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Moradores da periferia de Campinas participam de iniciativa para melhorar o bairro

Projeto uVITAL é desenvolvido por estudantes da FECFAU e estimula sentido de pertencimento

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Um projeto desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FECFAU) da Unicamp busca melhorar a qualidade de vida dos moradores do Residencial Quilombo II, localizado a cerca de 15 km do centro da cidade, na divisa com o bairro Matão, em Sumaré. Realizado em quatro países - Brasil, Alemanha, Países Baixos e Reino Unido -, o projeto tem como diferencial colocar os moradores de empreendimentos sociais como protagonistas do processo de melhoria do espaço urbano. Na Unicamp, ele é coordenado pela professora Doris Kowaltowski. 

"O objetivo do projeto é introduzir melhorias em bairros como esse por meio do que chamamos de living labs, os laboratórios vivos. Neles os próprios moradores percebem as oportunidades que existem e introduzem as melhorias", explica Kowaltowski. A proposta é de que as melhorias realizadas nos locais, que podem ir desde reformulações nos projetos de residências até a criação de hortas e centros de convivência, tragam benefícios sociais, econômicos e de saúde aos moradores, além de promoverem a sustentabilidade. Para isso, os projetos precisam estar alinhados às expectativas do público local e ao trabalho de cooperativas, ONGs e outras organizações. "A ideia é conversar e promover atividades que abram os olhos das pessoas para que eles percebam que é possível melhorar e ter um projeto de uma casa mais confortável, aumentar a iluminação, construir uma praça ou um centro de convivência no bairro", detalhou.

Composição com duas fotos. À esquerda aparece uma mulher de peito para cima. Ela é branca, magra, tem os cabelos curtos e grisalhos, usa óculos escuros e máscara e está com as mãos levantadas na altura do peito. Na imagem da direita há uma jovem branca, de cabelos lisos, compridos e negros. Ela usa uma blusa preta.Ela aparece do peito para cima.
À esquerda, a professora Doris Kowaltowski e à direita, Érika Harumi, bolsista do projeto (Fotos: Antoninho Perri)

Lançado há cerca de oito anos, o Residencial Quilombo II foi construído pela Cohab Campinas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). São 96 residências em duas ruas à beira da avenida Comendador Aladino Selmi. Os moradores relatam que o bairro é um lugar bom para se viver, mas que algumas mudanças tornariam a vida no local mais confortável. 

"Nós morávamos em uma favela na região do Jardim Campineiro e fomos transferidos para cá. Faz oito anos que nos mudamos", conta Terezinha Carvalho, 71. Ela e o marido Leonardo, 82, explicam que uma das principais limitações do bairro é a distância do centro da cidade e a falta de serviços próximos. "Temos que ir muito longe para fazer compras, no Jardim Campineiro ou no (bairro) Matão. Eu gostaria que houvesse lugares mais próximos de nós, como um mercadinho e um açougue", argumentou. 

Josefa Liberato, 72, também destacou algumas das carências existentes do local. Segundo a dona de casa, um dos problemas que mais incomodam os moradores é a entrada para o bairro, que acabou sendo improvisada. “Quando nos mudamos para cá, o local foi entregue apenas com o alambrado. Mas aí as crianças tiraram a cerca, depois ela foi vendida. Nos organizamos para comprar e instalar um portão, mas ele foi danificado, não conseguimos mais abrir com as chaves e os controles remotos também não funcionam mais."

Já para Benício Batista, 66, falta um líder comunitário que leve as demandas ao poder público. "Este bairro é muito bom, gosto de morar aqui. Mas, se ele melhorar, ficaria melhor ainda. Os vizinhos são boas pessoas, gosto de todos. Por exemplo, poderíamos ter um presidente de bairro para tomar conta de nossas questões", destacou.

Composição com quatro fotos.
Moradores do bairro ajudaram a definir melhorias que poderiam ser feitas no bairro, como a instalação de um parquinho (Fotos: Antoninho Perri)

Sentido de pertencimento

Entre as estratégias utilizadas pelos integrantes do projeto, estão visitas ao bairro, realização de reuniões e atividades que estimulem a conversa entre eles e a troca de ideias sobre o que desejam para o local e o que pode ser feito. Com base nas informações obtidas nas atividades, os estudantes propõem projetos de remodelação do local e instalação de equipamentos públicos, como hortas comunitárias e composteiras, parquinho para as crianças e um centro de convivência. 

Outro benefício trazido pelas atividades é estimular o sentimento de pertencimento ao bairro, o que é importante para que os moradores não apenas promovam as melhorias necessárias, mas para que o cuidado com elas seja incorporado à cultura do local. Segundo Érika Harumi, bolsista do projeto, isso é algo que deve ser cultivado na comunidade. "A partir do momento em que eles fazem as intervenções, sentem-se mais parte do bairro", comentou. 

Conheça mais sobre o projeto na edição do Repórter Unicamp:

Imagem de capa JU-online
Imagem mostra grupo de pessoas conversando na rua, em frente à uma casa.

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