Edição nº 574

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 09 de setembro de 2013 a 15 de setembro de 2013 – ANO 2013 – Nº 574

A inflorescência dos ipês da Unicamp


A cada dia a paisagem ganha uma beleza plástica diferente. É como se a natureza fosse pincelando o quadro e dando à composição de cores um novo contorno a todo instante. Em planos fechados ou ampliados, as imagens reveladas no monitor da câmera digital surpreendem, ainda que o olhar tivesse imaginado outra cena. Essas observações não são privilégios ao olhar de um fotógrafo profissional ou de um artista, que busca também o belo em tudo que contempla, pois a paisagem está ao alcance dos olhos de quem se permite parar para olhar, na opinião do fotógrafo da Assessoria de Imprensa da Unicamp Antônio Scarpinetti. A inflorescência dos ipês, exuberantes no fim de agosto e início de setembro, pode determinar a cor do dia de quem os contempla. E durante apenas um dia, a cada mudança da luz natural, que reflete entre galhos e flores, é possível encontrar um tom diferente. É só escolher.

Álbum de fotos

O caminho pode ser mais colorido se percorrido a pé. E foi numa empreitada dessas, depois de uma reportagem, que Scarpinetti pôde contemplar e registrar a fileira de ipês-rosa que ajudam a fazer o contorno da Avenida Antonio da Costa, no campus de Barão Geraldo. Mas as flores não estão só. Algumas das fotos revelam a convivência urbana em um espaço que antes era só fazenda.

Debaixo da disputa entre os fios de alta tensão e a cortina verde-amarelo-branco-lilás, carros, motos, estudantes, professores, alunos e visitantes transitam sobre o tapete de pétalas amarelas que caem ao chão com o fim do inverno. O fotógrafo tenta mostrar como a busca de diferentes ângulos e combinações de cores podem mudar a paisagem. A luz do sol pode variar a pigmentação do ipê do amarelo ao topázio.

“Os ipês vêm para encantar as retinas num momento em que o clima está seco, arredio e acontece a transição do inverno para a primavera. As cores dão um tom diferente para as avenidas, as praças da Universidade”, diz Adriano Grandinetti Amarante, biólogo da Divisão de Meio Ambiente da Universidade e um dos responsáveis pelo projeto de revitalização do campus de Barão Geraldo. O encontro das copas encanta os transeuntes, que também se encarregam de divulgá-las em sua página nas redes sociais. Esta reação dos contempladores alegra o biólogo Amarante. Assim como Scarpinetti, que também acredita que as pessoas precisam se favorecer mais desse presente da natureza antes de adentrar o local de trabalho ou nos intervalos.

“Minha satisfação aumenta pela satisfação do outro”, diz Amarante. Ver a inflorescência das árvores que cuidaram desde as sementes, obedecendo ao projeto paisagístico da Universidade, é se ver dentro de um projeto de qualidade de vida, não somente do ponto de vista do lazer, mas da sustentabilidade.

“Precisamos ter mais cuidado com nossas irmãs vivas”, pontua Amarante. E essa preocupação da Divisão de Meio Ambiente é evidenciada pelo crescimento exponencial de espécies no campus. Na Praça da Paz, onde a pista e o gramado extenso favorecem a convivência, a flora atrai algumas espécies de pássaros, os quais roubam um pouco de silêncio humano para impor sua sinfonia. Era este o clima no entardecer da sexta-feira (30 de agosto), enquanto o pôr-do-sol começava mais uma vez a dourar o branco da flor pata-de-vaca.

Feliz com a resposta desse conjunto, Amarante informa que a flora da Unicamp atualmente é composta de mais de 340 espécies. Entre o fim de agosto e todo o mês de setembro a maior parte delas se põe em festa, avivando não somente as cores das pétalas, mas também a cor das copas, “para encantar a retina”.