Edição nº 536

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 20 de agosto de 2012 a 26 de agosto de 2012 – ANO 2012 – Nº 536

Parcerias entre pesquisadores e empresas beneficiam a sociedade

Formulário e projetos colaborativos estreitam relação da Universidade com o setor produtivo

Conhecida por possuir e formar alunos altamente capacitados, a Unicamp também atua com destaque nos âmbitos da inovação e de parcerias em projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Todos os anos, projetos em colaboração com empresas, envolvendo docentes, pesquisadores e alunos, combinam o conhecimento gerado em sala de aula às necessidades cotidianas, resultando em invenções que contribuem para superar os grandes desafios da sociedade. Como forma de facilitar a criação de parcerias que resultem em produtos ou processos benéficos à sociedade, a Agência de Inovação Inova Unicamp lançou um novo formulário para identificar os docentes e pesquisadores interessados em desenvolver parcerias em P&D com empresas (leia texto nessa página). 

Além da criação do formulário, outra iniciativa da agência é a busca ativa por parceiros, que proporciona não só o licenciamento de tecnologias já protegidas pela Unicamp, mas também novas formas de interação universidade-empresa, como o estabelecimento de projetos de pesquisa colaborativa. Entre os projetos colaborativos em andamento da Unicamp está o convênio com uma grande empresa do setor de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). 

A empresa atualmente realiza três projetos colaborativos em parceria com pesquisadores do Instituto de Computação (IC) da Unicamp. Com duração prevista de dois anos, têm como objetivo o desenvolvimento de atividades colaborativas entre os profissionais do setor de P&D e a Universidade. De acordo com Patricia Magalhães de Toledo, diretora de propriedade intelectual e transferência de tecnologia da Inova Unicamp, a empresa demonstrou grande interesse na formalização de parcerias com a Unicamp. “Em fevereiro de 2011, tivemos um contato próximo com essa empresa, que tinha interesse em linhas de pesquisas de diversos docentes da Universidade”, explica. 

A partir do contato prévio, a empresa de TICs realizou, com apoio da Inova, uma triagem de acordo com os projetos apresentados pelos próprios pesquisadores. “Ao longo do processo de articulação, foi analisada a especialidade de cada professor com o objetivo de identificar áreas nas quais seria possível estabelecer projetos de pesquisa colaborativos”, afirma a diretora. Esse processo de negociação dos termos das parcerias e do acompanhamento é realizado diretamente pela Agência de Inovação Inova Unicamp. “A agência realiza a ponte entre o pesquisador e a empresa com o objetivo de facilitar a interação e auxiliar os docentes no processo, permitindo que eles possam manter o foco em suas atividades de ensino e pesquisa”, afirma o professor Roberto Lotufo, diretor executivo da Inova Unicamp. 

Os três convênios firmados entre o IC e a empresa de TICs abordam P&D para plataformas computacionais móveis, principalmente smartphones e tablets equipados com o sistema operacional Android. O convênio relacionado a projetos na área de otimização de código será desenvolvido em parceria com o professor Guido Araújo; já o projeto sobre aprendizado de máquinas será desenvolvido pelo professor Anderson de Rezende Rocha. O professor Ricardo Dahab e sua equipe abordarão o projeto relacionado à segurança em dispositivos móveis. De acordo com o professor Dahab, os três projetos possuem ampla sinergia. “A busca por técnicas para otimização dos programas pode ser feita de forma dedicada para as aplicações de reconhecimento de imagens ou das funções de segurança, trazendo grandes ganhos de desempenho e economia de espaço e consumo de energia nessas tarefas”, explica Dahab. 

De acordo com o docente, a empresa parceira terá participação ativa no acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos grupos de pesquisa na forma de reuniões e seminários periódicos. “Os encontros são essenciais para a identificação de eventuais dificuldades ou para a reorientação de linhas de trabalho devido a inovações que possivelmente irão surgir”, ressalta. O docente responsável desenvolverá o projeto com uma equipe composta por pesquisadores, bem como docentes e alunos de pós-graduação da Unicamp. “Os projetos possibilitam a obtenção de recursos para a pós-graduação e infraestrutura de pesquisa, já que os convênios contemplam bolsas para os alunos e a montagem de laboratórios mais equipados”, explica Dahab.

Para o professor, a realização de projetos colaborativos de empresas com universidades de ponta como a Unicamp pode trazer benefícios aos pesquisadores e docentes envolvidos e principalmente para a sociedade. “Esperamos que os ganhos advindos se transformem não só em melhorias nos produtos da empresa, mas também, por meio da publicação dos nossos resultados, em forma de conhecimento e produtos. Os resultados de inovação na área de computação costumam ter um caminho mais ágil até sua transformação em produtos para consumo”, explica Dahab. 

