Foto: ScarpaReginaldo Carmello Corrêa de Moraes é professor aposentado, colaborador na pós-graduação em Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. É também coordenador de Difusão do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre Estados Unidos (INCT-Ineu). Seus livros mais recentes são: “O Peso do Estado na Pátria do Mercado – Estados Unidos como país em desenvolvimento” (2014) e “Educação Superior nos Estados Unidos – História e Estrutura” (2015), ambos pela Editora da Unesp.

Ponte para o futuro. Que Nossa Senhora nos proteja!

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Ilustra: Luppa SilvaQuando o marechal Castelo Branco assumiu o governo, disse, com voz cavernosa: “O país estava à beira do precipício”. Alguns anos depois, o segundo ditador-presidente, Costa e Silva, deu sua contribuição à narrativa: “Meu governo será um passo à frente”. O terceiro capítulo viria nas falas do general Médici (já não havia marechais): “Ninguém segura este país”.

Olhando para o passado talvez percebamos que o futuro nos reserve algo ainda mais tenebroso. Lá naquele momento, havíamos passado de marechal para general. Estava aberto o caminho para baixar as patentes, quem sabe chegar ao cabo, com todas as suas consequências. Recolhi três mapas para sugerir esse cenário do poço sem fundo. Creio que falam por si mesmos. Limitarei meus comentários.

Os dois primeiros foram criados pela Secretaria Municipal de Planejamento, com dados do IBGE (Censo Demográfico de 2000). Exibe a distribuição da riqueza (e da pobreza) nas regiões da cidade de São Paulo. A cidade segregada, repartida em guetos, exemplifica algo que certamente se replica em outras grandes cidades do país.

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O terceiro mapa revela a desigualdade diante da vida. E da morte. E, cada vez mais, a desigualdade diante da simples possibilidade de ter uma aposentadoria. Sobrepondo os três mapas podemos entender um pouco do que temos pela frente. Se tudo seguir como segue. E se ninguém segurar esse país, um passo à frente se dará em direção ao precipício. Como diziam os profetas armados lá dos distantes tempos da ditadura de caserna. Distantes, eu disse?

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