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Extensão 48 aborda eficácia em exames de fezes

Diagnóstico validado em escolas desde 2010 deve chegar à sociedade no segundo semestre

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A satisfação de se fartar sozinho de uma guloseima pode não passar de impressão. Seres invisíveis podem compartilhar um dos momentos mais prazerosos do dia. E não é somente nos alimentos que estão presentes; infelizmente, gostam de brincar, caminhar descalços e até ir ao banheiro junto. Eles são chamados de parasitos: como a ameba. Todo cuidado é pouco e é preciso estar atento. E esta atenção pode partir da ciência desenvolvida na universidade pública, por meio de pesquisas de diagnóstico por exames de fezes, orientações e encaminhamento para tratamento. Um projeto do Instituto de Computação (IC) e da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp promove tudo isso enquanto avança nas descobertas do Diagnóstico Automatizado de Parasitos Intestinais (Dapi), sistema que deverá chegar ainda neste ano em  laboratórios das redes pública e privada de saúde.

O Dapi é o único sistema integrado em diagnóstico parasitológico no mundo capaz de entregar resultados por imagens, segundo Alexandre Xavier Falcão, professor do IC e coordenador do projeto ao lado de Jancarlo Ferreira Gomes, professor da FCM. Ele explica que, além de tecnicamente viável, o sistema é economicamente acessível, justamente para ser adotado por hospitais públicos. A pesquisa é realizada no Laboratory of Image Data Science (Lids), criado no IC para investigar como o ser humano e a máquina podem interagir, ou, com mais clareza, para pesquisar “como ensinar a máquina a ajudar o ser humano nas tarefas que envolvem análise de imagens”, conforme o professor.

Foto:  Divulgação
A pesquisadora Bianca Martins dos Santos: “Quando levo o estudo a campo, promovo a interação entre quem, de fato, está sendo beneficiado e a academia”

Pelo ineditismo, o sistema atraiu não somente publicações internacionais, premiações, parceria com empresas, mas também o ator mais importante no desenvolvimento científico: a sociedade. A extensão dos resultados teve início na cidade de Pedreira, interior de São Paulo, em 2010, quando 342 entre 737 estudantes foram diagnosticados a partir da aplicação do kit na época chamado de TF-test, que já ampliava de 40% -70% para 97,8% a sensibilidade diagnóstica. Desde então, as pesquisas avançam de acordo com o perfil epidemiológico recente, até chegar ao Dapi. De acordo com Gomes, os kits de diagnóstico parasitológico existem desde o início do século 20, por isso, era preciso aprimorar. Além da qualidade, o sistema permite reduzir o tempo para o resultado.

O projeto também envolveu a cidade de Araçatuba e será aplicado no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, pela pesquisadora Bianca Martins dos Santos, autora de uma pesquisa destinada ao diagnóstico de Schistosoma Mansoni. O envolvimento da sociedade é inquestionável, já que, conforme Gomes, a estimativa é de que 50% da população brasileira esteja acometida por pelo menos uma espécie de parasito intestinal. Alguns casos, segundo o pesquisador, podem ser irreversíveis, causando a morte do paciente.

Para Bianca, a interação com a sociedade se dá no momento de validar os testes em humanos e diagnosticar casos de infecção pelo protozoário. Sua pesquisa tem como foco o público infantil. “Quando levo o estudo a campo, promovo a interação entre quem, de fato, está sendo beneficiado e a academia.”

Orientação e promoção de saúde

Calçar sapatos ou chinelos, lavar bem as mãos, aparar as unhas, manter o ambiente limpo, higienizar alimentos, tomar banho diariamente, evitar carnes cruas, entre outros cuidados, fugir de brincadeiras em terrenos vazios e com poças evitam a aproximação das companhias indesejáveis. Com as crianças, a história começa assim, com orientações inspiradas na história do Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, em Pedreira, mas a origem da maior parte das epidemias está na falta de saneamento. Então, cabe às administrações garantir a coleta adequada dos lixos, tratamento e fornecimento de água potável, implantação de sistemas de água e esgoto, limpeza pública adequada e desenvolver programas de prevenção.

Segundo Gomes, qualquer cidadão está sujeito a ter parasitose intestinal, seja qual for a classe social. É o caso do pesquisador do Lids Felipe Augusto Soares, que se submeteu a um tratamento de seis meses para curar uma parasitose. Aluno da área de saúde pública da FCM, ele estuda a técnica de flotação por ar dissolvido para aprimoramento de diagnóstico.

A abrangência das doenças era motivo de preocupação da Secretaria de Saúde de Araçatuba, interior de São Paulo, onde a equipe, ao lado de profissionais do município, realizou os exames não somente entre os escolares, mas também nas famílias, segundo a secretária de saúde, Carmen Silvia Guariente. O sistema de diagnóstico foi parceiro importante em ações planejadas do programa Saúde na Escola. As parasitoses, segundo Carmen, interferem no aproveitamento escolar. “A facilidade do kit coletor auxiliou na adesão da coleta”, afirma.

 

Veja o vídeo

Mais sobre a pesquisa em:

https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/05/11/metodo-automatiza-deteccao-de-parasitos-em-exame-de-fezes

https://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2010/ju463_pag05.php

 

 

Imagem de capa JU-online
Audiodescrição: em área interna imagem frontal e de busto, dois homens, um ao lado do outro, sendo que ambos mantêm o olhar voltado para as lentes da câmera fotográfica. As costas deles, ao fundo, imagem desfocada de parte da fachada de um prédio moderno, com vidros espelhados retangulares, com estruturas metálicas. O homem à esquerda veste camisa social vinho, e o à direita usa óculos e veste blusa de lã preta. Imagem 1 de 1.

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