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..............Campinas, de 19a 25de Novembro de 2001
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MEMÓRIA

 

FE recebe acervo de Tragtenberg

A Faculdade de Educação da Unicamp teve três motivos
relevantes para organizar o evento Biblioteca e Memória
nos dias 12 e 13 de novembro. Mais que uma oportunidade de discutir biblioteca, profissionais de diversas áreas da universidade encontraram no evento, realizado no Salão Nobre da Faculdade, um espaço para comemorar a aquisição do acervo bibliográfico particular do professor Maurício Tragtenberg, professor da Unicamp falecido em 17 de novembro de 1998; a aquisição das três primeiras documentações de práticas escolares para seu centro de memória, em fase de implantação; e a construção de um novo prédio para a atual biblioteca.

Em uma solenidade realizada no evento, a professora Olga Von Simson, diretora associada do Centro de Memória da Unicamp (CMU), oficializou a transferência de três documentações à diretora da Faculdade de Educação Águeda Bittencourt. O primeiro deles, revela o processo de educação no início do século passado por meio da história de dois professores, revelando material cotidiano de atividades realizadas por eles com alunos. O segundo refere-se à história da vida profissional de duas irmãs de Americana, na época bairro de Campinas, na primeira metade do século 20. O terceiroé a doação da professora Laura Monteiro do acervo de seu marido jornalista no qual ele relata vivências profissionais, além de um material didático produzido pela Revista de Ensino, do Rio Grande do Sul usado por ela durante o período em que lecionou em Campinas.

O material comprado da família de Tragtenberg se instalará entre as coleções especiais da Biblioteca da Faculdade de Educacão. Trata-se de uma biblioteca formada a punho próprio, com obras de variados níveis de interesse e conhecimento adquiridas. em grande parte, em sebos. Com ela, vem a história do professor Tragtenberg, relembrada por ex-companheiros de trabalho, pela mulher e por um grande amigo e pesquisador do acervo, o professor e escritor João Bernardo. “É uma aquisição muito boa. O acervo reúne desde os clássicos até os considerados marginais. Minha preocupação é saber como alunos e professores vão tratar esse material”, alerta Bernardo.

Conta o amigo que a prática literária de Tragtenberg foi estimulada por Florestan Fernandes, quando, na função de garçom no Café Pingüim da São Paulo dos anos 1930, apresentou ao então faxineiro Maurício uma obra de Max Weber. A partir daí, o professor tornou-se autodidata e deu uma atenção especial aos livros, principalmente às obras sobre fascismo. João Bernardo é testemunha de que o intelectual teve de prescindir de muitas coisas para chegar à universidade. Como tinha pouco dinheiro e queria ter uma diversidade de temas, optava por fazer suas compras em sebos. “Uma vez ele ficou muito contrariado, pois queria comprar um livro no sebo, mas precisava comprar um par de calças. Optou pelas calças e, ao voltar à loja, o livro havia sido vendido”, revela Bernardo.

Segundo a viúva Beatriz Tragtenberg, o intelectual “tinha uma boa estante de livros, apesar de ser extremamente pobre e não ter dinheiro”. Em 1957, quando se conheceram, Beatriz questionou a respeito dos desejos que tinha na vida. A que ele respondeu: “Uma biblioteca e uma filha”. A filha, Lucila Tragtenberg tornou-se cantora lírica, e a biblioteca, vem estimular a pesquisa universitária. Segundo a diretora da faculdade, Águeda Bittencourt, o material irá receber todo o tratamento necessário antes de ser exposto. A família, segundo Beatriz Tragtenberg, irá acompanhar também esta parte da história. “A família vai vigiar.”

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