Hub de Saúde Global da Unicamp atua no combate à monkeypox

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Diante do aumento no número de casos de monkeypox no Brasil, o Hub de Saúde Global da Unicamp se mobiliza para trabalhar na prevenção da doença. Foram organizadas cinco frentes de atuação com o objetivo de combater o vírus de forma integral, desde a prevenção e tratamento de infecções, desenvolvimento de novos fármacos, terapias e imunizantes, vigilância epidemiológica e produção de conteúdos informativos. A Universidade já integra os esforços de enfrentamento à doença por meio da Rede Emílio Ribas, que envolve 93 hospitais, entre os quais o Hospital de Clínicas (HC), dedicados ao diagnóstico e atendimento de pacientes graves com a doença. 

Dados do Ministério da Saúde de 21 de agosto mostram que o país já soma 3.788 casos confirmados de monkeypox e outros 4.175 suspeitos. São Paulo concentra cerca de 66% dos casos confirmados: são 2.506 confirmações e 1.260 casos suspeitos no estado. O vírus monkeypox é do gênero orthopoxvirus e família poxviridae, da qual também pertence o vírus da varíola. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dores musculares, fraqueza, inchaço nos gânglios linfáticos e o aparecimento de lesões cutâneas. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato físico direto com pessoas que apresentam os sintomas e por objetos capazes de absorver e transportar organismos infecciosos, chamados fômites.  

"Existem alguns aspectos preocupantes na doença. Apesar de os relatos de óbitos por monkeypox serem raros, ela é uma doença altamente transmissível. Por isso, há um grupo grande de pessoas suscetíveis à doença que, se são contaminadas, precisam ficar em monitoramento domiciliar", explica Plínio Trabasso, professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e integrante do Hub de Saúde Global. Ele esclarece que pessoas vacinadas contra a varíola apresentam um grau de proteção contra a monkeypox que não é desprezível, embora não seja possível determinar com precisão. No entanto, pessoas mais jovens, que não foram vacinadas contra a varíola após sua erradicação, e idosos de idade avançada estão mais suscetíveis à infecção. 

Professor Plínio Trabasso, integrante do Hub de Saúde Global, que atuará em cinco frentes: diagnóstico, pesquisa clínica, vigilância epidemiológica, pesquisa básica e comunicação
Professor Plínio Trabasso, integrante do Hub de Saúde Global da Unicamp, que atuará em cinco frentes: diagnóstico, pesquisa clínica, vigilância epidemiológica, pesquisa básica e comunicação

Para prevenir a doença, o Hub de Saúde Global atuará em cinco frentes: diagnóstico, pesquisa clínica, vigilância epidemiológica, pesquisa básica e comunicação. A ideia é oferecer ao sistema de saúde e à sociedade mecanismos para enfrentar a doença de forma integral. "O Hub de Saúde Global analisa todos os componentes envolvidos no processo saúde-doença e o impacto que eles causam nos campos social, econômico, étnico-racial. Por isso existem várias frentes de trabalho e especialistas de várias áreas, detalha Trabasso. 

A frente de diagnóstico é dedicada a adequar a estrutura do Laboratório de Diagnóstico Molecular de Alto Desempenho (LDMAD) para a realização de testes para detecção do monkeypox. Segundo Plínio, a adequação necessária é pequena e deve ser feita por questões de segurança biológica. Os testes diagnósticos são do tipo PCR, realizado com amostras de sangue. "Dominamos toda a técnica para realizar os exames. A equipe do HUB de Saúde Global da Unicamp criou sondas diagnósticas, que funcionam como um sistema 'chave-fechadura' para identificar a sequência genética que forma o vírus. Elas serão produzidas em breve", exemplifica. Com isso, o laboratório planeja estar credenciado à Rede Emílio Ribas, o que confere mais confiabilidade aos testes realizados na Unicamp e abre possibilidade de atuação em parceria com outras instituições. Inicialmente, o trabalho será realizado com recursos próprios da universidade. 

As frentes de pesquisa clínica e básica serão destinadas a dar continuidade aos estudos que já são desenvolvidos pela universidade na área e aplicá-los ao contexto do monkeypox. Os ensaios clínicos se dedicam à análise de opções terapêuticas, novos fármacos e imunizantes no que diz respeito a sua eficácia e segurança. Já as pesquisas básicas são direcionadas a testes relacionados ao vírus monkeypox, como a suscetibilidade a medicamentos, sua capacidade de responder a fármacos e de produzir doenças em organismos. "Nos estudos clínicos, o objeto de estudo é a pessoa. Já na ciência básica, buscamos conhecimento acerca do vírus", pontua Trabasso. 

Já as frentes de vigilância epidemiológica e de comunicação terão o objetivo de identificar o cenário da doença em seus diferentes aspectos e direcionar as ações de prevenção e controle, tanto em relação a ações médicas e farmacológicas, quanto na orientação da comunidade sobre como se prevenir. "É uma análise qualitativa do quadro epidemiológico que serve de base para direcionar as ações. Isso significa investigar se a doença atinge pessoas mais jovens ou mais velhas, homens ou mulheres, se ela é mais grave em imunossuprimidos, entre outras análises”, detalha. 

A frente de diagnóstico é dedicada a adequar a estrutura do Laboratório de Diagnóstico Molecular de Alto Desempenho para a realização de testes para detecção do monkeypox
A frente de diagnóstico é dedicada a adequar a estrutura do Laboratório de Diagnóstico Molecular de Alto Desempenho para a realização de testes para detecção do monkeypox

Cuidado com a nomenclatura

Desde o advento da doença, a infecção pelo vírus monkeypox vem sendo tratada popularmente pelo termo “varíola dos macacos”. O nome se deve ao contexto de descoberta da doença, quando pesquisadores identificaram um surto da doença em primatas africano. No entanto, a comunidade científica já tem como certo que os macacos não participam da dinâmica de infecção da doença e, por isso, o termo considerado mais adequado para se referir à doença é o mesmo do vírus, monkeypox. 

"A Organização Mundial da Saúde está discutindo a mudança do nome do vírus, mas ainda não chegou a uma nomenclatura adequada. Para evitarmos problemas de preconceitos e ataques contra os macacos, que não têm absolutamente nada a ver com a transmissão da doença, damos preferência ao termo em inglês, 'monkeypox', para não causar um risco aos animais, como já ocorreu com a febre amarela, por exemplo", esclarece Plínio Trabasso, que também considera a substituição no termo algo educativo: “A mudança tira o estigma dos macacos, que não fazem parte da cadeia epidemiológica da doença”. 

De olho na saúde integral

O Hub de Saúde Global da Unicamp foi lançado em maio de 2022 durante a edição dos Fóruns Permanentes da universidade com o tema "Desafios em Saúde Global e Soluções Inovadoras". Ele teve como movimento inicial a articulação de pesquisadores de diversas áreas na Força-Tarefa Unicamp contra a Covid-19. A ideia é que o grupo possa integrar conhecimentos e utilizar a expertise e estrutura da universidade na elaboração de soluções para a saúde. 

"Por meio do hub, a universidade está empenhada nesse momento na produção de conhecimento e para retornar à sociedade o que é investido em nossas pesquisas. Esse é um grande objetivo dessa iniciativa, produzir conhecimento e ciência que possa melhorar a saúde das pessoas", destaca Trabasso.

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Dados do Ministério da Saúde de 21 de agosto mostram que o país já soma 3.788 casos confirmados de monkeypox e outros 4.175 suspeitos

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