Segundo o professor, os projetos englobam áreas de pesquisa com problemas desafiadores, de relevância teórica e, simultaneamente, de imediata aplicação prática. “Esse tipo de parceria concede a oportunidade de expandir o leque de áreas de pesquisa dos docentes. Além de trazer questões com complexidade teórica, que envolvem a nossa vocação inicial como acadêmicos, os projetos colaborativos em P&D possibilitam a aplicação prática e de impacto tecnológico, exigindo equipes multidisciplinares e uma sinergia diferenciada”, finaliza. 

Por ser uma universidade tradicionalmente conhecida por sua excelência de ensino e pesquisa, a Unicamp tem sido frequentemente procurada por empresas de diversas áreas com o interesse na realização de projetos como os citados acima. “Esse tipo de parceria traz benefícios mútuos: por um lado, o pesquisador desenvolve uma linha de pesquisa para atender necessidades mercadológicas e aprimora ainda mais seus conhecimentos; por outro, o investimento na pesquisa reduz os custos de P&D da empresa parceira e o resultado pode beneficiar diretamente a sociedade”, afirma Patricia. 

Outro resultado tangível da interação entre teoria e aplicação é a criação de tecnologias de alto potencial inovativo, que são protegidas por meio de patentes e programas de computador. A Universidade mantém o primeiro lugar entre as universidades em pedidos de patentes do país de acordo com o último ranking publicado pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), reafirmando o seu pioneirismo na área. Segundo os dados oficiais do Anuário Estatístico da Unicamp, de 2001 a 2011, a Universidade possui um total de 712 patentes requeridas e 80 patentes licenciadas. “O trabalho da Agência de Inovação Inova Unicamp, que completou nove anos de atuação, colabora para que a Unicamp mantenha a liderança em inovação entre as instituições de ensino do país e contribua para o fortalecimento do sistema nacional de inovação”, afirma Lotufo. Segundo o diretor, a primeira patente da Unicamp foi depositada em 1984 e, com a criação da Inova, o processo de proteção dos resultados de pesquisa por meio da propriedade intelectual se expandiu e houve ainda a criação de novas áreas de atuação. “Atualmente buscamos de forma ativa a transferência de tecnologias para que, dessa maneira, pesquisas oriundas da Unicamp sejam desenvolvidas por empresas na forma de tecnologias e posteriormente disponibilizadas à sociedade”. 

 

Formulário identifica interessados em projetos de P&D

Com o objetivo de aproximar o pesquisador da inovação e visar parcerias que resultem em produtos ou processos benéficos à sociedade, a Agência de Inovação Inova Unicamp lançou um novo formulário para identificar os docentes e pesquisadores interessados em desenvolver parcerias em P&D com empresas. “A Inova é frequentemente procurada por empresas interessadas em projetos inovadores. Para articular uma possível parceria, necessitamos identificar na Unicamp docentes e pesquisadores que tenham linhas de pesquisas alinhadas às necessidades das empresas. Esse formulário possibilita identificarmos melhor as atuais linhas dos grupos da Universidade e suas áreas de interesse em parcerias em P&D”, afirma Patricia. De acordo com a diretora, o formulário foi desenvolvido como parte dos esforços da Agência de aprimorar continuamente o atendimento aos pesquisadores e docentes da Universidade. Para o professor André Gradvohl, docente da Faculdade de Tecnologia da Unicamp, a iniciativa da Inova Unicamp é o primeiro passo para a formação de parcerias promissoras. “A maioria das empresas não possui uma área de P&D consolidada. Preenchi o formulário com o intuito de realizar uma possível parceria que possa suprir diversas necessidades, além de trazer diferenciais de inovação”, afirma.

Com o preenchimento do formulário, a Inova Unicamp trabalhará na criação de um banco de competências e uma publicação como forma de registro. “A publicação será uma compilação de dados das principais linhas de pesquisa de docentes e pesquisadores interessados em estabelecer parcerias estratégicas”, destaca Patricia. “O objetivo é facilitar a interação dos pesquisadores com o ambiente externo e aumentar o número de tecnologias oriundas da Unicamp que possuam caráter inovador”, ressalta Lotufo. 

De acordo com o professor Sérgio Ferreira do Amaral, da Faculdade de Educação da Unicamp, a publicação do banco de competências será essencial para a divulgação das áreas específicas dos docentes. “Com essa publicação, será possível vincular mais facilmente as necessidades do mercado com as demandas da Universidade, possibilitando a criação de novas tecnologias de inovação”, afirma. Para cadastramento, docentes e pesquisadores interessados devem preencher o formulário na página da Inova Unicamp em www.inova.unicamp.br, clicando no banner “Interessado em parcerias com empresas?”.