| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 341 -23 a 29 de outubro de 2006
Leia nesta edição
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Artigo: Renato Dagnino
Cartas
40 anos: Brito Cruz
Prioridade em C&T
Agroturismo
Gripe aviária
Cognição artificial
Jazz e bossa nova
Jacob do bandolim
Crianças e diabetes
Idoso e gripe
Livros destratados
Açucar no catchup
Presuntos com Zinco
Patrimônio ferroviário
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Centro de Ensino de Linguas
Licenciatura
Cinema da boca
 

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A respeito de alunos
que destratam
os livros

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Carlos Klebis, professor: "Os livros são tratados de maneira utilitarista na escola" (Foto: Antoninho Perri)Alunos chutando livros e cadernos ou até mesmo rasgando-os ao final do ano letivo. As cenas levaram o professor Carlos Eduardo de Oliveira Klebis a investigar melhor uma questão que ainda apresenta inúmeros desafios: a relação desses leitores em formação com o livro. Klebis analisou em separado os três principais agentes do processo – a escola pública, a biblioteca e o professor – e descobriu, nas três instâncias, indícios de que o processo escolar de formação de leitores mais afasta o estudante do livro do que atrai.

Uma constatação foi que na escola, em relação ao desenvolvimento das competências de leitura, deixou-se de lado o envolvimento com o objeto em si. “Os livros são tratados de maneira utilitarista na escola, a partir de um trabalho atrelado ao entendimento e interpretação, totalmente desvinculado da subjetividade, da emoção e da experiência particular do leitor”, analisa. Na dissertação orientada pela professora Lílina Lopes Martin da Silva, Carlos Klebis ressalta a importância de se construir vínculos entre o estudante e o ato da leitura.

O professor acredita que seu trabalho sirva para alimentar uma discussão mais aberta acerca das práticas escolares de leitura. “A escola e a biblioteca têm um papel primordial na construção das relações entre leitores e livros. Não basta formarmos leitores hábeis e competentes; é preciso formar leitores que, sobretudo, tenham vontade de ler e que não vejam a leitura como uma prática enfadonha e onerosa”, observa.

Klebis acrescenta que a leitura na escola muitas vezes se dá apenas em função de um questionário ou prova, ou seja, é vista como uma obrigação, uma atividade vigiada e regularmente avaliada. É comum, segundo ele, que no planejamento escolar realizado no início do ano, os gêneros textuais, autores e obras sejam escolhidos antes de os professores conhecerem seus alunos. “É o mesmo que o médico dar um diagnóstico e receitar um medicamento antes de ver o paciente”, compara. Para o autor, antes da adoção dos livros é preciso saber o que o aluno já leu, o que gosta de ler e o que despertaria a sua curiosidade. Klebis cita o exemplo de um professor que adotou A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, quando a maioria na sala era de meninos. “É um descuido que afasta um possível leitor, pois a obra está fora de contexto”, argumenta.

A respeito das bibliotecas, o professor se deparou com muitas salas utilizadas como depósitos. “A maior parte está fechada e os professores não têm tempo para organizar o acervo. São caixas e caixas fechadas de livros nunca usados”, atesta. Outras escolas dispõem de biblioteca, mas mantêm os livros fora do alcance das crianças, que vêem aquele espaço como pouco convidativo e reservado aos eruditos.

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