Diários

 

"Eu fui apontando os problemas, mas sempre deixando que ele deduzisse o erro e a correção. Eu só escrevia a palavra na forma correta depois que o deixava tentar reescrevê-la. Muitas vezes ele sabia exatamente qual era o erro. Exclamei “Você sabe!” e ele respondeu que quando escreve geralmente sempre tem três opções de ortografia, quando eu falo que não está certo ele já tenta a segunda opção."

Júlia Nader

 

"Fiquei contente que ele [o aluno estrangeiro] esteja gostando das aulas. Tenho um bom relacionamento com ele. E eu percebi que nossas aulas têm sido pautadas por uma abordagem comunicativa, pois tento trazer assuntos do interesse do aluno para conversarmos, debatermos e a parte gramatical acaba sendo incidental". Fernando HP

 

" (...) Fiquei incrivelmente surpresa com a facilidade que ele demonstrou, na minha frente, de 'desenroscar períodos' e desfazer inversões sintáticas (...) Estou pensando... (1) será que é alguma habilidade dele, (2) ele despertou uma 'intuição lingüística' em relação à lingua portuguesa ou (3) isso é reflexo de um aprendizado de orientação mais estruturalista que habitua os alunos a identificar 'sujeitos' e 'predicados' e transpô-los para a ordem 'SVO' ? (...)"

 

[aula com um aluno japonês - já bastante familiarizado com a língua portuguesa- que tem como material base o Hino Nacional brasileiro, tema esse escolhido pelo próprio aluno]. Lilian C.

"Li o texto "Minha Aquisição do Português" e caiu como uma luva! As dificuldades do autor eram muito parecidas com as dele! Resolvi levar o texto para ele ler, com o intuito de motivá-lo (no sentido de que ele não é o único a acha difícil o processo) e de ajudá-lo a entender o que estava em jogo quando o assunto é o aprendizado de uma língua tão parecida e ao mesmo tempo tão diferente do espanhol, que é um impasse colocado pelo autor." Roberta Gregoli

 

"Nesse momento, percebi que poderia fazer um bom trabalho, pois havia encontrado uma aluna com verdadeira vontade de aprender. Dona Lella é uma italiana de mais ou menos uns setenta anos que quer muito aprender português. Eu acho que, em duas semanas, posso desenvolver um trabalho consistente. Ela é muito esforçada. Sendo assim, mesmo com os problemas que tive, estou satisfeito, pois um bom aluno deixa qualquer educador feliz". Leopoldo Furlan

 

"Não sei se realmente estava livre de um planejamento preexistente. De certa forma, parece que nossa cultura de ensinar/aprender já nos fez mentalizar uma maneira de planejar (com objetivos fixos como ensinar tal unidade de tal livro)" Carol Martins da Rocha

 

"Percebo que sua pronúncia ainda sofre muita interferência do espanhol, especialmente no que diz respeito ao léxico. Durante nossa conversa, diversas palavras que não eram conhecidas por ela, foram pronunciadas na sua língua nativa. Notei que quando questionada sobre seus interesses pessoais, a interferência do espanhol na fala de Carolina cresceu consideravelmente, além de estender-se do campo do vocabulário para a estrutura das sentenças. Talvez isto ocorra porque minha aluna se sente mais à vontade para conversar sobre assuntos particulares e por estar mais relaxada recorre à sua língua nativa. Este ponto em especial me preocupa porque me parece que o português não é visto por ela como uma língua que também pode ser usada em situações informais". Juliana Toledo

 

"Bom, algumas outras questões: ele alega que sua maior dificuldade é em relação à ortografia e ao vocabulário. Mas o que achei mais interessante foi ele ter dito que essas deficiências não permitem que ele tenha uma produção de texto, em português, igual à que ele tem em espanhol. Acho que eu nunca havia pensado muito nisso: que uma pessoa pode escrever muitíssimo bem em uma língua materna, mas ter uma escrita "deficiente", "amarrada", numa segunda língua. Isso me fez ter vontade de ler um texto dele em espanhol, para ter noção das habilidades textuais reais dele." Lilian Moreira Mendes

 

