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Da farda das entidades ao crachá da Unicamp

Livro reúne histórias de ex-guardinhas, patrulheiros e mensageiros
que hoje ocupam postos na Universidade

Eu conheci Cesar Lattes”. Esta frase intitula o depoimento de Edison Nucci no livro Faço parte desta história (Editora E-Color), que reúne o depoimento de 88 profissionais que ingressaram na Unicamp como patrulheiros, guardinhas ou mensageiros. Para Nucci, hoje coordenador de aplicação do exame vestibular da Unicamp em Belo Horizonte (MG), a lembrança do renomado físico ajuda a compor sua história como funcionário da Unicamp. Assim como Lattes (1924-2005), tantas outras personalidades são lembradas em depoimentos de outros entrevistados do livro, entre elas, o fundador da Unicamp, o professor Zeferino Vaz (1908-1981). A publicação, coordenada pelo Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), é uma homenagem a quase 600 funcionários que entraram na Universidade pela mesma porta que Nucci. O lançamento será dia 16 de dezembro, às 18h30, no Auditório da FCM.

A contratação de trabalhadores mirins teve início na década de 1970, por meio de instituições como o Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas e a Associação do Homem de Amanhã, a Guardinha. Anos mais tarde, a Universidade abriu processo seletivo próprio para mensageiros, mas sem romper com o “Patrulheiro” e a “Guardinha”. Para muitos que ingressaram nesta época, como o técnico em recursos humanos Antônio Donizete Nogueira e a assistente de direção Luzia Gomes Ferreira Pavani, estar na Unicamp significa mudança de vida desde que receberam a carta de encaminhamento na sede dos patrulheiros na década de 1970. “Todos queriam vir para cá, pois, para as famílias, o registro em carteira profissional era a principal questão. E a Unicamp era um dos poucos empregadores que registravam os menores”, argumenta Nogueira. Graduados, como são chamados os patrulheiros mirins que recebem divisa (cabo, sargento, entre outras), eles se orgulham de terem ingressado em uma das primeiras turmas do Círculo. “Eu não era, ainda sou a patrulheira número 2”, frisa Luzia.

Para Edison Cardoso Lins, assistente de coordenadoria do GGBS, a ascensão social é uma das conquistas dos funcionários que assumiram suas funções antes de atingir a maioridade. Um dos mentores do livro, ele mesmo relata uma caminhada diária da Vila Costa e Silva até a sede dos patrulheiros, localizada, à época, no bairro Ponte Preta. Mas hoje, ele pôde sentar-se à mesa da casa da coordenadora do círculo, Maria Angélica Barreto Pyles, que também registra seu depoimento no livro, para um almoço. “Ela parecia ser uma pessoa inatingível para nós, meninos e meninas de origem humilde. Hoje, fui convidado para ir a sua casa. É uma ascensão social em vista das condições em que nos inserimos no mundo do trabalho”, pondera Lins. Segundo o assistente, ao saber que 52% dos funcionários no 1º Encontro de Ex-Menores da Unicamp tinham nível superior, Maria Angélica manifestou satisfação e felicidade.

O assistente garante que as histórias, às vezes divertidas, outras vezes sérias, além de comprovarem esta ascensão, trazem elementos em comum que traduzem sentimentos de gratidão pela Universidade e por pessoas encontradas ao longo da permanência na instituição. “Quase todos destacam nomes de pessoas importantes em seu crescimento social no âmbito da Universidade. Eu mesmo devo muito de minha vida à Unicamp. Alguns também empregam um tom magoado, senão não seria um livro de memórias, mas as histórias foram superadas, segundo eles”, acrescenta Lins. Muitas pessoas, segundo o assistente, relatam o cuidado dos profissionais adultos da época para com os adolescentes. Nogueira lembra de uma funcionária chamada Luzia que aparava suas unhas e cortava seus cabelos. “Ela era uma mãe para mim na Unicamp”, relembra.

