| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 332 - 7 a 13 de agosto de 2006
Leia nesta edição
Capa
Artigo: Diagnóstico das patentes
Cartas
40 anos em Parati
Talento
Almeida Prado
Mandarim 35
Faltam tomadas
Fraturas por estresse
Pão de forma
Vinagre brasileiro
Chuvas e relevo
Painel da semana
Teses
Livro
Destaques do portal
Kyatera
Biodisel no IQ
Musicalização do corpo
 

8b

Fisioterapeuta estuda
fraturas por estresse

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A fisioterapeuta Maria de Castro Loffredo da FEM: "Atletas de elite representam 10% das vítimas de fratura por fadiga óssea" (Foto: Antoninho Perri)O jogador francês Djibril Cissé viu naufragar seu sonho de participar da última Copa do Mundo, na Alemanha, depois de uma fratura na tíbia causada pela fadiga óssea. Sem nenhum trauma aparente, ele teve um dos ossos da perna afetado e precisou se afastar das atividades esportivas. “Esse tipo de ocorrência tem se tornado cada vez mais comum entre pessoas jovens e saudáveis que fazem treinamentos físicos rigorosos, como os chamados atletas de elite, que representam cerca de 10% das vítimas de lesões”, destaca a fisioterapeuta Maria de Castro Monteiro Loffredo, que decidiu investigar as possíveis causas das fraturas por estresse. Ela realizou ensaios mecânicos em ossos bovinos a fim de avaliar sua resistência mecânica e tenacidade à fratura, e listou uma série de medidas que podem auxiliar tanto em pesquisas sobre biomateriais como para possibilidades de prevenção nesta área.

Ensaios com ossos bovinos oferecem dados de resistência e tenacidade

Maria Loffredo explica que as causas deste tipo de fratura ainda não são conhecidas, assim como não há um fator de risco a ser apontado. O que se sabe é que o treinamento intensivo pode gerar micro-trincas na cortical óssea. A propagação dessas micro-trincas pode evoluir com a continuidade de tensões aplicadas no membro, causando sua fratura sem que ocorra qualquer incidente violento. A pesquisa mostrou, em resumo, que em períodos de treinamentos agudos é recomendável um espaço de tempo com menor intensidade de exercícios. Na prática de atividades físicas por 11 semanas, por exemplo, diminuir o grau de força empenhada ao atingir seis semanas pode diminuir a possibilidade de evitar a fratura por fadiga, segundo constatou a fisioterapeuta, o que também está de acordo com a literatura que ela pesquisou.

“O osso humano possui uma maneira peculiar de constituição de suas propriedades mecânicas. Quanto mais realizamos atividades físicas, mais forte o osso fica forte”, lembra Maria Loffredo. Nesse sentido, as micro-trincas não constituiriam necessariamente em problema, pois o osso possui um processo natural de remodelamento, depositando novo tecido ósseo nesses pontos. A questão é que em certos casos existe um aumento excessivo de carga e, dependendo da característica física da pessoa, pode acontecer o rompimento. Por isso, os ensaios realizados foram significativos.

Durante a pesquisa, realizada em três laboratórios da FEM, foi possível identificar as propriedades mecânicas do osso cortical em condições que se aproximam das tensões geradas nas atividades físicas. Usou-se o osso bovino porque suas características são próximas à do osso humano. Os ensaios implicaram na flexão em três pontos para verificar o módulo de ruptura e o módulo de elasticidade do osso. “O ensaio de tenacidade à fratura também foi conduzido por meio do ensaio de flexão em três pontos em ossos bovinos, com um entalhe pré-usinado”, explica.

Implantes – No Brasil, os trabalhos realizados nesta área ainda são incipientes. A dissertação de mestrado intitulada “Resistência mecânica e tenacidade à fratura do osso cortical bovino”, apresentada na Faculdade de Engenharia Mecânica e orientada pelo professor Itamar Ferreira, representa apenas os primeiros passos. Com recursos do CNPq, Maria Loffredo iniciou os trabalhos em agosto de 2004 e conclui que ainda há muito a ser pesquisado sobre o tecido ósseo. Ela sugere o aproveitamento de seus dados na confecção de implantes ortopédicos – uma fábrica poderia montar próteses com propriedades semelhantes ao osso, capazes de receber e redistribuir tensões ao longo dos membros afetados, garantindo ainda a mesma eficiência dos movimentos.

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