Untitled Document
PORTAL UNICAMP
4
AGENDA UNICAMP
3
VERSÃO PDF
2
EDIÇÕES ANTERIORES
1
 
Untitled Document
 



PESQUISA

JU – A Unicamp responde por parcela significativa da pesquisa acadêmica no Brasil. A pesquisa na Unicamp pode ser melhorada? Em que direção?


Fernando Costa –
Vamos apoiar a pesquisa em todas as suas formas e modalidades, sem exceção. Isso inclui manter e incrementar programas específicos para manter grandes grupos produzindo, dar sustentação a grupos pequenos que apresentem projeto e potencialidade para crescimento, auxiliar projetos individuais ou de pequeno porte, disponibilizar auxílio a pesquisadores para a apresentação de trabalhos em congressos e simpósios nacionais e internacionais. São linhas de ação que requerem, dentro das possibilidades orçamentárias da Unicamp, um aumento substancial dos recursos do Faepex.

Além disso serão mantidos e ampliados os mecanismos de suporte aos pesquisadores representados, por exemplo, pela unidade de apoio ao pesquisador e pelo Espaço da Escrita. É essencial que seja facilitada com adequado suporte administrativo a busca, por parte dos pesquisadores, de linhas de financiamento de grande porte junto às agências de fomento à pesquisa. Também é necessário prover o suporte institucional para o bom andamento dos projetos de pesquisa, financiados ou não.

A Unicamp em várias áreas do conhecimento realiza pesquisas de ponta comparáveis às de qualquer grande universidade do exterior. No entanto, para muitos grupos de pesquisa é necessário o reequipamento ou a criação de novos laboratórios, sobretudo em áreas em que a necessidade de atualização tecnológica é imperiosa. Como estamos falando, de um modo geral, de equipamentos caros, torna-se necessário fazer aquilo que na maioria das universidades internacionais já é cultura estabelecida, que é a criação de instalações de uso comum (as core facilities), permitindo agregar grupos que investigam áreas comuns entre si sem deixar de respeitar suas especificidades.

Laboratório de Processos Térmicos e Engenharia Ambiental, na Faculdade de Engenharia Mecânica  (Foto: Antoninho Perri)Por outra parte, no plano das políticas de pesquisa, é imprescindível aumentar a presença de nossos pesquisadores nos conselhos e órgãos de fomento à pesquisa. Nosso programa também prevê o estímulo a participação cada vez maior de pós-doutores na pesquisa levada a efeito na Universidade. Esses pós-doutores deverão ser recrutados nas melhores universidades do Brasil e no exterior.

Gláucia Pastore – Externamente, faz-se necessário implementar mudanças no relacionamento da Unicamp com outras universidades, agências de fomento e órgãos governamentais do Brasil e do exterior, e com as indústrias que atuam em pesquisa e desenvolvimento nas áreas de atuação da universidade.

Por isto, nosso programa acentua o propósito de “estimular a participação institucional em órgãos (ministérios, sociedades e conselhos e outros) e agências de fomento (Fapesp, Capes, CNPq, Finep e outras)”, a fim de “atuar em consonância com os grandes objetivos de interesse nacional” e, ao mesmo tempo, “participar na formulação de políticas públicas relacionadas com a ciência, tecnologia, atividades culturais, artísticas e sociais”.

Reconhece-se a necessidade de explorar as oportunidades para o estabelecimento de um novo relacionamento entre a Universidade e o restante da sociedade, que podem se manifestar como fontes de recursos para atividades de pesquisa e novas alternativas de emprego para nossos formandos. Consequentemente, propõe-se incentivar as ações de captação de recursos e transferência de conhecimento.

