Edição nº 561

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 12 de maio de 2013 a 19 de maio de 2013 – ANO 2013 – Nº 561

Método avalia desgaste de sinalização


O pesquisador da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) Fernando Augusto Baptistini Pestana validou um método visual com potencial de aplicação ao sistema viário para avaliar desgaste da sinalização urbana. Testado por usuários do sistema e técnicos, mostrou-se factível e com ganhos na predição do momento em que deve haver repintura. O estudo foi feito na cidade de Sumaré.

A metodologia consistiu em aplicar faixas de pintura de três tipos de tintas em nove pontos, escolhidos conforme as variações nas características das vias e fluxo de tráfego. Foram colhidas imagens das faixas e elaborado um banco de dados.

Essas imagens foram submetidas ao critério testado – uma adaptação do Design Manual for Roads and Bridges –, procedimento usado no Reino Unido. Foram classificadas visualmente de 0 a 5, onde 0 significava ausência total de sinalização e 5 sinalização nova. Os resultados foram comparados.

O método buscou apresentar um padrão visual que definisse o momento da repintura, trazendo uma ferramenta para balizamento, já que não há norma da ABNT que contemple parâmetros a essa definição.

A avaliação da sinalização em geral é feita visualmente, tornando-a muito subjetiva aos critérios do observador. Em outros países, há grande variação de quesitos e cada organismo de trânsito tem um método no momento da repintura.

Alguns baseiam-se na visibilidade noturna (retrorrefletividade), outros na diurna (percentual de pintura remanescente sobre o pavimento) e outros ainda em ambos. Pestana pretendia oferecer uma ferramenta aos municípios de fácil análise do estado da sinalização. As avaliações foram feitas de 2004 a 2006 e adentraram 2011. Em função dessas informações, o autor da tese propôs esse método para um caso real de controle de durabilidade da sinalização urbana em diferentes lugares da cidade, mormente os que se mostraram mais frágeis.

Orientado pelo professor da FEC Cássio Eduardo de Paiva, escolheu Sumaré por se enquadrar bem nas condições de entorno para o qual havia sido planejado o estudo e por ter atuado naquela Prefeitura até 2004, o que facilitou algumas necessidades do experimento de campo, como o procedimento de bloqueio momentâneo do trânsito.

O pesquisador viu claramente variações na durabilidade da sinalização e que elas decorreram das características físicas das vias (locais em aclive, declive, plano, tangente, curva) e do fluxo de tráfego (locais com aceleração, desaceleração, frenagem, tráfego de veículos leves ou pesados).

Notou ainda que as tintas tinham diferente durabilidade e que determinadas condições físicas contribuíram para o seu desgaste mais prematuro. “Em trechos contendo curva e aclive, a sinalização desgastou mais rapidamente do que em trechos planos e reto”, conta ele.

Investigação

De acordo com Pestana, a pesquisa foi motivada pela observação de que os municípios brasileiros, a priori os de pequeno e de médio porte, não possuíam equipe técnica especializada e nem ferramentas para realizar o correto gerenciamento da sinalização horizontal urbana.

Trata-se de uma situação indesejável no mundo todo, já que esse tipo de sinalização se presta justamente a orientar os usuários das vias (motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres) a terem comportamentos que aumentem a sua segurança pessoal e a fluidez do trânsito, ordenando o fluxo de tráfego.

Geralmente, é de se esperar que a sinalização esteja sempre em boas condições, e ela é pintada com determinadas cores para fazer uma advertência. Ocorre que a sua duração está muito sujeita à intensidade do tráfego, e a sua visibilidade pode ser prejudicada por situações como pista molhada ou muito suja.

Por isso, reflete ele, é preciso que haja reaplicação da pintura nos locais aos primeiros “sintomas” de desgaste. O ideal é que a marcação seja feita com tinta refletiva para ajudar os condutores na visualização à noite.

Pestana pondera que a manutenção preditiva é o ideal (previsão de quanto tempo a sinalização duraria sob ação do tráfego), mas isso ainda não é possível de ser previsto com o método proposto. “Mostramos um parâmetro para identificar o momento da repintura e os elementos que podem afetar a durabilidade da pintura.”

Por outro lado, o estudo sugeriu uma preocupação dos órgãos de transporte de Sumaré para obter materiais de sinalização com uma maior vida útil, apesar da carência de estudos que avaliam a durabilidade de sinalização quando submetida a vários tipos de solicitação do tráfego urbano.

Num trajeto, há uma série de obstáculos resultantes da sinalização horizontal aplicada àquele meio urbano. É o caso de uma sinalização inadequada e que gera gastos desnecessários quando se usam materiais mal-especificados.

Pestana aconselha que se busquem materiais de maior durabilidade para locais de maiores desgastes e materiais de menor custo (e de menor durabilidade) para locais de menores desgastes. “Lamentavelmente ainda falta estrutura e conhecimento técnico sobre o dimensionamento da sinalização horizontal em meio urbano.”



Publicação

Tese: “Avaliação visual do desgaste da sinalização horizontal urbana em um município de médio porte”
Autor: Fernando Augusto Baptistini Pestana
Orientador: Cássio Eduardo Lima de Paiva
Unidade: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC)