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Livros didáticos de Ciências
são subutilizados, aponta dissertação
Material ainda é usado de forma tradicional em escolas públicas

A maioria de um grupo de professores do 6º ao 9º anos de escolas públicas das cidades de Taubaté, Pindamonhangaba, Caçapava e Tremembé, no Estado de São Paulo, ainda utiliza o livro didático de Ciências de forma convencional, ou seja, centralizando o processo de aprendizagem apenas no texto, na imagem e nos exercícios contidos nele, sem fazer uso de atividades complementares ou questionários extras. Foram entrevistados 102 professores, que responderam a um questionário específico para se saber como os profissionais usam um dos principais recursos didáticos em sala de aula.

“A literatura científica tem indicado a qualidade precária da grande maioria dos livros didáticos de Ciências no Brasil, muito embora as avaliações periódicas do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) já alcance mais de 15 anos no país. São milhões de reais gastos anualmente com a produção e doação do material sem que se tenha um retorno adequado”, critica a professora de Ciências Fernanda Malta Guimarães, autora do estudo apresentado na Faculdade de Educação, sob orientação do professor Jorge Megid Neto.

A pesquisa apontou que o livro didático de Ciências é o recurso mais usado em sala de aula, além de ser o principal material utilizado na preparação das aulas pelo professor. A minoria dos professores envolvidos na pesquisa utiliza laboratórios, vídeos, filmes e jornais para dinamizar o conteúdo a ser passado na aula. Mesmo o Guia do Livro, material que acompanha o livro didático com o objetivo de nortear o professor sobre o conteúdo a ser ministrado, é pouquíssimo utilizado pelo docente. “O resultado do diagnóstico confirma o que outros trabalhos já apontavam. No entanto, eu acreditava que o quadro pudesse ter mudado devido às várias iniciativas do PNLD para melhoria do material oferecido”, avalia Fernanda. O questionário aplicado foi elaborado especialmente para a pesquisa e validado em um teste-piloto com 10 professores.

Fernanda Guimarães pretende explorar o tema também no doutorado. Segundo ela, ainda existem algumas questões que não puderam ser respondidas no mestrado. A pesquisadora quer saber, por exemplo, se o perfil apontado na pesquisa diz respeito a determinado grupo de professores ou reflete um comportamento geral no país. Também tem interesse em entender se há relação entre a subutilização de recursos didáticos com a formação inicial do professor. “São perguntas que precisam ser respondidas para melhor compreender e, consequentemente, propor ações que melhorem a qualidade e a utilização desses materiais em sala de aula”, conclui.

 

O inglês como esperança de ascensão profissional

A maioria dos jovens carentes frequentadores de um curso de inglês oferecido por uma ONG internacional na cidade de São Paulo busca o conhecimento de outra língua como meio de mudar a condição financeira. Na opinião desses jovens, o inglês é essencial para o mercado de trabalho. “Eles não pensam em conhecer outros países ou buscar o conhecimento de outras culturas. A busca é, exclusivamente, para conseguirem melhor colocação no mercado. Não acredito que isto seja um aspecto negativo, no entanto, nos faz refletir sobre a supervalorização da língua inglesa e de sua geopolítica em nosso meio”, relata o educador Pedro Lázaro dos Santos, autor de pesquisa de mestrado apresentada no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), orientada pela professora Maria Viviane do Amaral Veras.

Segundo Pedro dos Santos, a escola, o mercado globalizado e, até mesmo, o discurso preconizado pela ONG afetam de forma marcante o pensamento dos jovens em relação à língua inglesa. “Os jovens em contato com os elementos do mundo pós-moderno têm seus reflexos em suas identidades linguísticas. Neste sentido, o meu trabalho expõe a projeção do inglês como mais uma commodity necessária ao mercado de trabalho”, defende o autor do estudo. Por outro lado, explica ele, os jovens acreditam que deveria existir uma valorização da língua e da cultura nacionais. O educador ouviu críticas, por exemplo, em relação à quantidade enorme de cartazes e placas com palavras em inglês espalhadas pela cidade. Questionavam o fato de muitas empresas exigirem o domínio da língua inglesa e o porquê de se sabê-la para recepcionar os turistas, ao invés de os turistas virem ao Brasil sabendo o português. “Eram muitas as indagações que denotavam uma resistência à imposição da língua inglesa”, explica Santos.

O ponto de partida para o estudo foi o contato de Santos com os alunos ao iniciar, em 2008, trabalho voluntário na ONG, cujo foco é oferecer cursos de formação profissional para jovens em condições menos favorecidas. Ele percebia em vários relatos informais que a procura pelo curso era algo extremamente valorizado. Daí surgiu o interesse em acompanhar um grupo desde o processo de seleção até a conclusão de dois semestres para entender o porquê do interesse e quais as expectativas desse jovem em relação ao curso.

No início do processo de seleção, a ONG avalia, além da condição socioeconômica, as aspirações do candidato a partir de um questionário. Também solicita que a pessoa faça uma dissertação sobre a sua vida cinco anos após o ingresso no curso de inglês. Todo esse material serviu para a análise. Na sequência, ele participou das aulas como observador e, ao final do período, entrevistou o grupo de jovens.

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Publicação
Dissertação:
“As representações da língua inglesa no discurso de jovens carentes: um estudo crítico”
Autor: Pedro Lázaro dos Santos
Orientadora: Maria Viviane do Amaral Veras
Unidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)
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