Internamente, vemos a necessidade de mudanças nos procedimentos para a criação de novos projetos, atualmente calcados em excessiva burocracia. É também necessário: ampliar o apoio institucional de fomento às iniciativas inovadoras na pesquisa; aperfeiçoar o apoio administrativo às atividades de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico, facilitando a disponibilização de informações, a elaboração e gestão dos projetos, a fim de possibilitar uma maior agilidade e um melhor aproveitamento de oportunidades de financiamento à pesquisa; viabilizar a criação de um Centro de Convenções de grande capacidade e facilidades múltiplas para execução de atividades artísticas, culturais e científicas; criar incentivos a pesquisadores, trabalhos e eventos expoentes (trabalhos do Pibic, dissertações/teses, produções científicas e contribuições sociais) por meio de distinções e premiações; valorizar os relatórios de atividades de docentes, discriminadamente por nível, enfatizando e premiando-os pelas atividades expoentes; incentivar as atividades e adequar a Editora da Unicamp para promover maior número de livros produzidos pelos pesquisadores de excelência; intensificar a expansão, qualificação, atualização e preservação do acervo bibliográfico e dos acervos das Unidades de ensino e pesquisa; valorizar a participação voluntária de pesquisadores e professores colaboradores; e criar mecanismos de incentivo à pesquisa por meio de Programa à Pesquisa para docente em início de carreira e grupos emergentes.

JU – Em vista da quantidade de professores em condições de se aposentarem, bem como dos que se aposentaram nos últimos anos, o quadro docente da Unicamp por certo necessitará de recomposição. Qual será sua política nesse sentido?

Fernando Costa – A contratação de docentes de alta competência oriundos do Brasil ou do exterior sempre foi um diferencial importante da Unicamp. Este é um objetivo que não pode ser perdido de vista e que deve nortear as contratações em todas as áreas de atuação da Universidade. A manutenção desse corpo docente de alto nível, por meio do oferecimento das melhores condições de pesquisa e de ensino, será objeto da maior atenção por parte da administração da Universidade. Nesse sentido, duas tarefas urgentes se impõem: o estudo para reestruturação da carreira docente de modo a adequá-la às necessidades da progressão acadêmica e da qualificação contínua dos professores, que deveremos desenvolver junto ao Cruesp, e a contratação de novos docentes para repor as vagas deixadas pelas aposentadorias de modo a permitir a recomposição dos grupos de pesquisa. Além disso, a Unicamp está consciente e preparada para a implantação, com base em discussões muito produtivas realizadas no contexto do Planes, de áreas de investigação novas que demandarão a contratação de novos docentes, muito deles com grande experiência.

Gláucia Pastore – Em nosso programa declaramos explicitamente, sobre esta questão, que “urge o estabelecimento da certificação (garantindo a substituição dos professores aposentados) da carreira docente para as várias unidades de ensino e pesquisa”. Estendemos também a questão para o conjunto dos funcionários, preconizando “a atualização da certificação das carreiras de funcionários”.

Também consideramos fundamental “garantir que a reposição dos quadros docente e de funcionários seja feita por concurso público, reduzindo gradativamente as contratações precarizadas e terceirizadas”.

JU – Novas temáticas de pesquisa tendem a surgir, determinadas pelas tendências do cenário internacional e também pela demanda nacional. A pesquisa interdisciplinar parece estar cada vez mais no horizonte dessas mudanças. Qual é sua política para fazer frente a essa nova realidade?

Fernando Costa – A Unicamp conta com a experiência pioneira e inovadora de seus centros e núcleos interdisciplinares de pesquisa, que são submetidos a periódicas avaliações externas. Mas sempre é preciso dar um novo passo qualitativo e esse passo está na abordagem de novos problemas e na construção ou no incremento de programas transversais entre as unidades de ensino e pesquisa e os centros e núcleos, intra e extramuros da Unicamp. Um número crescente de áreas de pesquisa fundamentais para o progresso do conhecimento cientifico e para o Brasil terá de ser abordado dessa perspectiva multidisciplinar.