"Devido aos ataques do PCC neste final de semana, escolhi um texto político sobre os ataques em São Paulo e solicitei que depois da leitura ela escrevesse sobre o que havia entendido... a aluna ficou muito entusiasmada com o texto por ser atual." Rejane Gagliardi

 

"(...) o aluno tem bastante familiaridade com o português, utilizando-o cotidianamente. Portanto, as atividades desenvolvidas tiveram mais um caráter de complemento do que de ensinamento - ou, melhor dizendo, de refinamento. Mas as aulas transcorreram de maneira bastante divertida porque um lado contribuiu com o outro: foi uma troca de informações muito rica. O aluno também, na última aula, manifestou contentamento porque, segundo ele, sua percepção das "entrelinhas" da comunicação em língua portuguesa foi aumentada após esse período." Leonardo D. C. Baldi

 

"Considerando a última aula da professora Matilde e do texto de Cipriano Luckesi (1992), decidi reformular o PLANEJAMENTO das aulas. Como afirma este autor,"O ser humano age em função de construir resultados" (p. 102), portanto, todo o planejamento de aula deverá conter um objetivo, que será determinado para suprir as necessidades do aluno em relação à Língua Portuguesa. Para todas as aulas - como fiz para a primeira - serão escolhidos materiais e métodos para atingir os objetivos a médio e longo prazo, considerando a finalidade social do planejamento da aula e do próprio ensino-aprendizagem. Considerando ainda Bohn (1988), que afirma que "as atividades desenvolvidas na sala de aula são profundamente dependentes de materiais utilizados para implementar o processo de aprendizagem e educativo" (p. 293)". Alessandra de Falco

 

"Avaliar sempre a receptividade do aluno, a relevância de cada atividade, se temos sempre em mente a necessidade do aprendiz, se lhes mantemos motivados, se estamos atentos ao nosso recorte do objeto de estudo... enfim, refletir constantemente sobre a prática." Luciano Henrique Pondian Valente

 

"Porém, ao realizar o primeiro encontro presencial e realizar uma primeira leitura leitura de seu projeto de pesquisa (tese), pude observar e traçar alguns objetivos que não são em todo coerentes com as necessidades relatadas pela aluna em questão, pois apesar de queixar-se da dificuldade de utilização dos verbos, seu texto apresentou uma correta utilização dos tempos e regências verbais, com poucas correções a serem feitas. Com relação à comunicação oral, sua pronúncia é marcada pelo sotaque dos hispano-falantes, e possui dificuldades de pronúncia de alguns sons que são característicos da língua portuguesa, como por exemplo os vários sons que a letra X pode assumir, dependendo de onde está sendo utilizada, ou então a pronúncia do som Z em palavras como "casamento" ou "fazenda". Carlos Irineu

 

"É de extrema importância que ela emita hipóteses sobre o que é afinal escrever, o que é se comunicar e se expressar através de gêneros distintos. Entender que, acima das questões sintáticas e morfológicas- no texto, no discurso, nos gêneros-, existe um caminho que pode contribuir para a construção ainda imatura que ela tem de texto. Aí mora um grande desafio, que será dificílimo alcançar em tão pouco tempo, em pouquíssimas aulas". Luis Henrique M. Junqueira

 

"Mais uma vez nossa aula começou com uma longa conversa, digamos, informal. Os moradores da república onde meu aluno mora haviam assistido a um jogo de futebol entre uma equipe brasileira e outra argentina, então nossa conversa girou sobre este assunto. Ele queria saber como usar expressões do português numa conversa sobre futebol. À medida que conversávamos, eu escrevia em português frases como: 'Pra que time você torce?', 'Eu sou flamenguista' ou 'Eu torço para o flamengo.'" Herik Silveira Pires

 

"Uma das minhas principais determinações (e preocupações...) é ter certeza do que estou fazendo e onde pretendo chegar. Acho o planejamento fundamental para qualquer tipo de ação, ainda mais a pedagógica. Sem querer ser utópica, quero definir muito bem as etapas necessárias para a execução desse projeto. o trabalho que envolve outras pessoas deve ser muito bem fundamentado. Não é um projeto qualquer..." Rosemeire R. Mota Tim