Untitled Document
PORTAL UNICAMP
4
AGENDA UNICAMP
3
VERSÃO PEDF
2
EDIÇÕES ANTERIORES
1
FALE COM O JU
 
Untitled Document
 


BABINSKI

 

Manuel Alves Filho

O artista plástico Maciej Antoni Babinski, na abertura da exposição, ao lado de uma de suas obras (Foto: Antônio Scarpinettii)A Galeria de Arte Unicamp abriga até o dia 26 de setembro uma exposição de Maciej Antoni Babinski, considerado um dos maiores gravuristas e aquarelistas em atividade no Brasil. A mostra, que conta com cerca de 50 trabalhos, todos pertencentes ao acervo pessoal do artista plástico, foi aberta no último dia 3, seguida de uma palestra dele sobre o tema Arte, criação e ensino. De acordo com o curador do evento, João Francisco Duarte Júnior, professor do Instituto de Artes (IA), esta éa primeira vez que Babinski expõe em Campinas. “O contato com a obra e com o pensamento de Babinski está sendo enriquecedor, particularmente para os alunos de graduação e pós-graduação em Artes Plásticas da Universidade”, considera. A exposição é aberta ao público em geral. As visitas podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

Foto: (Reprodução)As negociações para a realização da exposição, conforme o professor João Francisco, duraram cerca de seis meses. A escolha de Babinski deu-se por duas razões, como explica o curador da mostra. Primeiro, pela importância da obra do artista plástico. “Ele é um grande gravurista e aquarelista. Além disso, Babinski tem várias facetas em termos artísticos, tanto no que se refere à técnica como no que diz respeito à temática. É um excelente paisagista e autor de obras que eu chamaria de altamente expressionistas. Ademais, seus trabalhos exercem uma forte crítica da realidade”, elenca o docente do IA. O segundo motivo para o convite, acrescenta, é a experiência de Babinski como educador.

João Francisco Duarte Júnior, curador da exposição: "Trabalhos exercem uma forte crítica da realidade" (Foto: Antônio Scarpinetti)Nascido na Polônia, ele chegou ao Brasil em 1953, vindo do Canadá. Aqui, ele participou de uma experiência educacional inovadora: atuou como professor do projeto dos ginásios vocacionais, dirigidos a estudantes de 5ª a 8ª séries do Estado de São Paulo. Inspirados no projeto pedagógico da Escola de Sèvres e da Escola Compreensiva Inglesa, que valorizavam a participação ativa e consciente do aluno em uma sociedade democrática, esses estabelecimentos apresentavam baixíssimos índices de reprovação, de faltas e de evasão. O currículo, além das disciplinas convencionais, contemplava fortemente as artes. “Havia oficinas de teatro, música e artes plásticas”, lembra o professor João Francisco.

Os ginásios vocacionais foram implantados nas cidades de Americana, Barretos, Batatais, Rio Claro, São Paulo e São Caetano do Sul. A experiência durou de 1961 a 1969. A interrupção se deu por determinação do regime militar. Na ocasião, vários professores foram presos sob a acusação de subversão. Na seqüência, Babinski transferiu-se para Brasília, onde participou de mais uma iniciativa educacional inovadora, como docente da recém-fundada Universidade de Brasília, projeto coordenado pelo antropólogo Darcy Ribeiro. “Babinski também foi docente na Universidade Federal de Uberlândia, onde fomos colegas no curso de Artes Plásticas e tivemos a oportunidade de trocar muitas idéias e experiências sobre a arte”, conta o professor João Francisco.

Atualmente, aos 77 anos, Babinski está aposentado como educador, mas continua produzindo como artista plástico. Ele mora no sertão do Ceará, num pequeno município chamado Várzea Alegre. “Quando ele mudou-se para lá, o local não contava sequer com luz elétrica”, afirma o curador da exposição, que revela ainda um dado curioso sobre a vinda do pintor para o Brasil. Conforme o professor João Francisco, a família de Babinski abandonou a Polônia por conta da invasão do país pelas tropas de Hitler. De lá, foi para a França, Inglaterra e posteriormente Canadá. Foi nesta última nação que o jovem polonês tomou contato mais intenso com as artes plásticas. E foi lá também que ele ouviu falar pela primeira vez sobre um país tropical chamado Brasil.

Numa conversa com um de seus mentores, um padre, Babinski revelou o desejo de conhecer o tal país tropical. O religioso desaconselhou-o, dizendo tratar-se de um país muito quente, no qual as pessoas abusavam da sensualidade. Ao final da advertência, Babinski pensou: pois é para lá mesmo que eu quero ir. De acordo com o professor João Francisco, as obras expostas na Galeria de Arte da Unicamp compõem a fase recente do artista plástico. Elas foram produzidas nos últimos dez anos. Um dos trabalhos expostos será doado pelo autor à Galeria de Arte Unicamp.

Além de proporcionar ao público de Campinas e região o contato com a obra de um renomado artista, a exposição, conforme o docente do IA, também se insere no esforço que a Unicamp vem fazendo para transformar a Galeria de Arte em Museu de Arte. “Nosso objetivo é criar um espaço maior, com status diferenciado. Além de um local de exposição, o museu servirá também às atividades de ensino e pesquisa. Com isso, teremos a oportunidade de manter intercâmbios com instituições do gênero tanto no Brasil quanto no exterior. Essa iniciativa está intimamente ligada ao projeto que pretende transformar a Universidade num pólo cultural da região”, esclarece.

Biografia

Maciej Antoni Babinski nasceu em Varsóvia, Polônia, em 1931. É gravador, ilustrador, pintor, desenhista e professor aposentado. Iniciou sua formação artística na Inglaterra, em 1946. Em Montreal, no Canadá, para onde emigrou com a família em 1948, estudou com John Lyman, Elton Grier e Goodrich Roberts, e participou do movimento automatista, liderado pelo pintor Borduas. Aos 22 anos mudou-se para o Brasil, naturalizando-se brasileiro em 1959. Morou inicialmente no Rio de Janeiro, onde conviveu com Oswaldo Goeldi, Augusto Rodrigues, Darel Valença e Newton Cavalcanti. Em 1965 transferiu-se para Brasília, onde trabalhou como professor de desenho no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília por um breve período.

De lá, partiu para São Paulo, onde viveu até meados dos anos 70, quando se mudou para Araguari, no triângulo mineiro. Nos anos 80 lecionou na Universidade Federal de Uberlândia. Em 1987 foi reintegrado à Universidade de Brasília, onde se aposentou em 1991. Vive atualmente em Várzea Alegre, Ceará. Participou de individuais e coletivas em diversos países, como o Canadá, Estados Unidos e Brasil. Expôs na Bienal Internacional de São Paulo em 1967 e 1985. Participou, ainda, de várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna, do Salão Paulista e do Panorama da Arte Atual Brasileira, entre outros eventos de arte.

SERVIÇO:
Exposição: Babinski – Aquarelas e gravuras
Autor: Maciej Antoni Babinski
Local: Galeria de Arte Unicamp
Data: de 3 a 26 de setembro
Horário: Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Entrada: Franca


 
 
Untitled Document
 
Untitled Document
Jornal da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas / ASCOM - Assessoria de Comunicação e Imprensa
e-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP