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FEA checa níveis de ferro e ácido fólico em farinhas
Apesar de diferenças, produtos estão dentro de especificações

JEVERSON BARBIERI

Com o intuito de verificar se os níveis de ácido fólico e de ferro, contidos em farinhas de trigo e milho, e também em leites e sucos à base de soja, estavam compatíveis com o determinado pela legislação vigente, a pesquisadora Elede Martins Elias concluiu que, apesar da oscilação entre os produtos pesquisados, no geral quase todos atendem às normas. No entanto, ainda não é possível determinar se essas quantidades encontradas são as ideais, uma vez que há uma carência desses nutrientes na maior parte da população brasileira. Ademais, a pesquisa também verificou que o banco de dados atual para produtos finais, direcionados ao consumidor, é incipiente. “Obviamente, uma pessoa não consome apenas uma fatia de bolo ao dia. Portanto, é importante saber quais alimentos ela ingere diariamente e seus respectivos níveis de nutrientes”, disse Elias.

Para essa pesquisa, foi escolhido o bolo de fubá justamente porque sua formulação contém as duas farinhas. Diferentemente do leite ou suco, o bolo sofre o processo do cozimento, ocasionando perdas de nutrientes. O leite tem esses mesmos nutrientes adicionados após a fase de pasteurização, portanto não sofre perdas. É importante ressaltar que tanto o leite e o suco de soja quanto o bolo de fubá são bastante consumidos pela população. Em 2009, os produtos à base de soja foram os que apresentaram avanço significativo no consumo.

A legislação orienta que cada 100 gramas de farinha, seja ela de trigo ou milho, deve conter no mínimo 150 microgramas de ácido fólico. No que diz respeito ao ferro, cada 100 gramas deve conter no mínimo 4,2 miligramas. Para a pesquisadora, foi possível perceber que os níveis oscilam bastante. “Cerca de 20% das farinhas de trigo apresentaram níveis abaixo do determinado. Já no caso do fubá de milho, todas as amostras apresentaram teores de nutrientes dentro da legislação”, esclareceu Elias.

Com relação aos leites à base de soja, nas embalagens de 200 ml, o teor da vitamina e do mineral estava muito próximo ao declarado pelos fabricantes em seus rótulos, 36 microgramas de ácido fólico e 2,10 miligramas de ferro. Elias, que é farmacêutica bioquímica, revelou que as indústrias têm uma preocupação muito grande de estar com o produto dentro do que se declara no rótulo para que os níveis desses micronutrientes estejam adequados até o final da vida de prateleira.

Ingestão diária
É importante frisar que crianças, adultos e gestantes têm necessidades diferentes de consumo de nutrientes. Com relação ao ácido fólico, crianças devem consumir diariamente entre 100 e 180 microgramas; homens e mulheres, 240 microgramas e gestantes, 355 microgramas. “A demanda de uma gestante requer uma quantidade maior”, disse Elias. Para o ferro, crianças devem ingerir entre 6 a 9 miligramas por dia; homens e mulheres, 14 miligramas e gestantes, 27 miligramas.

O consumo de uma fatia de bolo normal representa 20% das recomendações diárias de ácido fólico, assim como 15% para o ferro, para adultos. Para a pesquisadora, é preciso pensar que outros alimentos também contêm esses nutrientes. “O que falta é um banco de dados mais completo para saber o que a população brasileira está consumindo, a que tipos de alimentos ela está mais suscetível e quanto cada um desses alimentos poderia contribuir para que se atinja o valor recomendado. Falta essa ligação”, afirmou Elias.

É preciso ficar atento, prosseguiu ela, porque a legislação estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde (MS) preconizou esses valores apenas para as farinhas in natura. Não há legislação para o produto final – o bolo, por exemplo – porque a farinha é um alimento de baixo custo, atinge a maioria das pessoas, não tem problema de toxicidade e não tem mudanças organolépticas também. “Por isso mesmo, os valores básicos têm sido bastante questionados”, assegurou. Segundo Elias, mais importante que ficar só na farinha é verificar os produtos finais – bolachas, pães, bolos, massas.

No assamento de bolos de fubá foram encontradas perdas entre 15% e 25% para as vitaminas; para o ferro, não. Foi possível verificar que o mineral ferro é estável pós-processamento, mas a vitamina não. Elias conta que o material encontrado na literatura sobre pães e pizzas confirma esses dados. “Isso tem que ser contabilizado, porque é o que vai ser ingerido. Portanto, há muito que contribuir com esse estudo”, garantiu.
Vários estudos têm relatado que até 50% das crianças apresentam anemia ferropriva. Em torno de 2 bilhões de pessoas no mundo, cerca de 1/3 da população, tem anemia. “E o ferro é um mineral muito importante, principalmente para crianças e gestantes”, afirmou a pesquisadora.

Quanto ao ácido fólico, que é uma vitamina do complexo B hidrosolúvel, ele tem sido muito comentado na literatura por sua atuação na diminuição do risco de doenças do tubo neural – estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e a medula espinhal. A ingestão correta dessa vitamina tem apresentado uma redução de até 30% desses casos. Ela protege ainda contra certos tipos de câncer, diminui a incidência de problemas cardíacos e neurológicos, e na fase da gestação é importante que a mulher ingira a quantidade preconizada. O problema, segundo Elias, é que a maioria das mulheres não sabe que está grávida logo no começo. E esses problemas tendem a aparecer a partir do 20° dia até o 70° dia. Então, o planejamento familiar é muito importante e o preconizado é que 3 meses antes de engravidar a mulher comece a tomar o ácido fólico.

Quanto ao leite e suco a base de soja, o que foi verificado é que a ingestão de uma caixinha de 200 ml significa 30% das recomendações diárias para crianças, 15% para homens e mulheres e 8% para gestantes.

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Publicação
Tese de doutorado:
“Ácido fólico e ferro em alimentos”
Autora: Elede Martins Elias
Orientadora: Helena Teixeira Godoy
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)
Fonte de financiamento: Capes
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