Programa Fulbright concede bolsa para pesquisadores da Unicamp

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Dois pesquisadores da Unicamp, José Ricardo Teixeira Junior, do Instituto de Biologia (IB), e Geovane Augusto Gaia Vieira, do Instituto de Geociências (IG), foram selecionados para integrar em 2023 o seleto grupo de brasileiros do Programa Fulbright, um dos mais prestigiados e concorridos do mundo. Contemplados na modalidade doutorado-sanduíche, ambos ressaltam, porém, que aguardam a resolução de questões burocráticas por parte da Fundação e do governo dos Estados Unidos para seguir, já no segundo semestre do ano, para as universidades norte-americanas de Yale e UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles - campus Davis), respectivamente.

O que significa ser um “fulbrighter”

Historicamente reconhecida por sua excelência, a bolsa Fulbright tem, entre seus ex-bolsistas (conhecidos como “fulbrighters”), 60 ganhadores do prêmio Nobel, 39 chefes de Estado e 88 Prêmios Pulitzers. “Quando se é bolsista Fulbright uma vez, você se torna um fulbrighter, como eles chamam, para sempre. De acordo com o que eu pesquisei, é como entrar para um time”, fala Geovane, que espera poder ampliar sua rede de contatos com pesquisadores das mais diversas áreas. A possibilidade de trabalhar em colaboração com uma equipe de pesquisadores de ponta é, para o doutorando José Ricardo, um dos principais diferenciais do intercâmbio Fulbright.

Uma das prioridades do programa é incentivar pesquisadores engajados na transformação do mundo e da comunidade onde vivem — preocupação evidente nos dois projetos dos alunos da Unicamp agraciados neste ano. Doutorando em Genética e Biologia Molecular no IB, José Ricardo propõe, em sua pesquisa, uma abordagem iconoclasta para o tratamento do câncer infantil de maior incidência no Brasil, a leucemia linfoide aguda, a partir da observação de indícios apontados repetidamente na literatura, embora não investigados. “Meu projeto parte de uma nova hipótese, que surgiu após uma discussão com meu orientador: e se, em vez de cortar a informação que ‘vicia’ a célula do câncer em se proliferar a todo momento, aumentássemos ainda mais esse sinal, induzindo a morte celular por exaustão ou atrapalhando sua proliferação a ponto de torná-la mais suscetível a certos tratamentos?”, explica o estudante, cujo orientador é o doutor José Andrés Yunes, no Centro Infantil Boldrini.

Geovane durante trabalho de campo no Paraná; uma das prioridades do programa Fulbright é incentivar pesquisadores engajados na transformação do mundo e da comunidade onde vivem
Geovane Vieira durante trabalho de campo no Paraná; uma das prioridades do programa Fulbright é incentivar pesquisadores engajados na transformação do mundo e da comunidade onde vivem

Já o projeto de Geovane, intitulado “Reconstrução de paleo-CO2 e paleotemperatura do Devoniano da Bacia do Paraná a partir de registros fitofossilíferos”, possibilitará a investigação de um material praticamente desconhecido de pesquisadores da área, contribuindo com novos dados para os estudos relacionados às alterações climáticas. Embora a linha de pesquisa já esteja bastante desenvolvida em países do hemisfério Norte, todo o trabalho vem sendo desenvolvido, até aqui, com material coletado naquela região. “Todos os dados que eles têm, de paleoclimatologia, que é o tema central do meu projeto, são de lá. Dados de temperatura, taxas de gases de efeito estufa na atmosfera no período Devoniano, entre 360 a 400 milhões anos atrás. Acreditamos que o material que levarei, específico da nossa região, terá grande impacto na UCLA”, afirma o doutorando do IG.

Do Instituto de Geociências para a UCLA

A área que Geovane pesquisa, no Devoniano, ficava entre 30º e 60º de latitude sul, mais próxima de onde hoje está situada a Antártida. “Ao fornecer dados sobre essa faixa, conseguiremos ter materiais que vão permitir uma compreensão de como essas possíveis variações do paleoclima durante o Devoniano afetaram a diversidade, o ecossistema e a dinâmica da vida que estavam distribuídos nesta latitude”, complementa.

Orientadora de Geovane na Unicamp, Fresia Soledad Ricardi Torres Branco, professora associada do IG, ressalta o caráter inovador do projeto. “Suas amostras são das mais antigas do continente Gondwana, onde o Brasil se situava. São os vegetais mais antigos que habitaram a Terra, que passavam parte da vida fora da água. Nem todo mundo tem isso”, explica. Para a professora da Unicamp, a possibilidade de trabalhar com materiais tão raros, coletados no município de Jaguariaíva (PR), será um desafio para os pesquisadores da UCLA, encabeçados pela doutora Isabel Montañez. Pioneira no estudo dos cálculos de CO2 fóssil com base em fósseis de plantas e principal referência na área, a pesquisadora da UCLA passará a orientar o projeto de Geovane, no campus de Davis.

A professora do IG Fresia Soledad Ricardi Torres Branco e o doutorando Geovane Augusto Gaia Vieira: caráter inovador do projeto
A professora do IG Fresia Soledad Ricardi Torres Branco e o doutorando Geovane Augusto Gaia Vieira: projeto inovador 

Com a experiência adquirida durante a pesquisa no laboratório da UCLA, Fresia acredita que Geovane possa introduzir futuramente uma nova linha de pesquisa no Brasil e reforçar as já existentes. “Os aparelhos são bem modernos e calibrados. Geovane irá aprender a fazer análises do tempo profundo geológico. São poucos os laboratórios voltados para isso.”

Ineditismo brasileiro e norte-americano

Como Geovane, José Ricardo escolheu o pesquisador com quem gostaria de trabalhar em seu intercâmbio, não a universidade. “Eu já pretendia colaborar com o professor Markus Müschen, diretor do Center of Molecular and Cellular Oncology, em Yale, porque imaginávamos que ele estava desenvolvendo uma pesquisa bastante similar à nossa e, à medida em que eu conversava com ele, ficava mais claro que estávamos pensando na mesma direção. Então, o edital da Fulbright saiu no momento perfeito para mim”, lembra.

Para Yunes, a relevância da pesquisa de José Ricardo está em seguir uma linha de raciocínio pouco convencional. “Quando tivemos a ideia, pensamos na arte marcial japonesa aikido. É uma prática em que a pessoa usa a energia que o adversário está produzindo. Nessa hipótese, a célula estaria vindo com aquela hiperativação própria dela e, em vez de freá-la, você vai continuar aquele movimento de hiperativação.”, compara o orientador.

O orientador José Andrés Yunes, do Centro Infantil Boldrini e José Ricardo Teixeira Junior, do IB: pesquisa tem linha de raciocínio pouco convencional
O orientador José Andrés Yunes, do Centro Infantil Boldrini, e José Ricardo Teixeira Junior, do IB: pesquisa pouco convencional

Embora Müschen trabalhe de maneira mais abrangente com o sistema imune — especificamente com linfócitos B —, a expectativa de José Ricardo é que seu intercâmbio com o grupo encabeçado pelo pesquisador da Yale traga contribuições valiosas para sua pesquisa no Brasil. “Vou trabalhar nos EUA, entre outras coisas, com uma nova variação do sistema CRISPR, que é capaz de realizar edição de genoma de células-tronco com eficiência e rendimento muito altos”. José Ricardo pretende, ainda durante seu intercâmbio, gerar um sistema imune humano em camundongos, que passarão a ter células modificadas de maneira muito específica para poder abordar, então, esse novo paradigma.

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Doutorandos farão parte do seleto grupo de bolsistas brasileiros do Programa Fulbright, um dos mais prestigiados e concorridos do mundo

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