertação: “Aplicação de lodo de lagoa facultativa em roseira”
Autor: Jorge Luiz da Paixão Filho
Orientador: Adriano Luiz Tonetti 
Unidade: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC)
Financiamento: Capes

 

 

  

Adolescentes conhecem métodos

contraceptivos, aponta dissertação

 

Pesquisa foi feita com
jovens da cidade mineira
de Poços de Caldas

 

Pesquisa de mestrado realizada com 1.193 adolescentes de Poços de Caldas, Minas Gerais, apontou que tanto garotos como as garotas estão bem informados em relação aos métodos contraceptivos, em especial no que diz respeito à pílula anticoncepcional e ao preservativo masculino, os métodos mais conhecidos por eles.  Pelo estudo, 41% dos entrevistados já haviam iniciado a prática sexual e, destes, 87% relataram ter utilizado algum método anticoncepcional durante a primeira relação sexual. Os dados são significativos, segundo a autora do trabalho, a enfermeira Angela Ferreira Silva Miranda Alves, visto que há alguns anos não era comum este tipo de comportamento. Por outro lado, a pesquisa demonstrou ainda que os adolescentes possuem mais conhecimento do que prática contraceptiva. 

“A prática desses adolescentes precisa ser mais assertiva. A grande maioria, 82,2%, não planeja a relação sexual, e 59,5% dos entrevistados saem de casa desprevenidos”, destaca a enfermeira. Em sua opinião, apesar de os adolescentes terem acesso às informações, é preciso medidas educativas que façam com que eles estejam mais atentos. Outro dado curioso, neste sentido, foi a porcentagem de 96,5% dos entrevistados buscarem informações sobre contracepção na família. “Isto quer dizer que está mudando a fonte de informação destes adolescentes. A família está dialogando mais sobre o assunto dentro de casa”, explica.

A dissertação desenvolvida por Angela Alves foi apresentada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e teve orientação da professora Maria Helena Baena de Moraes Lopes. O estudo serve de base para programas educacionais realizados nas escolas. Todos os adolescentes da pesquisa compõem o universo das sete escolas estaduais existentes em Poços de Caldas. “Acredito que o trabalho pode abrir caminhos para a parceria entre pais, educadores e profissionais da saúde, para que se amplie ainda mais o acesso à informação para este público”, destaca.

A motivação para a pesquisa surgiu do fato de Angela ser enfermeira da Rede Básica de Saúde da cidade. Durante as suas atividades, ela percebe que a gravidez na adolescência ainda é um assunto em pauta, pois testemunha frequentemente muitos casos que chegam aos postos. Sem contar, os riscos que o comportamento inadequado pode oferecer para se contrair doenças sexualmente transmissíveis. Para Angela, é fundamental que a família seja incluída neste processo e que se amplie o acesso aos serviços especializados. “Não há dúvida de que é grande o número de adolescentes que iniciam a atividade sexual precocemente”. 

 

Publicação

Dissertação: “Locus de controle, conhecimento, atitude e prática em relação à pílula anticoncepcional e ao preservativo masculino entre adolescentes de ensino médio”
Autora: Angela Ferreira Silva Miranda Alves 
Orientadora: Maria Helena Baena de Moraes Lopes
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)