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Jornal da Unicamp -- Dezembro de 1999
Página 8

Reconhecimento
Pesquisas premiadas

Raquel do Carmo Santos

Mais uma vez, a Unicamp esteve presente na premiação da 25a. versão do Prêmio Governador do Estado – Invento Brasileiro, um dos principais concursos que movimenta a comunidade científica brasileira. Das sete pesquisas que mereceram menção honrosa, duas foram desenvolvidas nos laboratórios da Universidade. Este ano, o concurso realizado pelo Serviço Estadual de Assistência aos Inventores (Sedai), órgão da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico premiou quatro trabalhos, que dividirão o prêmio de R$ 22 mil.

Os inventos da Unicamp "Desenvolvimento de um cassete para expressão de proteínas heterólogas especificamente em sementes de plantas transgênicas" e "HS-MIMS – Sistema de análise direta de compostos orgânicos voláteis (VOCs) sem extração prévia em matriz sólida" concorreram com outras 97 pesquisas das mais variadas áreas.

CONTROLE DE POLUENTES
Uma técnica recente e utilizada mundialmente para análise quantitativa e qualitativa de espectrometria de massas por introdução via membrana, chamada MIMS (Membrane Introduction Mass Spectrometry), ganhou novas proporções e, perfeitamente adaptada, está encontrando inúmeras aplicações nos laboratórios da Unicamp, inclusive no controle de poluentes e na identificação de contaminantes orgânicos. A partir de vários experimentos, a equipe liderada pelo professor Marcos Nogueira Eberlin, do Instituto de Química (IQ), está conseguindo excelentes resultados nas análises de componentes em matrizes variadas como água, solo, lodo de estações de tratamento de água, líquidos viscosos e ainda, na análise em outras matrizes como de vitamina C em suco de laranja, cafeína em café e chá, e nicotina em extratos de fumos, e de fluídos biológicos como sangue e urina.

"Estes resultados confirmam que a técnica pode ter muitas aplicações, tanto quanto às diferentes matrizes que podem ser analisadas, quanto à diversidade dos componentes identificados", afirma Eberlin. Com isso, as medições nesta área estão ganhando um novo grau de confiabilidade e seletividade, pois com as novas adaptações as interferências são acentuadamente eliminadas e os resultados obtidos são muito mais seguros. Outra vantagem está nas condições de amostragem. No sistema desenvolvido pela equipe, os testes de fluidos biológicos podem ser feitos "in situ" ou "in vivo". Este aspecto aumenta as possibilidades da aplicação da técnica em seres humanos para detectar níveis de nicotina, contaminação por produtos tóxicos ou pesticidas e ainda a dosagem de metabólitos ou substâncias diagnósticas de enfermidades.

Novas adaptações – As inovações começaram a tomar forma com o trabalho de doutorado de Maria Anita Mendes, que contou com a co-orientação da professora Regina Sparrapan. Ambas aplicaram a técnica MIMS acoplada a um sistema de membrana com trapeamento à frio para análises de poluentes em água e, conseguiram a detecção em concentração de partes por trilhão (ppt). À essa inovação, a equipe chamou de CT-MIMS. A técnica foi contemplada com o primeiro lugar no Prêmio Governador do Estado, em 1998.

No sistema tradicional, a membrana é posicionada na extremidade de uma sonda e introduzida no analisador. O que as pesquisadoras fizeram foi introduzir entre o analisador e a membrana o método de trapeamento à frio – utilizando um tubo em aço inox de formato em U – com nitrogênio líquido. Este sistema permite pré-concentrar os contaminantes, aumentando a sensibilidade da análise em até 100 vezes. Pode-se também realizar a medição simultânea de vários poluentes, além de eliminar etapas de extração apresentadas em outras técnicas alternativas. A próxima fase foi adaptar a técnica à matrizes sólidas, como por exemplo, o solo. A técnica HS-MIMS, como foi chamada, adicionou ao sistema convencional uma forma de acondicionamento de amostras sólidas e utilizou a pré-concentração em headspace (técnica usual em química analítica). "Este sistema permite a quantificação rápida e sensível de contaminantes orgânicos no solo, com benefícios ao controle ambiental", afirma Eberlin.

Atualmente a equipe trabalha na T&R-MIMS. O novo sistema permite a análise combinada de compostos voláteis e semi-voláteis (que evaporam) como, por exemplo a vitamina C, presente em sucos de laranja, comprimidos efervescentes e também outros compostos como cafeína (café, chá) e nicotina em extratos de fumo. Também estão sendo realizados estudos de custos de fabricação e valor de comercialização, além da demanda para avaliar o retorno econômico. Todas as pesquisas estão sendo financiadas pela Fapesp e CNPq.

HORMÔNIO DO CRESCIMENTO HUMANO
O trabalho desenvolvido no Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) promete ser mais uma alternativa para crianças que possuem deficiência do hormônio do crescimento. A partir de sementes de tabaco e milho, a equipe coordenada por Adilson Leite conseguiu produzir o hormônio hGH (Human Growth Hormone), responsável pelo crescimento. Para se ter uma idéia da importância da descoberta, a falta deste hormônio, observada especialmente em crianças menores de 15 anos, pode causar, além da falta de crescimento, outras doenças. Por tratar-se de um medicamento caro, somente pacientes com indicação precisa conseguem o remédio gratuitamente. Em outros casos, no entanto, são comprados em farmácias. Com isso, o tratamento de uma criança com cerca de 30 quilos, por exemplo, custaria em média R$ 1 mil por mês.

"Com o aprimoramento das experiências, deve-se conseguir um hormônio com melhor qualidade e segurança a um custo menor", declara Leite. Outra vantagem é que as proteínas comercializadas atualmente são produzidas a partir de bactérias ou cultura de células de mamíferos e, por isso não são idênticas ao hormônio original. Em geral, possuem um aminoácido a mais. No caso da produção em sementes os hormônios produzidos são idênticos ao original.

Plantas são melhores – Um outro benefício é que a extração do hGH em plantas não oferece perigo de contaminação. Sua utilização como reatores biológicos dificulta a contaminação por patógenos, pois até agora não foi identificado nenhum vírus ou bactéria de plantas que infectem o homem. No caso da produção em sementes, a vantagem é ainda maior. Em geral, trabalhos nesta área se utilizam de plantas inteiras, por isso o processamento deve ser feito rapidamente, antes da degradação dos tecidos. Já as sementes armazenam e conservam facilmente o hormônio estrangeiro.

A descoberta iniciou-se com o trabalho do professor do Instituto de Química da USP, Hanza El-Dory. Ele isolou o DNA codificador do hormônio de crescimento humano, presente na região do cérebro chamada hipófise ou pituitária. No CBMEG, os pesquisadores já trabalhavam com a regulação de expressão gênica em sementes de cereais. Eles fizeram a fusão de uma região regulatória do gene de um cereal com o gene codificador hGH, que chamaram de DNA recombinante. Esta fusão possibilitou a produção do hormônio em sementes. Utilizando-se de um vetor plamidial de agrobactéria, eles transferiram o DNA recombinante para o tabaco e milho. Atualmente, os pesquisadores estão realizando testes para a produção de outros hormônios de origem protéica.(R.C.S.)


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