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6-7

Três lançamentos e quatro livros no prelo

LUIZ SUGIMOTO

O professor Paulo Franchetti: "Havendo especialistas encarregados de selecionar títulos, a Editora deixa de adotar uma posição passiva"  (Foto: Antoninho Perri)O Cecult e a Editora da Unicamp lançam no dia 6 de março três novos títulos da coleção Várias Histórias: J.-B Debret, historiador e pintor, de Valéria Lima; Proletários de casaca, de Fabiane Popinigis; e O idioma da mestiçagem, de Larissa Viana. “O livro sobre Debret é um bom exemplo de como abordar a história social da cultura. Valéria Lima foca um autor mais conhecido por suas gravuras que ilustram os livros de história, mas vai buscar a trajetória intelectual e política de Debret e qual era sua motivação para fazer tais pinturas naquele contexto do século 19”, observa a professora Silvia Lara.

Na visão de Valéria Lima, Jean-Baptiste Debret (1768-1848), nos três volumes de Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, publicados na França entre 1834 e 1839, constrói uma versão da história brasileira. Para isso, conta com a experiência de mais de 15 anos vividos no Rio de Janeiro, um importante acervo de imagens e uma grande quantidade de informações que ele viu, criou e coletou durante a estadia no Brasil.

“Sua obra oferece uma história para a jovem nação. Este é o contexto em que foram criadas as gravuras, que geralmente são usadas nos livros como meras ilustrações da escravidão, válidas para qualquer tempo”, diz a coordenadora da Várias Histórias.

Em Proletários de casaca, Fabiane Popinigis aborda diferentes aspectos da vida dos chamados caixeiros – trabalhadores do comércio do Rio de Janeiro – desde a década de 1850 até a primeira década do século 20, examinando suas relações de trabalho e sociabilidade, condições de moradia e momentos de lazer.

A pesquisa da autora penetra nos botequins, restaurantes, armazéns e confeitarias freqüentados por esses trabalhadores, além de analisar as formas de organização política, como as primeiras associações beneficentes. “O próprio título do livro chama a atenção. É uma expressão de época que cai bem para essa categoria que é de proletários, mas com valores próprios e uma maneira particular de se vestir”, comenta Silvia Lara.

Larissa Viana, em O idioma da mestiçagem, foge dos temas prediletos da historiografia para trazer à tona as irmandades religiosas de homens pardos no Brasil colonial. Estimulando a criação de devoções próprias, essas instituições se espalharam por diferentes cidades entre os séculos 17 e 18.

É um livro que privilegia, portanto, temas como mestiçagem, identidades e hierarquias sociais, analisando a dinâmica das relações entre religião e sociedade no Brasil escravista. “Larissa conta como homens que não eram negros nem brancos e, identificando-se como ‘pardos’ (e não como ‘mulatos’), organizavam-se em irmandades com significados sociais e culturais extremamente importantes”, complementa a coordenadora.

Novos escolhidos – O Cecult já tornou público o resultado final do processo seletivo para publicação dos próximos trabalhos da coleção, assinado pelas pareceristas e professoras Ivana Stolze Lima, da Fundação Casa Rui Barbosa, e Brodwyn Fischer, da Northwestern University.

São quatro os livros no prelo: Modos de ser em modos de ver: ciência e estética em registros de africanos por viajantes europeus, de Eneida Maria Mercandante Sela; Poeta do lápis: a trajetória de Angelo Agostini no Brasil imperial, de Marcelo Balaban; Entre o Prata e o Mato Grosso: uma viagem pelo mundo do trabalho marítimo de 1910 a 1930 (Buenos Aires, Montevidéu, Assunção e Corumbá), de Vitor Wagner Neto de Oliveira; e O direito dos escravos. Lutas jurídicas e abolicionismo na província de São Paulo na segunda metade do século XIX, de Elciene Azevedo.

Projeto sólido – A coleção Várias Histórias está diretamente ligada às atividades do Cecult, criado em 1995 por um grupo de professores de história social, pertencentes ao programa de pós-graduação do IFCH. A viabilização da coleção, a partir de 1999, deu-se com verba do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Segundo a professora Silvia Lara, além do apoio recebido por parte da Editora da Unicamp, que garante a publicação de dois títulos anuais, a coleção tem recebido ajudas substanciais da Fapesp e do CNPq. “Os trabalhos, portanto, são submetidos a várias avaliações: na qualificação da tese – e a nossa pós-graduação tem nota máxima da Capes –, depois pela banca externa que escolhe os títulos da coleção, pela comissão editorial e, por fim, pelas agências de fomento”.

Serviço

Resenhas de títulos da coleção Várias Histórias e informações sobre outras publicações do Cecult estão na internet

Editora adota as coleções como estratégia e vitrine

Uma disposição incluída no regimento da Editora da Unicamp, que é aprovado pelo Conselho Universitário, permite que um conjunto de especialistas proponha a elaboração de uma coleção de livros para atender às necessidades editoriais de determinada área do conhecimento. A primeira beneficiada com a medida foi a coleção Várias Histórias – a mais antiga, que já existia como um projeto de co-edição com o Cecult –, mas várias outras já foram lançadas ou estão sendo preparadas.

“É uma boa estratégia, pois havendo especialistas encarregados de selecionar títulos, a Editora deixa de adotar uma posição passiva, apenas à espera de alguém que apresente um livro. Os integrantes da comissão editorial das coleções tornam-se nossos agentes ativos, que vão atrás dos livros”, observa o professor Paulo Franchetti, que apresentou a idéia logo ao assumir a direção da Editora.

Franchetti considera interessante a solução adotada pelo Cecult de promover um concurso, com uma banca externa de pareceristas que indica as melhores dissertações e teses para a coleção Várias Histórias – indicação invariavelmente acatada pela comissão editorial da qual a Editora faz parte. “Mas a forma de seleção varia, há coleções em que os especialistas escolhem títulos da bibliografia”.

No caso da coleção Espaços da Memória, dirigida pelo professor Marcio Seligmann, do Instituto de Estudos da Linguagem, a proposta é de traduzir e publicar obras de referência ainda não encontradas em português. A coleção visa divulgar um campo de pesquisa que circula entre a teoria literária, a história e os estudos da memória.

Dois grandes títulos abriram esta série, em 2007: A arte da memória, de Frances Yates, e A memória, a história e o esquecimento, de Paul Ricoeur. “O clássico de Yates foi lançado em 1966 e aborda a tradição, até um pouco secreta, das artes da memória. É sobre como as pessoas, antes do surgimento da escrita, armazenavam grande quantidade de informações”, explica o diretor da Editora, exibindo o belo exemplar.

Segue na mesma linha a coleção Multilingües de Filosofia Unicamp, coordenada pelo professor Fausto Castilho, que compreende duas séries. Uma delas traz textos de obras fundamentais da história da filosofia nos idiomas originais, acompanhados de traduções comentadas. Na outra estão textos complementares das obras da primeira série.

“É uma coleção que já tem dois títulos publicados e um terceiro em produção. Creio que estamos suprindo uma carência grande, já que poucos têm acesso, por exemplo, ao original das Meditações de Descartes em latim. A série oferece o texto escaneado, tal como na última edição autorizada pelo autor”, diz Franchetti.

Outra coleção dirigida por Castilho é Estudos de Filosofia Moderna e Contemporânea, também em duas séries. A primeira com textos parcial ou inteiramente produzidos nos programas de pós-graduação em filosofia. A segunda série com traduções de textos de filósofos modernos ou contemporâneos. Um título já foi publicado e outro está no prelo.

Mais para as áreas de exatas e tecnológicas, a coleção Clássicos da Inovação foi iniciada em 2005 e já soma 9 títulos publicados. Idealizada por Carlos Henrique de Brito Cruz, professor do Instituto de Física e ex-reitor da Unicamp, a série reúne clássicos sobre inovação tecnológica que não eram encontrados em português.

Em 2007 foram lançadas as coleções Gêneros e feminismos, dirigido pela professora Mariza Corrêa (IFCH) – com um primeiro e belo livro intitulado Gêneros da dádiva (outro clássico traduzido) –, e Agricultura, Instituições e Desenvolvimento Sustentável, que visa disponibilizar a produção acadêmica do Núcleo de Economia Agrícola e Ambiental (NEA), do Instituto de Economia.

Para 2008, estão previstas as coleções Crônicas de Machado de Assis (com 13 títulos, os dois primeiros em fase final de produção), Palavra da Arte (o primeiro livro, A fábrica do antigo, está quase pronto) e Meio de Cultura (voltada à divulgação científica e que tem dois títulos sendo traduzidos).

Feiras e negócios – A Editora da Unicamp participa de várias feiras no exterior – a última em Frankfurt e a próxima em Santiago do Chile –, onde as coleções, principalmente Várias Histórias, têm servido como boas vitrines. “Estamos negociando a tradução de Encruzilhadas da liberdade, de Walter Fraga, assim como fizemos junto a uma editora norte-americana com A formação do candomblé, de Luís Nicolau Pares. Ao invés de comprar do exterior, começamos a vender”, informa Paulo Franchetti.

Outra expectativa é de que títulos da coleção do Cecult interessem também ao governo, para distribuição em bibliotecas escolares. “Neste ano, vendemos duas obras para o MEC: O ponto onde estamos, do professor Paulo Miceli, e a tradução de Introdução à história da matemática. Foram 25 mil exemplares de cada. O retorno financeiro dessa venda – a maior da nossa história – permitirá não só aumentar o número dos títulos, mantendo a qualidade atual das publicações, mas ainda investir no aprimoramento técnico do quadro funcional da Editora.”

Serviço

Para conferir e adquirir os títulos da Editora da Unicamp, visite a página da internet.

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