Gláucia Pastore –A pesquisa interdisciplinar é decorrência necessária da interdisciplinaridade e da complexidade dos problemas de cuja solução os cientistas são chamados a participar. Daí decorrem várias referências a este tema em nosso programa, que explicitamente propõe: incentivar a integração dos pesquisadores da Unicamp em programas de pesquisas interdisciplinares, entre unidades, entre instituições, nos âmbitos regional, nacional e internacional, estimulando o desenvolvimento de atividades de pesquisa científica e a formação de recursos humanos; ampliar programas e acordos de cooperação com inserções nacional e internacional nas áreas de graduação, pós-graduação e pesquisa; ampliar a inserção institucional de centros e núcleos interdisciplinares de pesquisa; proporcionar a participação da comunidade nas discussões sobre temas de pesquisas na fronteira do conhecimento; prover ações para desenvolver pesquisas para estudar temas estratégicos de relevância nacional de amplitude social; estimular e viabilizar atividades interdisciplinares e cooperação entre Unidades, Núcleos e Centros e instituições de excelência, nacionais e internacionais, estimulando o intercâmbio de estudantes e professores em atividades conjuntas; ampliar a ação pedagógica com base na realidade profissional e sócio-cultural; a transversalidade dos conteúdos abordados; a interdisciplinaridade no ensino-aprendizagem; a diversidade sócio-cultural e ambiental; a integração ensino-pesquisa; a mediação e a busca de consenso; a avaliação permanente e progressiva; os mecanismos de inclusão – gestão do vestibular; a melhoria da infraestrutura; as questões relativas ao meio ambiente, em particular o impacto crescente das ações humanas sobre os ambientes locais e global, são temas de importância crescente dentro das atividades acadêmicas, tendo uma natureza intrinsecamente multidisciplinar e integradora; viabilizar Centrais Analíticas ou Centros multi-usuários de pesquisa para racionalizar recursos físicos e humanos; e incentivar eventos e atividades científicas para as diferentes áreas por meio de congressos, Ciência e Arte nas Férias, revistas especializadas e outros.


JU – Em sua opinião, a interação entre ensino e pesquisa um dos pontos fortes do desempenho acadêmico da Unicamp já está suficientemente consolidada? Se não, onde é preciso ser intensificada?

Fernando Costa – A integração entre o ensino e a pesquisa tem sido uma preocupação histórica da Unicamp e certamente um dos fatores fundamentais do sucesso de nossa Universidade. Na pós-graduação, essa integração mostra-se consolidada, sendo que a maior parte da produção acadêmica tem a participação dos pós-graduandos. Merece menção também o papel cada vez mais importante que a atuação dos pós-doutorandos terá na pesquisa e em sua interação com o ensino. Entretanto, é necessário que essa integração se consolide ainda mais também nos cursos de graduação. Cabe mencionar o sucesso do programa de bolsas de iniciação científica, que ao integrar os estudantes de graduação a grupos de pesquisa não só facilita sua convivência com os pós-graduandos como também permite à Universidade identificar mais precocemente os jovens talentos. O desafio que se coloca agora é o de fortalecer esse processo, aumentando a integração entre os cursos de graduação e os programas de pós-graduação através de mecanismos institucionais.

Gláucia Pastore – Pelo simples fato de praticarmos pesquisa e ensino nesta Universidade, a interação entre ambas dimensões da vida acadêmica torna-se, em certos aspectos, natural. A experiência em pesquisa do docente inevitavelmente penetra sua atividade didática com exemplos enriquecedores, com a visão do conhecimento como um processo em construção, onde, portanto, não cabem dogmas, e assim por diante.

Na pós-graduação, em que a Unicamp é particularmente forte, ensino e pesquisa são intrinsecamente interpenetrantes e complementares.

No âmbito da graduação a interação não é tão direta, e o ensino de graduação pode se beneficiar se esta interação for dinamizada. A forma mais direta de fazê-lo é através das iniciações científicas. Como apontado em nossa resposta à questão 2, nosso programa prevê o estímulo às iniciações científicas bem como aos programas PAD, que devem incorporar as atuais Bolsas de Trabalho no sentido de tornarem-nas instrumento eficaz de aprendizado, não apenas um apoio assistencial sem articulação pedagógica.

Continua nas páginas 6 e 7

 

 

 
Untitled Document
 
Untitled Document
Jornal da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas / ASCOM - Assessoria de Comunicação e Imprensa
e-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP