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Governo federal destina cerca de R$ 80 milhões
do orçamento de 2005/2206 para pesquisas na área

Nanotecnologia
terá programa nacional




MANUEL ALVES FILHO


Estande da Unicamp na Nanotec Expo 2005: Universidade expôs 19 painéis com estudos desenvolvidos no Instituto de Física Gleb Watagin e Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Foto: Antoninho Perri)O governo federal está empreendendo esforços para desenvolver um vigoroso programa nacional de apoio à pesquisa em nanociência e nanotecnologia. Pela primeira vez na história do país, as duas áreas foram contempladas com recursos previstos no Plano Plurianual (PPA), instrumento que define as diretrizes das ações governamentais. Considerando todas as linhas de financiamento, cerca de R$ 80 milhões do orçamento federal de 2005/2006 foram reservados para fomentar novos estudos que tenham por objeto o universo nano. As informações foram fornecidas pelo titular da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Jorge Humberto Nicola, durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Nanotecnologia (Nanotec 2005), ocorrido nos últimos dias 6 e 7 de julho, em São Paulo. Paralelamente ao evento, foi realizada a 1ª Exposição Internacional de Projetos, Produtos e Materiais Nanotecnológicos (Nanotec Expo 2005), da qual a Unicamp participou com 19 painéis em seu estande. A Universidade foi representada no evento pelo vice-reitor Fernando Costa e pelo pró-reitor de Pesquisa, Daniel Pereira.

Jorge Humberto Nicola, representante do MCT: competitividade no cenário internacional (Foto: Antoninho Perri)De acordo com Nicola, tanto a nanociência quanto a nanotecnologia podem ser consideradas áreas emergentes em todo o mundo. Trata-se, portanto, do momento adequado para a implantação de um programa efetivo de apoio às pesquisas, de modo a gerar condições para que o Brasil se torne competitivo no cenário internacional. O diretor do Seped afirma que o MCT tem atuado fortemente nesse sentido, por meio de editais lançados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Financiadora de Projetos e Estudos (Finep), órgãos de fomento da Pasta. “Justamente agora, na virada do primeiro para o segundo semestre, várias propostas estão sendo julgadas. Além disso, acabamos de instalar o Conselho Diretor da Rede Brasil Nano, que é formado por representantes da comunidade científica, do empresariado e de outros segmentos. A missão desse Conselho é colaborar para manter firme os programas voltados à nanociência e nanotecnologia. Tudo isso demonstra que o MCT trata, de fato, essas duas áreas como estratégicas para o desenvolvimento do país”, afirmou Nicola.

Merheg Cachum, da Fiesp: parceria entre a empresa e a academia tem tudo para crescer (Foto: Antoninho Perri)Além de fomentar a pesquisa, acrescentou o diretor do Seped, os programas desenvolvidos pelo MCT têm o mérito de aproximar as universidades e institutos de pesquisa do setor produtivo. Alguns dos editais, notadamente um de caráter cooperativo lançado pela Finep, cujas propostas foram julgadas no final de junho, exigem que os projetos inscritos sejam resultado da parceria entre instituições científicas e empresas. “Nossa política tem sido a de levar o conhecimento para fora das universidades e trazer parceiros para dentro delas”, assegurou Nicola. De acordo com ele, já é possível identificar no país uma tendência do empresariado em investir mais em pesquisa e desenvolvimento. “A presença maciça dos empresários na Nanotec 2005 é uma demonstração disso”.

Para Merheg Cachum, que representou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) no evento, a parceria entre a empresa e a academia ainda está em fase inicial no Brasil, mas tem tudo para crescer nos próximos anos. “Nós estamos diante de um novo universo tecnológico. Nós já temos universidades desenvolvendo materiais incríveis, como os nanotubos de carbono, que prometem revolucionar uma série de produtos. Ocorre que, de maneira geral, o empresariado não tinha um conhecimento mais aprofundado do que está ocorrendo no mundo da ciência, principalmente na área da nanotecnologia. Este congresso é o pontapé inicial para nos inteirarmos sobre esses aspectos. Não tenha dúvida de que vamos conhecer as novidades e levá-las para dentro das empresas. Se não fizermos isso, perderemos competitividade”, afirmou.

