 Que 
                      o setor de saneamento básico no Brasil tem uma elevada importância 
                      social e ambiental todo mundo sempre soube. O que ninguém 
                      conhecia até agora é a relevância econômica do segmento 
                      para o país. Estudo coordenado por pesquisadores do Núcleo 
                      de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit), do Instituto 
                      de Economia (IE) da Unicamp, cuidou de desvendar esse aspecto. 
                      De acordo com o trabalho, que contou com a colaboração de 
                      especialistas de outras instituições, entre as quais o Banco 
                      Mundial, a cadeia constituída pelos serviços de saneamento 
                      exerce considerável influência na economia brasileira, traduzida, 
                      por exemplo, na geração de empregos, na capacidade de agregação 
                      de valor e na sua eficiência econômica. “O aspecto auspicioso 
                      que acompanha essa constatação é que a atividade ainda tem 
                      muito espaço para crescer, visto que estamos distantes da 
                      universalização dos serviços, principalmente no que se refere 
                      ao tratamento de esgoto”, analisa o professor Fernando Sarti, 
                      um dos coordenadores da pesquisa.
Que 
                      o setor de saneamento básico no Brasil tem uma elevada importância 
                      social e ambiental todo mundo sempre soube. O que ninguém 
                      conhecia até agora é a relevância econômica do segmento 
                      para o país. Estudo coordenado por pesquisadores do Núcleo 
                      de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit), do Instituto 
                      de Economia (IE) da Unicamp, cuidou de desvendar esse aspecto. 
                      De acordo com o trabalho, que contou com a colaboração de 
                      especialistas de outras instituições, entre as quais o Banco 
                      Mundial, a cadeia constituída pelos serviços de saneamento 
                      exerce considerável influência na economia brasileira, traduzida, 
                      por exemplo, na geração de empregos, na capacidade de agregação 
                      de valor e na sua eficiência econômica. “O aspecto auspicioso 
                      que acompanha essa constatação é que a atividade ainda tem 
                      muito espaço para crescer, visto que estamos distantes da 
                      universalização dos serviços, principalmente no que se refere 
                      ao tratamento de esgoto”, analisa o professor Fernando Sarti, 
                      um dos coordenadores da pesquisa.
                    O estudo, que levou um ano para ser concluído, foi financiado 
                      pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo 
                      (Sabesp), maior empresa do gênero no país. Conforme o professor 
                      Célio Hiratuka, coordenador do Neit e um dos orientadores 
                      do trabalho, o próprio setor desconhecia a sua realidade 
                      do ponto de vista econômico. “Alguns dados levantados pela 
                      pesquisa surpreenderam as operadoras e os demais integrantes 
                      da cadeia de serviços”, conta. Em números absolutos, informa 
                      Sarti, o segmento movimenta algo como R$ 20 bilhões ao ano. 
                      Embora expressiva, a cifra não revela, por si só, a dimensão 
                      e o impacto que a área de saneamento básico causa na economia 
                      brasileira. Para mensurar devidamente esse aspecto, os pesquisadores 
                      investigaram detidamente diversos pontos.
                    O primeiro desafio foi delimitar a cadeia de saneamento. 
                      Os objetivos eram definir a importância econômica do setor, 
                      identificar os elos da cadeia de fornecimento e comparar 
                      o segmento com congêneres internacionais. Os números que 
                      emergiram dessa radiografia são expressivos. De acordo com 
                      o professor Sarti, o segmento representa 0,59% do valor 
                      agregado total da economia nacional. Em 20 países tomados 
                      para comparação, esse índice ficou, em média, em 0,26%. 
                      “Ou seja, o peso desse segmento é maior no Brasil do que 
                      em economias desenvolvidas, como Japão, Reino Unido, Bélgica, 
                      Alemanha, Itália etc”, explica o docente. Já a eficiência 
                      do setor, que representa a capacidade que ele tem de gerar 
                      valor, é de 65,3% no Brasil, contra 57,4%, na média, das 
                      nações consideradas.
                     Ainda 
                      em se tratando de eficiência econômica, assinala o professor 
                      Hiratuka, a área de saneamento tem maior capacidade de agregação 
                      de valor que a média dos demais setores que compõem a economia 
                      brasileira. Para cada unidade de consumo intermediário, 
                      o segmento agrega outras duas. “Nos demais setores, a proporção 
                      é de um para um”, afirma o coordenador do Neit. A partir 
                      da metodologia desenvolvida para a pesquisa, os cientistas 
                      tiveram como simular os impactos diretos e indiretos da 
                      produção do setor sobre a economia, tomando alguns cenários 
                      hipotéticos. Assim, se a demanda pelos serviços sofresse 
                      um aumento de apenas 1%, seriam gerados R$ 158 milhões em 
                      valor da produção, R$ 29, 7 milhões em salários, R$ 7,4 
                      milhões em contribuições sociais e R$ 6,9 milhões em impostos 
                      diretos e indiretos. Também geraria perto de 1,5 mil empregos, 
                      sendo 700 dentro e 800 fora do setor.
Ainda 
                      em se tratando de eficiência econômica, assinala o professor 
                      Hiratuka, a área de saneamento tem maior capacidade de agregação 
                      de valor que a média dos demais setores que compõem a economia 
                      brasileira. Para cada unidade de consumo intermediário, 
                      o segmento agrega outras duas. “Nos demais setores, a proporção 
                      é de um para um”, afirma o coordenador do Neit. A partir 
                      da metodologia desenvolvida para a pesquisa, os cientistas 
                      tiveram como simular os impactos diretos e indiretos da 
                      produção do setor sobre a economia, tomando alguns cenários 
                      hipotéticos. Assim, se a demanda pelos serviços sofresse 
                      um aumento de apenas 1%, seriam gerados R$ 158 milhões em 
                      valor da produção, R$ 29, 7 milhões em salários, R$ 7,4 
                      milhões em contribuições sociais e R$ 6,9 milhões em impostos 
                      diretos e indiretos. Também geraria perto de 1,5 mil empregos, 
                      sendo 700 dentro e 800 fora do setor.
