Pesquisa desenvolvida no Instituto de Geociências (IG) identificou a presença de fosfato e metais pesados, como ferro e manganês, acima dos limites regulamentados para água e solo em área externa à Mata Santa Genebra, na divisa com o plantio de cana-de-açúcar. O estudo realizado pela bióloga Tehra Gomes Mendonça constatou ainda, nesta mesma área, concentração excessiva de bário, cobre e vanádio no solo. No entanto, apesar dos valores excederem os limites de referência de qualidade, a bióloga afirma que as concentrações são comparáveis aos parâmetros já identificados em outros estudos.

“No início, esperávamos encontrar valores mais elevados para os elementos investigados, uma vez que a região sofre com o avanço do cultivo de cana e da urbanização desordenada no entorno. Ou seja, era de se esperar uma área bem mais degradada. Mas, ao contrário, observamos que os valores que encontramos estão dentro do esperado para solos da mesma classificação quando comparados a outros estudos realizados na região”, destaca Tehra, que apresentou dissertação de mestrado sob orientação do professor Bernardino Ribeiro de Figueiredo.

Também foi observado, na pesquisa, que a planta Typha dominguensis Pers., popularmente conhecida como taboa, encontrada em abundância nos fragmentos de mata de brejo da Mata Santa Genebra, atuou como fitoacumuladora e bioindicadora para alguns elementos. Ao realizar o trabalho de campo, a bióloga percebeu que poderia utilizar a planta como bioindicadora, uma vez que se trata de espécie nativa de áreas de brejo. “Como existem outros estudos utilizando a Typha em processos de fitorremediação, procurei averiguar o potencial da espécie para identificar metais no solo e água, possivelmente provenientes do cultivo de cana-de-açúcar”, explica. A bióloga constatou que, mesmo em baixas concentrações, a planta foi capaz de acumular, sobretudo nas raízes, elementos como o vanádio, o que indica o potencial da espécie em processos de fitorremediação para esse elemento.

As coletas foram realizadas no fragmento de floresta higrófila, popularmente conhecida como mata de brejo e também chamado de “fragmento D” pela administração local. Estão localizados ao sul da mata e caracterizam-se por apresentar o solo parcialmente ou permanentemente alagado. A área é representativa por possuir baixo relevo quando comparado ao seu entorno. Desta forma, as análises de água, solo e Typha poderiam refletir a qualidade ambiental destes fragmentos, possibilitando o acompanhamento, manutenção e administração dos impactos no ambiente. (R.C.S.)

Publicação

Dissertação: “Geoquímica de solo, água e Ttypha dominguensis Pers em um fragmento de floresta higrófila na Mata de Santa Genebra – Campinas/SP”
Autor: Tehra Gomes Mendonça
Orientador: Bernardino Ribeiro de Figueiredo
Unidade: Instituto de Geociências (IG)