| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 344 -20 a 26 de novembro de 2006
Leia nesta edição
Capa
Opinião: 10 anos de Cemarx
Renda do brasileiro
Morfologia do trabalho
Retrato dos ex-alunos
'Unicamp Ventures'
Reencontro festivo
Adubo
Convivência em sala de aula
Espaço midiático
Maturação sexual
Coração
Saúde da Região Metropolitana
Painel da semana
Teses
Livro da semana
Longevidade empresarial
Vinho
 

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A formação imaginária
no espaço midiático

A professora Carmen Zink Bolognini e o lingüista Adilson Biazotto: jornalistas levam ao leitor a interpretação que fazem do fato (Foto: Antoninho Perri)A notícia estampada em dois veículos de comunicação sobre a possibilidade de o Brasil ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ofereceu a Adilson Biazotto, mestre em Lingüística Aplicada, parâmetros para observar os mecanismos pelos quais as formações imaginárias a respeito do brasileiro são produzidas no espaço midiático. A questão da vaga no Conselho ganhou espaço na mídia em 2004, a partir do discurso de Colin Powell, ex-secretário de Estado dos EUA, em visita ao Brasil. A agência de notícias CNN e o jornal O Estado de São Paulo abordaram o fato, mas com interpretações diferentes. “A análise trouxe para o debate a importância da comunicação de massa na formação do imaginário. Partimos da premissa de que a mídia constrói esse conhecimento nas pessoas a partir das interpretações que o jornalista faz de determinado assunto”, argumenta o pesquisador.

Biazotto lembra que os jornalistas produziram suas reportagens tendo como ponto de partida o discurso de Powell, mas que a sociedade não teve acesso à íntegra do documento. Na matéria publicada pelo Estadão, o lingüista verificou que um dos efeitos de sentido produzidos é que o Brasil se constituía em sério candidato à cadeira no Conselho de Segurança. “Iniciamos as análises pelos títulos das matérias. O título do jornal enfatiza positivamente as chances de o país conseguir uma projeção nesta área. Por outro lado, a matéria veiculada pela CNN traz argumentos claros de que o país dificilmente ocuparia a vaga”, afirma. A análise também mostrou que a resposta negativa já estava no interior do discurso e o Brasil não ocupou a cadeira na ONU.

O interesse de Biazotto, na verdade, foi estabelecer um elo entre as formações imaginárias e o ensino de língua estrangeira. Ele leciona inglês há mais de 12 anos e acredita que uma das dificuldades no aprendizado está justamente nesse aspecto. A orientadora do trabalho, professora Carmen Zink Bolognini, do Instituto de Estudos da Linguagem, explica que o conceito de mundo de cada pessoa influencia muito em sala de aula. “Muitas vezes o diálogo entre professor e aluno encontra barreiras por conta das formações imaginárias que os constituem, e não propriamente na assimilação do conteúdo”.

Adilson Biazotto observa que, cada vez mais, os elaboradores de material didático selecionam recortes de jornais para uso em sala de aula. Por isso, entender que aquele conteúdo representa a interpretação que o jornalista faz do fato é essencial para o professor adequar a didática. “O efeito de sentido que a reportagem pode produzir no aluno e no professor deve ser contemplado na aula. A idéia que o brasileiro tem de si mesmo, comparada com a que o estrangeiro tem, são diferentes. E, em dada situação real de comunicação, são as formações imaginárias que regem o percurso da argumentação”, analisa.

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