Um gesto de gratidão é manifestado por Luzia em uma parte marcante de sua história na Unicamp. Fim de ano, a formatura da 8ª série se aproximava. Mas Luzia pouco se empolgava em participar, pois o custo com o vestido seria mais alto do que seu pequeno salário permitia. Inconformadas com a possível ausência da patrulheira a sua festa, as funcionárias do Laboratório de Eletrônica e Dispositivos (LED) Maria Paulina Juliani, Marta Regina da Silveira Ribeiro do Val e Niura Augusta Infantis se uniram para providenciar o vestido de Luzia, arrumar os cabelos da menina e ainda bancar o serviço de táxi. “Eram assim as relações. Jamais esqueço delas. A Maria Paulina Juliani não me deixava ir direto para a escola sem antes passar em sua casa para tomar um lanche”, recorda, com alegria.

Ao contrário do que poderia sugerir o senso comum, a origem simples os levou a sonhar com dias melhores, por isso procuraram o “Patrulheiro”. Segundo Luzia, ao ver que o círculo admitiria meninas, insistiu para que a mãe a levasse à sede, na época ainda localizada no bairro Ponte Preta, para se inscrever. Carregava o sonho de mudar as condições de vida dela e da família. Condições das quais, aliás, Luzia não se envergonha em nenhum um momento. “Tenho orgulho de minha história. Eu morava numa casa de tábua. Arrumada, mas de tábua. Logo, mudamos para uma de alvenaria. Hoje, moro num sobrado na Cidade Universitária, em Campinas, que sei ter conseguido com meu esforço e dedicação aos estudos e ao trabalho. Comecei com meu salarinho de patrulheira, mas tinha uma ambição, que era progredir com meu próprio esforço. Não precisei roubar nem tirar nada de ninguém”, acrescenta Luzia.

A oportunidade de seguir carreira também está entre as manifestações dos funcionários entrevistados pela autora do livro, Simara Bittar, já que, naquela época, como lembra Luzia, a probabilidade de permanecer na Universidade era muito maior que para os menores de hoje. Isso tornava as relações até mais afetivas, tanto na opinião de Lins quanto de Donizete.

Grande parte dos entrevistados conquistou graduação, especialização, mestrado e até doutorado. No prefácio, o reitor Fernando Ferreira Costa, declara que “não há como não se emocionar com os relatos de pessoas de origem humilde que conseguiram completar o ensino superior, fizeram cursos de pós-graduação ou especialização e hoje ocupam cargos importantes em faculdades, institutos e áreas da administração da Universidade”.

Recompensa

Nucci não é único a mencionar Zeferino Vaz. Contam alguns entrevistados que depois de recompensar um deles por carregar sua mala até o Gabinete de Reitor, Zeferino passou a deparar com uma concentração cada vez maior de mensageiros em sua chegada ao prédio da Reitoria. Não se sabe precisar qual a recompensa, mas que ela foi atrativo para que muitos adolescentes se aproximassem do fundador da Unicamp não há dúvidas.
Para Jessé Targino da Silva, o livro é um reconhecimento da importância dessas pessoas para a Universidade. “Poderiam sugerir um livro de memórias das enfermeiras, dos médicos, do psicólogos, mas vieram procurar justamente nós, pessoas que chegamos aqui com uma história de humildade”, declara. O assistente atribui à exigência do Círculo e de Maria Angélica seu crescimento profissional e como cidadão. Crédito também ratificado por Donizete.

Para a ex-mensageira Elisete Silva, hoje secretária do reitor Fernando Ferreira Costa, o livro é uma demonstração clara do reconhecimento da Universidade a colaboradores que, com o passar do tempo, aproveitaram as oportunidades, se desenvolveram e caminharam juntos com a instituição. “Isso fez com eles conseguissem transmitir aos que chegassem depois toda a experiência acumulada ao longo dos tempos”, acrescenta. A trajetória entre sua chegada à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade, aos 15 anos de idade, até seu cargo atual é marcada por oportunidades e realizações. Ela declara que, a partir do momento que começou a entender a estrutura de uma Universidade com o porte da Unicamp, constatou que estava no lugar ideal para alcançar seus objetivos e realizar seus sonhos.

