Antonio Nóbrega traz a cultura popular para o palco da Unicamp

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O dançarino, ator, músico e poeta pernambucano foi recepcionado pelo reitor Antonio José Meirelles e apresentará uma série de atividades na Unicamp 

“Depois que os mares dividiram os continentes, quis ver terras diferentes, eu pensei: ‘vou procurar um mundo novo, lá depois do horizonte, levo a rede balançante, pra no sol me espreguiçar’. Eu atraquei num porto muito seguro, céu azul, paz e ar puro, botei as pernas pro ar. Logo sonhei que estava no paraíso, onde nem era preciso dormir para se sonhar. (...) Mas de repente me acordei com a surpresa: uma esquadra portuguesa veio na praia atracar. Da grande nau, um branco de barba escura, vestindo uma armadura, me apontou pra me pegar. Assustado, dei um pulo lá da rede, pressenti a fome, a sede, eu pensei: ‘vão me acabar!’. Me levantei de borduna já na mão, ai, senti no coração: o Brasil vai começar!”

A letra de “Chegança”, canção de Antonio Nóbrega e Wilson Freire (do disco Madeira que cupim não rói, de 1997), narrando a vinda dos povos originários ao Brasil e o choque com a invasão portuguesa em 1500, sintetiza a apresentação do artista pernambucano realizada na terça-feira (15), na abertura da nova edição do Programa “Hilda Hilst” do Artista Residente da Unicamp. A palestra reuniu cerca de cem pessoas no Auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), respeitando todas as medidas sanitárias, na semana em que a Universidade retomou as aulas presenciais. 

Coordenado atualmente pelo Instituto de Estudos Avançados (IdEA), o Programa já recebeu cerca de 40 artistas residentes desde 1985, permitindo à comunidade acadêmica interagir com personalidades artísticas nacionais e internacionais. Entre março e setembro de 2022, marcando seus 70 anos de idade e 50 de carreira, o dançarino, ator, músico e poeta pernambucano apresentará uma série de atividades para a comunidade interna e externa à Unicamp.

“A falta de visibilidade e compreensão do mundo cultural popular tem sido para mim, desde longa data, motivo de inquietação. É uma frustração que esse hemisfério cultural tão rico de valores, significados e conteúdos, seja pouco percebido pelos brasileiros”, ponderou Nóbrega em sua palestra. Isso o levou a se aprofundar em estudos sobre a formação da cultura popular brasileira. O objetivo dos encontros, disse, é trazer parte desse conteúdo, que está se materializando no formato de um ensaio, para estimular o público. “Quem sabe isso fomente novas questões e novas atitudes.”

Na cerimônia de abertura, inaugurada com as falas do reitor da Unicamp, Antonio Meirelles, e do coordenador do IdEA, Christiano Lyra, Nóbrega se emocionou ao lembrar do papel da família em sua formação. Ele também rememorou sua passagem pela Universidade como professor, entre 1985 e 1991, quando colaborou com a fundação do Departamento de Artes Corporais no Instituto de Artes, a convite da professora Marília de Andrade, e onde lecionou danças brasileiras. Nóbrega retorna à Unicamp 37 anos após sua primeira vinda.

O Programa já recebeu cerca de 40 artistas residentes desde 1985, permitindo à comunidade acadêmica interagir com personalidades artísticas nacionais e internacionais
O Programa já recebeu cerca de 40 artistas residentes desde 1985, permitindo à comunidade acadêmica interagir com personalidades artísticas nacionais e internacionais

A aula inaugural teve como tema as “Origens, formação e desenvolvimento do mundo cultural popular brasileiro”, abordando seus troncos formadores – os povos originários brasileiros, os africanos e os portugueses. O artista, que atualmente prepara um livro intitulado Brasisbrasil, esmiuçou a gênese do povo brasileiro: as nações e etnias que enriqueceram e deram forma a seu universo cultural e os fluxos migratórios internos e externos que o constituíram.

“Antonio Nóbrega é um artista fundamental. Ele transita por todo o universo da cultura popular brasileira”, elogiou Lyra em sua apresentação, destacando a versatilidade e o amor à cultura brasileira do artista. “Quando o ouvimos ou o vemos sobre um palco, nos sentimos representados. Nóbrega, a partir de hoje a Unicamp volta a ser sua casa”, finalizou o coordenador do IdEA.

Para o reitor da Unicamp, a volta do Programa “Hilda Hilst” na retomada das atividades presenciais na Unicamp, depois do difícil momento para a vida acadêmica que foi a pandemia de Covid-19, é simbólica. “Alguém com essa identificação com a cultura popular, que pensa nossa unidade e diversidade culturais, nos traz a esperança não só para a volta das atividades na Universidade, mas também para o futuro do país” afirmou em entrevista ao Portal da Unicamp.

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Nóbrega retorna à Unicamp 37 anos após sua primeira vinda. Passagem pela Universidade como professor ocorreu entre 1985 a 1991

“Brasisbrasil – ciclo de encontros com Antonio Nóbrega” acontece entre 15 de março e 6 de setembro no Auditório da FCM, de forma presencial. As palestras estão sendo gravadas e serão colocadas à disposição do público no website do IdEA (www.idea.unicamp.br). Os interessados ainda podem se inscrever e acompanhar as quatro oficinas temáticas que serão realizadas durante a residência artística: “Poesia rimada popular brasileira” (12/4 e 26/4), “Uma linguagem brasileira de dança” (31/5 e 14/6), “Matrizes populares para um teatro brasileiro” (28/6 e 12/7) e “O imaginário musical popular brasileiro” (26/7 e 9/8).

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Antonio Nóbrega celebra 50 anos de carreira voltando à Unicamp como artista residente

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