NOTÍCIAS

Sinal verde para o respeito e o senso crítico

Projeto de extensão completa 12 anos de inclusão por meio de educação ambiental

Edição de imagem


Ilustra: LPO sinal positivo na lista de alunos contemplados pela Bolsa de Auxílio Social da Unicamp foi também sinal verde para Hadassa Oliveira, aluna da Faculdade de Tecnologia (FT) da Unicamp, em Limeira, prosseguir na dedicação ao ser humano. “A gente se sente na obrigação de participar dessa comunidade onde a gente passa mais de quatro anos. Não tem como dizer que eu não faço parte dessa cidade porque ela faz parte da minha formação, me acolheu como moradora.” Por aí começa sua história na extensão universitária, alinhavada com o projeto de extensão Ecoedu Ambiental, criado em 2006 pela professora da FT Lubienska Cristina Lucas Jaquiê Ribeiro para ser “um trabalho contínuo com grupos mais desfavorecidos da sociedade, que promova o autoconhecimento, a autoestima, o senso crítico e possibilite escolhas mais conscientes”.

“Ele é o meu rumo de vida agora. E mesmo depois da faculdade, levo o Ecoedu para minha vida profissional, mesmo porque ele me encantou totalmente”, garante Hadassa Oliveira. Esta continuidade condiz com o Fórum de Pró-Reitores de Extensão brasileiro, que prima por atividades perenes, que não se esgotem ao fim de uma pesquisa.

Divulgação
Hadassa Oliveira: “Levo o Ecoedu para minha vida profissional, mesmo porque ele me encantou totalmente”

O Ecoedu é um dos exemplos de continuidade por manter e ampliar a proposta escrita há 12 anos por Lubienska, assim que assumiu – muito jovem – uma vaga de docente na FT. As atividades foram iniciadas com crianças e jovens da Apae de Limeira com o intuito de promover integração social a partir da educação ambiental. Hoje, com o nome de Vem Ser.

O projeto Vem Ser atrai profissionais, alunos de graduação e pós e pessoas da comunidade dispostas a participar da construção de uma sociedade cada vez mais humanizada.  É o caso de Bárbara Pantaleão, aluna de mestrado da FT, cuja pesquisa acontece dentro do projeto. “Amadureci muito no Ecoedu. Aprendemos a conviver com as diferenças de cada um e vemos que todos temos algo a acrescentar”.

A convivência além do ambiente familiar mudou a vida de Thiago, aluno do Vem Ser, e de Cláudia Regina Zanetti, mãe de Caio, outro jovem participante do projeto. Além de reconhecer a eficácia do projeto na socialização do filho, o formato permite que ela se reúna com outras mães, compartilhe experiências, realize oficina de artesanato e participe de conversas com profissionais de várias áreas, entre elas da psicologia. Thiago fala sobre a importância das relações dentro do espaço do Vem Ser e também durante os passeios. “Aprendemos a respeitar as pessoas. Passeamos no shopping. Aprendemos a respeitar os lugares”.

Convivência que dá sentido também à trajetória profissional da professora e psicóloga Lilian Proveza. “O Ecoedu é um projeto enriquecedor. Ele nos auxilia bastante na estimulação desses alunos. Desenvolvemos atividades práticas em que eles podem vivenciar diversas situações. Quando eles estão no meio de vários jovens, eles se sentem parte daquilo e fazem amizade muito fácil. Isso é muito enriquecedor; o projeto é um parceiro importantíssimo para o desenvolvimento desses alunos.”

 

Divulgação
Bárbara Pantaleão: “Aprendemos a conviver com as diferenças de cada um e vemos que todos temos algo a acrescentar”

Em palestra na FT, a escritora e especialista em autismo Vânia Heblin Martins elogiou a  inclusão por parte do Ecoedu. “A inclusão hoje no Brasil precisa de muito ajuste tanto no recurso material didático visual para as crianças como também no sistema educacional, hoje muito centralizado. O ser é que tem que ser a pessoa ativa na educação, e não mais o conhecimento, que é colocado de uma forma passiva para as crianças até para os seres adultos. Então o projeto da Unicamp me fascinou.”