A demonstração de interesse em aprender atividades além das conferidas a ela fez com que seus superiores sempre apostassem em seu profissionalismo, acredita a tecnóloga em administração de pequenas e médias empresas. Na mesma faculdade, Elisete experimentou, pela primeira vez, aos 18 anos, a oportunidade de secretariar, atividade que logo a levou a acompanhar o professor Fernando Costa em sua gestão na Direção da FCM. A confiança do professor Costa, segundo Elisete, é o “maior reconhecimento e o maior presente” que pôde receber em sua história com a Unicamp. “Devo tudo o que tenho e a profissional que me tornei a esta Universidade”, declara.

Luciana Rodrigues afirma que entrou na comissão a convite do GGBS e relata que a escolha das pessoas foi por acaso, mas o reencontro com colegas da época rendeu muitas lembranças boas daquela época que marcou a vida de todos. Manifesta, também, toda sua gratidão pela Universidade que a acolheu aos 14 anos. Só lamenta não ter dado atenção a orientações tão importantes passadas na época por presumir que não fosse precisar, entre elas sobre aposentadoria. Quando a psicóloga Sheila Karoly de Oliveira, responsável pelos menores na época, deu uma palestra sobre aposentadoria, Luciana pensava: “Eu me perguntava: Do que ela está falando? Tenho 14 anos, acabo de entrar na Unicamp, nem sei se vou ficar, e ela já está preocupada com minha aposentadoria? Hoje, queria lembrar tudo o que ela falou”, brinca. A funcionária ressalta a importância do depoimento de Scheilla no livro, pois foi quem orientou a maior parte dos mensageiros que compõem a história.

Para Nogueira, o livro permite um encontro de gerações de ex-mensageiros. “Minha geração, na década de 1970, vivenciou a ditadura militar”, recorda. A história posterior à década de Nogueira, a partir da década de 1980, envolveu até a publicação do jornal The Mensa, como relembram Luciana e Silva. “Tanto que o título de um dos depoimentos é ‘Mensageiros revolucionários’”, diz Lins. E Luciana acrescenta: “até fizemos greve”.

Para Luzia, a diferença entre a geração 1970 e a atual é muito diferente, a começar pelo uniforme. A foto nostálgica em que ela e Nogueira vestem uma farda confeccionada especialmente para os graduados mostra a diferença entre o figurino das décadas de 1970, 1980, 1990 e a composição camiseta-jeans utilizada hoje. “E quem não usasse farda nós, graduados, deveríamos multar”, relembra Luzia.

Histórias como de Luzia, Nucci, Luciana, Jessé, Lins e Nogueira não foram colhidas por acaso. O livro faz parte de um projeto criado pelo GGBS, com apoio da Reitoria da Universidade, para reunir esses funcionários. O projeto envolveu a formação de uma comissão responsável por realizar o 1º Encontro de Ex-Menores da Unicamp, ocorrida em 27 de novembro de 2009, e dar encaminhamento à publicação. Lins faz questão de lembrar que foi um trabalho coletivo desde o início. Outra edição está nos planos do GGBS para que outros funcionários possam contar sua história.

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Artigos
GASI, F. ; BITTENCOURT, E.; Fernando Barros Vasconcelos. Estudo Comparativo das Propriedades de Permeabilidade ao Vapor, Transporte de Umidade e Proteção Ultravioleta em Malhas de Poliamida 6.6 e Poliéster com Elastano. Química Têxtil, v. 98, p. 36-40, 2010.
GASI, F. ; BITTENCOURT, E.. Evaluation of Textile Materials in Physical Activity. Chemical Engineering Transactions, v. 17, p. 1777-1782, 2009.

Publicação
Tese de doutorado “Comparativo das Propriedades de Permeabilidade ao Vapor, Capilaridade e Proteção Ultravioleta em Tecidos de Poliamida 6.6 e Poliéster em Tecido de Malha para Atividade Física”
Autor: Fernando Gasi
Orientador: Edison Bittencourt
Unidade: Faculdade de Engenharia Química (FEQ)
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