Lourival Mônaco: "Ainda há muito espaço para trabalhar na área de nanotelecologia" (Foto: Antoninho Perri)De acordo com o pró-reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Nunes de Oliveira, que falou em nome das parceiras científicas da Nanotec 2005, a nanotecnologia já está ligada ao cotidiano das pessoas, mas vai se tornar ainda mais presente no decorrer dos próximos anos. A tendência, disse, é que os produtos e processos nanotecnológicos sejam incorporados por praticamente todas as áreas, como a medicina e a eletrônica, para ficar em dois exemplos. “Embora seja difícil imaginar o que está por vir, eu arriscaria dizer o seguinte: a exemplo do que ocorreu na década de 70, quando a sociedade brasileira viu surgir a categoria dos metalúrgicos, nas próximas décadas nós certamente testemunharemos o aparecimento da classe dos nanotecnólogos”, previu.

No entender do pró-reitor de Pesquisa da USP, é essencial que as empresas participem efetivamente desse processo de transformação. “Temos uma oportunidade única de associar as pesquisas que são desenvolvidas nas universidades com o trabalho realizado pelas empresas, que sabem melhor do que ninguém qual é a melhor forma de transformar o conhecimento em negócios e riquezas”, afirmou o professor Nunes. Lourival Mônaco, secretário-executivo da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, calculou que o território paulista concentre aproximadamente 100 linhas de pesquisas em nanotecnologia, nas mais diversas áreas. “Atualmente, temos 23 empresas atuando nesse setor. Ainda há muito espaço para trabalhar nessa área, e o governo está empenhado em maximizar os benefícios que a nanotecnologia trará para a sociedade por meio dos diversos programas de fomento à pesquisa que mantém”.

Unicamp expõe painéis com pesquisas

Vitor Baranauskas, professor da FEEC: diamantes sintéticos a partir do carbono extraído do álcool da cana-de-açúcar (Foto: Antoninho Perri)Juntamente com o 1º Congresso Internacional de Nanotecnologia (Nanotec 2005), foi realizada a 1ª Exposição Internacional de Projetos, Produtos e Materiais Nanotecnológicos (Nanotec Expo 2005). De acordo com os organizadores, foram expostos cerca de 100 trabalhos. A Unicamp exibiu 19 painéis com estudos desenvolvidos no Instituto de Química (IQ), Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) e Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC). Outras pesquisas da Universidade também foram apresentadas ao público em estandes diversos, como o da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Das pesquisas expostas pela Unicamp, duas chamaram especialmente a atenção dos participantes da Nanotec 2005. Ambas estão relacionadas ao uso de diamantes sintéticos, que são produzidos a partir do carbono extraído do álcool da cana-de-açúcar. Na primeira, o diamante é usado na confecção de próteses humanas, como a cabeça do fêmur. Por ser altamente resistente, ter baixo índice de atrito e ser biocompatível, ele apresenta muitas vantagens sobre os materiais convencionais. “As próteses feitas a partir de outros materiais precisam passar por revisões a cada 15 anos, em razão do seu desgaste. Nos Estados Unidos, são feitas 250 mil revisões anuais, enquanto no mundo são executas perto de 1 milhão de revisões. Ao produzirmos próteses mais eficientes e duráveis, nós estaremos reduzindo o sofrimento de muitas pessoas”, afirma Vitor Baranauskas, professor da FEEC e coordenador dos estudos.

A segunda pesquisa tem a ver com o uso dos diamantes sintéticos na fabricação de telas para computadores e televisores. De acordo com o professor Baranauskas, os diamantes substituem os filamentos tradicionais, conferindo maior brilho e nitidez às imagens. Como conseqüência desse ganho, ocorre também uma redução do consumo de energia. “Essa tecnologia pode ser utilizada, ainda, para fabricar lâmpadas com maior brilho e mais econômicas. O governo federal já demonstrou interesse nessa aplicação”, revela o docente da FEEC, acrescentando que os estudos são financiados pelo CNPq e Fapesp. Uma terceira pesquisa, esta com o apoio da Petrobras, pretende usar os diamantes sintéticos em brocas para a prospecção de petróleo. O objetivo é chegar a reservas ainda inacessíveis.




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