Carpe Diem

O respeito aos lugares remete imediatamente ao respeito a outros seres humanos e, no caso de Isabela, aos colegas de Escola de Ensino Fundamental Marciliano da Costa Júnior, participantes do projeto Carpe Diem, mais uma criação de Lubienska. Aluna do oitavo ano, Isabela fala com encantamento sobre as novas cores de sua escola, as quais se tornaram mais vivas ao trocarem a depredação e as pichações pela arte do grafite. “Meu dia a dia escolar mudou com o projeto Carpe Diem. Ele teve um grande efeito nos alunos da escola, no funcionamento dela, pois mostrou uma diversidade de assuntos que a gente pode pesquisar com o pessoal que faz a pesquisa. A escola ficou muito mais colorida.  Eles nos ensinaram a não julgar as pessoas, hoje temos um ambiente muito mais agradável na escola.”

No ambiente onde se passa a maior do tempo, alunos do período integral são levados a refletir enquanto “fazem arte”, conforme relata a professora de história Marcela de Oliveira. “De 2016 a 2017, nossa escola passa por processo de depredação e alguns alunos, protagonistas desta depredação, foram convidados a participar do projeto Carpe Diem a partir de 2017. Os alunos começaram a participar e aprender sobre educação ambiental, pichação e os benefícios da arte e do grafite, e a nossa escola passou a ficar mais colorida. As cores também estão nos rostos de nossas crianças”, enfatiza a professora.  E Taciana garante: “Hoje, não fazemos mais isso”, referindo-se à depredação.

Divulgação
A professora Marcela de Oliveira. “Os alunos começaram a participar e aprender sobre educação ambiental, pichação e os benefícios da arte e do grafite”


Plantando Conhecimento

Respeito à natureza, ao preparar a terra, fazer compostagem, plantar as sementes para comer folhas verdinhas e um papo sério para influenciar os pais a respeitarem também a “mãe água”, o ecossistema. “É de pequeno que se aprende”, como diz Patrícia de Souza. Patrícia é mãe de um aluno de 3 anos da Escola Municipal de Educação Infantil Thereza Veronesi em Limeira. Em casa, o filho fica de olho se ela faz direitinho a lição de casa e incentiva o plantio da horta. Os ensinamentos são apreendidos no projeto Plantando Conhecimento, nascido de uma conversa entre a diretora Rosimar Aragão, Lubienska e alunos do Ecoedu.

De acordo com Rosimar, o projeto pedagógico da escola tem como tema o ambiente, inclusive a “revitalização” do espaço. Paredes coloridas, muros com cara de vida, mãos enfeitadas de tinta e música, do jeito que eles e Bárbara Panteleão adoram. Sim, Bárbara e outros alunos da FT e da Faculdade de Ciências Aplicadas, também em Limeira, se envolvem nos três projetos. “Aqui, dou aula de música. E as crianças adoram, querem pegar os instrumentos, perguntam se podem cantar.” O culelê abraçado por ela que diga. Ao chegar ao corredor, eles correm ao seu encontro. A Prefeitura de Limeira oferece parceria no transporte de alunos da Unicamp para a escola.

Assim, em 12 anos, o projeto visitado pelo Jornal da Unicamp em 2009, pelas mãos de uma jovem professora e por olhos curiosos e alegres de alunos da Apae, hoje conquista novos espaços, se torna formador de seres humanos críticos, conscientes de que todo lugar é lugar de gente, de que a camisa pink com logotipo da Unicamp pode ser sua, Giovanna, e que a diversidade de Limeira, presente em seus dois campi, pode ensinar muitas coisas, como enfatiza Júlia. E consegue encantar a equipe do Extensão 48.

 

Veja vídeo sobre o projeto

 

 

Leia Também:

Projeto ambiental da FT atende crianças com necessidades educacionais especiais

 

 

Imagem de capa JU-online
Alunos e professores do projeto Ecoedu Ambiental, criado pela professora Lubienska Cristina Lucas Jaquiê Ribeiro

twitter_icofacebook_ico