                    Já se a demanda pelos serviços crescesse 10%, seria gerado 
                      R$ 1,5 bilhão em valor da produção, R$ 296 milhões em salários, 
                      R$ 73 milhões em contribuições sociais, R$ 69 milhões em 
                      impostos diretos e indiretos e algo como 14,5 mil empregos. 
                      “Esses dados referem-se apenas à produção. Se considerarmos 
                      a questão do investimento, que implica na capacidade de 
                      expansão do setor, os impactos seriam ainda maiores. Nas 
                      simulações que fizemos, apuramos que para cada R$ 1 bilhão 
                      investido no segmento, seriam gerados 42 mil empregos, R$ 
                      1,6 bilhão de valor da produção, R$ 800 milhões de valor 
                      agregado e R$ 76 milhões em impostos diretos e indiretos”, 
                      acrescenta o professor Sarti.
                    Segundo o economista, além de produzir impactos positivos 
                      na economia e ainda ter muito espaço para crescer, o setor 
                      de saneamento também se destaca por não pressionar as importações, 
                      visto que todos os insumos são encontrados no próprio país. 
                      “Se existe uma atividade que pode ser considerada estratégica 
                      para o Brasil, esta sem dúvida é a de saneamento básico. 
                      Além de ajudar a alavancar a economia e gerar emprego e 
                      riqueza, ela traz enormes ganhos ambientais e de saúde pública. 
                      Se tudo o que foi projetado pelos governos estaduais, municipais 
                      e federal for de fato investido nesse segmento no período 
                      de 2008 a 2011 [perto de R$ 48 bilhões], serão criados 2 
                      milhões de novos empregos e promovida uma ampliação significativa 
                      da qualidade de vida da população”, estima Sarti.
                    Desafios
                      Mas para que o setor de saneamento básico possa avançar 
                      tanto em termos produtivos quanto de investimentos, o Brasil 
                      precisará superar alguns entraves, apontam os pesquisadores 
                      do Neit. O primeiro deles, observa o professor Sarti, é 
                      a falta de engenharia. Ademais, há carência de profissionais 
                      qualificados no mercado para atuar nessa atividade. Outro 
                      problema refere-se à escolha dos operadores. Por ser um 
                      setor com grande potencial de rentabilidade, o saneamento 
                      básico corre o risco de atrair empreendedores que estão 
                      interessados somente em obter a remuneração do investimento 
                      em um curto espaço de tempo, o que inviabilizaria projetos 
                      de longo prazo. “Isso é extremamente preocupante, pois o 
                      setor de saneamento requer investimentos de longo prazo, 
                      para que a infraestrutura acompanhe adequadamente o crescimento 
                      da demanda. O risco que corremos é que eventuais aventureiros 
                      ingressem no setor, fiquem por pouco tempo e se retirem 
                      deixando muita coisa por fazer”, adverte.
                    Um terceiro aspecto igualmente importante, continua o professor 
                      Hiratuka, está na definição de uma política tarifária que 
                      permita o crescimento do setor, mas que não exclua as famílias 
                      de baixa renda do acesso aos serviços, dado que são as que 
                      mais sofrem com a falta de saneamento, notadamente no que 
                      se refere à coleta e tratamento de esgoto. “Certamente vamos 
                      precisar promover uma revisão tarifária, visto que as famílias 
                      com renda de até três salários mínimos não poderão pagar 
                      uma conta igual às das famílias mais abastadas. Precisaremos 
                      definir um sistema de subsídio cruzado, de forma a financiar 
                      a expansão do segmento e impulsionar o avanço rumo à universalização 
                      dos serviços. Trata-se de uma questão de justiça social”, 
                      pontua. Atualmente, perto de 30% dos domicílios brasileiros 
                      não recebem fornecimento de água. Outros 60% não contam 
                      com rede coletora de esgoto. Registre-se que no Brasil cerca 
                      de 80% das doenças e 65% das internações hospitalares estão 
                      relacionadas em alguma medida com a falta de saneamento 
                      básico.
                    Sabesp
                      A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo 
                      (Sabesp), financiadora do estudo coordenado pelos pesquisadores 
                      do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit), 
                      do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, é uma empresa 
                      de economia mista, que tem como principal acionista o governo 
                      do Estado de São Paulo. Atualmente, a Sabesp atua em 366 
                      municípios paulistas, que abrigam uma população de 26 milhões 
                      de habitantes. 
                    A Sabesp produz cerca de 100 mil litros de água por segundo. 
                      Somadas, as redes de distribuição de água e de coleta de 
                      esgoto da empresa seriam suficientes para dar duas voltas 
                      em torno da Terra. O patrimônio líquido da companhia, que 
                      emprega 17 mil trabalhadores, é de US$ 4 bilhões. De acordo 
                      com a pesquisa coordenada pelo Neit, caso a Sabesp mantenha 
                      os investimentos projetados para o período de 2008 a 2010, 
                      de cerca de R$ 5 bilhões, o impacto para a economia de São 
                      Paulo seria significativo. Isso proporcionaria uma arrecadação 
                      de impostos diretos e indiretos da ordem de R$ 683 milhões 
                      e geraria 6,5 mil empregos, para ficar em apenas dois exemplos.