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Equipamento permite separação
contínua de misturas de diversas origens

Fámacos com alto grau de pureza





Pesquisadores do Departamento de Processos Biotecnológicos da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) e do Instituto de Química (IQ) da Unicamp desenvolveram um sistema de cromatografia contínua do tipo Leito Móvel Simulado (LMS), único do gênero na América do Sul. O equipamento promove, por meio de um conjunto de colunas acopladas a um "carrossel de válvulas", a separação contínua de misturas racêmicas de diversas origens, obtendo um alto grau de pureza para substâncias derivadas da indústria farmacêutica ou de laboratórios de pesquisas. Todo processo é monitorado por computador. A unidade, que está gerando seis teses de mestrado e doutorado e levou cerca de quatro anos para ser montada, consumiu investimentos da ordem de US$ 100 mil. Se fosse importada, o custo seria de US$ 300 mil.

De acordo com o professor César Costapinto Santana, que tem coordenado os trabalhos em torno do sistema LMS, a obtenção de substâncias com alto grau de pureza, denominadas enantiômeros, corresponde a 85% dos fármacos em desenvolvimento, cujo mercado mundial atinge a cifra de US$ 100 bilhões ao ano. Entre os produtos de maior interesse comercial estão os anestésicos, antibióticos, hormônios, antivirais e diversas moléculas usadas no tratamento do sistema nervoso central, do câncer e de doenças cardiovasculares e respiratórias.

O docente da FEQ diz que a separação de misturas racêmicas é importante, pois elas contêm componentes com características diferentes. Determinados tipos de anestésicos, explica o especialista, podem ser compostos por uma parte anestésica e por uma outra alucinógena. O sistema LMS promove a separação, eliminando assim o risco de que a administração de uma droga produzida a partir dessa substância possa causar algum efeito nocivo à saúde do paciente. "Um bom exemplo disso é a talidomida. Um dos seus componentes tem utilidade farmacológica, mas o outro produz um efeito deletério, que é a má-formação fetal", esclarece o professor Santana.

Segundo ele, o método convencional para a separação de misturas racêmicas é a cristalização, que vem sendo gradativamente substituída pelo sistema de cromatografia contínua. "Com a cristalização também é possível obter um nível de pureza bastante elevado, mas trata-se de um processo mais lento e com menor produtividade. A tendência atual é que a cristalização seja usada apenas como um processo adicional de purificação", diz o docente da FEQ. O sistema LMS desenvolvido pelos pesquisadores da Unicamp está operando em escala laboratorial. Ele tem capacidade para produzir até 10 gramas por dia de material, a partir de misturas racêmicas de diversas concentrações.

Santana esclarece, porém, que, se houver interesse do setor privado, essa produtividade pode ser multiplicada por dez ou cem vezes. "Temos condições de oferecer o processo completo para uma indústria farmacêutica, por exemplo. Mas isso vai depender do interesse e da demanda que ela tenha . Conforme o docente, já estão sendo mantidos entendimentos com uma empresa do segmento, mas as conversações ainda estão na fase inicial. O especialista revela que já foi depositado um pedido de patente relativo às substâncias produzidas pelo grupo de pesquisas das duas unidades da Unicamp. O desenvolvimento do sistema LMS pelos cientistas da Unicamp contou com financiamentos do CNPq, do Finep e da Fapesp, além de bolsas de estudos concedidas pelo CNPq, pela Capes e pela Fapesp.

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