Untitled Document
PORTAL UNICAMP
4
AGENDA UNICAMP
3
VERSÃO PDF
2
EDIÇÕES ANTERIORES
1
 
Untitled Document
 

Atividades que estão no mapa
Dissertação de geógrafa mostra a importância
da cartografia na sala de aula

O mapa não deveria permanecer como uma imagem estática na parede da sala de aula ou ser relegado ao nível de ilustração de determinado conteúdo no livro didático. No entanto, essa é a realidade. “Ele é subutilizado. O mapa deve ser considerado um recurso de informação importante para a construção do conhecimento no ensino básico”, destaca a geógrafa Viviane Lousada Cracel. Na tentativa de mudar a forma de enxergar os recursos cartográficos, ela se propôs a desenvolver três atividades com alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Campinas em conjunto com o professor da disciplina, que envolvia, além de conteúdo expositivo, a elaboração de mapas pelos próprios estudantes, inclusive com saídas a campo nos arredores da escola.

Na opinião da geógrafa, trata-se de um instrumento de ensino que vai muito além da simples localização de lugares e fenômenos. Ele constitui um recurso riquíssimo e importante para a aprendizagem. “Por isso, a minha intenção de tentar fazer com que os estudantes pensem o mapa de outra forma, extraindo o maior número de significados”, destaca a autora da pesquisa de mestrado apresentada no Instituto de Geociências (IG), sob orientação do professor Maurício Compiani.

Num primeiro momento, as aulas expositivas permitiram aos alunos o contato com as convenções cartográficas com posterior discussão do seu caráter social. Ou seja, o objetivo foi mostrar que o mapa é construído socialmente e que por isso não é neutro, envolvendo aspectos históricos em sua elaboração. Discutiu-se, por exemplo, a questão da neutralidade na sua produção, os aspectos históricos de representação, além dos conteúdos sobre escala e aspectos técnicos para a produção. Ao final da exposição, os professores solicitaram aos alunos que elaborassem o mapa da sala de aula que frequentavam. “Foi uma primeira experiência que possibilitou verificar o nível de aprendizagem dos conteúdos”, explica.

Na segunda parte das atividades, o desafio proposto para os estudantes foi elaborar um mapa a partir do texto Cartografia 1.1, sobre o bairro da Luz, no centro de São Paulo. Os alunos selecionaram algumas palavras relacionadas ao conteúdo de redes e fluxos e depois fizeram mapas. Mas foi no trabalho de campo que Viviane observou maior evolução em relação à compreensão do conteúdo. Segundo ela, fazer um percurso a pé nas ruas do bairro consiste em uma metodologia viável que, em sua opinião, deveria ocorrer de forma rotineira nas aulas de Geografia. “Os professores deveriam investir mais neste tipo de metodologia, pois se mostrou eficiente para que os alunos assimilassem o conteúdo das aulas expositivas com os aspectos do cotidiano. O número de informações e a qualidade dos mapas também tiveram um salto considerável”, comenta.

Da experiência, a geógrafa percebeu que o maior desafio foi desenvolver estratégias com base no referencial teórico de [Lev] Vygotsky, pensador russo. “A grande maioria dos trabalhos na área de ensino de cartografia utiliza [Jean] Piaget como referencial teórico e, no meu estudo, optamos por Vygotsky, autor pouquíssimo trabalhado nessa área”, explica.

Segundo Viviane, o russo traz uma abordagem completamente diferente da preconizada por Piaget. Embora contemporâneos, para Piaget o desenvolvimento é que impulsiona a aprendizagem, ou seja, a aprendizagem só ocorre mediante a consolidação das estruturas cognitivas. Já para Vygotsky é a aprendizagem que promove o desenvolvimento. O autor acreditava que só há aprendizagem quando o sujeito internaliza o que já foi vivenciado no plano social. “Vygotsky tinha no aspecto social um ponto importante em sua obra”, argumenta. A partir destas considerações, Viviane Cracel prossegue a pesquisa no doutorado para elencar possíveis estratégias a serem utilizadas em sala de aula e que auxiliem os professores no ensino da cartografia de forma mais abrangente.

..............................................................

■ Publicação

Dissertação: “A importância do mapa na construção do conhecimento cartográfico: uma análise a partir da perspectiva histórico-cultural”
Autor: Viviane Lousada Cracel
Orientador: Maurício Compiani
Coorientadora: Fernanda Keila Marinho da Silva
Unidade: Instituto de Geociências (IG)
Financiamento: Capes
..............................................................



 
Untitled Document
 
Untitled Document
Jornal da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas / ASCOM - Assessoria de Comunicação e Imprensa
e-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP