Unicamp Hoje - O seu canal da Noticia
navegação

>>ENERGIA

As tendências mundiais
PEspecialistas dizem como EUA e Europa estão se preparando
para enfrentar o problema de geração de energia


Carlos Tidei

Apesar de a conferência na Unicamp abordar a sustentabilidade nos próximos 20 anos, várias palestras projetaram cenários para o desenvolvimento sustentável até por cem anos, como na de Nebojsa Nakicenovic, do Instituto de Aplicação de Sistemas e Análises de Luxemburgo, Áustria. Na projeção para um século, os consumos de carvão, óleo e gás cairão, a energia nuclear será extinta, a hidroelétrica ficará estável e crescerá as de biomassa, eólica e solar.

A energia solar deverá ser a maior fonte em 2100. A disponibilidade de recursos e reservas talvez não seja fator limitante no futuro, pois a energia renovável tende ao crescimento gradativo. “Apesar de toda a diversidade de fontes de energia, a estrutura de uso final se modifica, passando de sólido para líquido e finalmente para gases, mais limpos”, acredita Nakicenovic.

Ele alerta que são necessários investimentos da ordem de US$ 500 bilhões por ano, pelos próximos 20 anos, para reverter a atual tendência, e o retorno pode não ser consistente. O custo de produção de energias fotovoltaica, eólica e biomassa deve ser reduzido com produção de escala, a exemplo do preço do etanol. Enquanto isso, o custo da energia nuclear crescerá na medida do aumento do lixo atômico, e o dos combustíveis fósseis na medida da oferta.

---------------------------------------------

O caminho escolhido pelos Estados Unidos

Quando o presidente George W. Bush assumiu a presidência, pediu uma retrospectiva dos últimos 25 anos sobre a energia no país, a fim de fazer uma avaliação dos programas e estudar novas diretrizes para pesquisas e incentivos. Nos EUA, 39% da energia vêm do petróleo, 23% do carvão, 8% nuclear, 23% sai do gás e somente 8% de fontes renováveis).

Segundo Helena Li Chum, do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA, plantas nucleares voltam a ser instaladas no país, apesar de protestos localizados. Os investimentos em carvão e energia renovável estão em segundo lugar. Recentemente, pesquisas com cem plantas resultaram em duas arbóreas e uma gramínea com grande potencial de geração de energia de biomassa, em ciclo combinado de plantio. Foi criada uma agência de controle para desenvolvimento de biomassa, integrando setores de energia com a agricultura e outras áreas.

Estão sendo implementados, também, incentivos ao investimento do setor privado para o estudo de 25 plantas que produzem metanol, com garantia de compra da energia. O aumento da produção e consumo de biomassa, em 30 anos, praticamente dobrou com o estímulo aos pequenos produtores independentes. Ao mesmo tempo, existe uma política de redução de poluentes. Uma parceria entre governo e setor privado levou à melhoria da eficiência dos automóveis, construções e equipamentos prediais.

Para Ralph Overend, também do Laboratório de Energia Renovável dos EUA, a biomassa faz parte do ciclo da energia solar, pois produz fotossíntese, fibras, alimentos e, por fim, carbono. Existe uma grande diversidade de biomassas, tais como fibras, cascas de árvores, esterco e compostos, com aplicações variadas como em alimentos, combustíveis e em produtos químicos para gerar eletricidade e calor. Das muitas formas de conversão, o processo mais avançado é o de gaseificação através da hidrólise, e o mais simples é a combustão, usada em 97% dos casos.

---------------------------------------------

Fontes de energia irão suprir 50% da demanda

Paulo César Nascimento

As fontes de energia renovável, como a biomassa, a energia eólica e a solar, poderão contribuir com até 50% do suprimento global de energia na segunda metade deste século. A previsão foi apresentada pelo professor Wim Turkenburg, da Utrecht University (Holanda), ao falar sobre “Uma visão geral das energias renováveis”. Especialista em energia e meio ambiente e chefe do Departamento de Ciência, Tecnologia e Sociedade da universidade holandesa, Turkenburg destacou o potencial energético das fontes alternativas em relação aos combustíveis fósseis e, citando um estudo desenvolvido em 1998, lembrou que, já naquele ano, elas respondiam por 14% da demanda mundial de energia.

“As energias renováveis demandam muito capital e seus custos para os consumidores não são competitivos frente aos custos das energias convencionais”, afirmou Turkenburg. Segundo ele, substanciais reduções de custo podem ser alcançadas com adicionais desenvolvimentos tecnológicos e, principalmente, com a expansão do mercado consumidor por meio de políticas de incentivo ao uso de energias alternativas.

De acordo com o pesquisador, países em desenvolvimento, como o Brasil, reúnem condições de utilizar amplamente fontes renováveis de energia em substituição aos combustíveis fósseis. O país, em sua opinião, poderia estimular e implementar de forma mais efetiva sistemas de geração solar, eólica e biomassa, ou mesmo sistemas híbridos dessas fontes, na implantação de novos sistemas ou na eventual substituição dos existentes.

---------------------------------------------

A meta dos ingleses

Para alcançar o compromisso assumido internacionalmente de até 2050 diminuir em 60% as emissões atuais de carbono, os ingleses precisam reduzir os gases causadores do efeito estufa através do uso de energia renovável, não-poluente, tanto no consumo doméstico quanto no industrial.

Por isso, estudo realizado pelo governo inglês prevê a multiplicação por seis do número de usinas de energia eólica e de outras fontes renováveis até 2020, quando, segundo se estima, cerca de 20% da matriz energética do país serão de energias renováveis.
Contudo, esse esforço para uso de uma energia ecologicamente sustentada tem um custo. Os consumidores domésticos de eletricidade terão um aumento de até 6% na conta de energia, e os clientes comerciais de 12%, para custear uma opção energética ambientalmente correta.

Turkenburg afirma que a capacidade instalada de energia eólica nos países que a utilizam (hoje na ordem de 23 mil megawatts) cresceu cerca de 30% nos últimos cinco anos e deverá alcançar a casa de dois mil gigawatts em 2030, com a adoção de modelos de turbinas cada vez mais sofisticados e potentes.

O uso da energia solar também cresceu significativamente em países como Japão, EUA e na Europa – sobretudo devido ao seu emprego na eletrificação rural – e tem grande chance de desenvolvimento como a eólica. (PCN).

---------------------------------------------

Combustíveis biológicos

A Os esforços para aumentar a competitividade dos combustíveis de base biológica estão fazendo surgir nos EUA um novo modelo de planta de refino, as biorrefinarias. Com operação semelhante à das refinarias tradicionais de petróleo, as biorrefinarias processam diferentes tipos de biomassa e geram ampla gama de combustíveis de base biológica. Podem também gerar eletricidade suficiente para suprir suas unidades produtivas e ainda comercializar o excedente para distribuidoras de energia elétrica.

A tecnologia do biorrefino não é nova. Na verdade, precursores do sistema são as indústrias que processam biomassa e têm na geração de energia um subproduto de sua atividade principal, como os moinhos de milho, plantas de processamento de soja e fábricas de papel e celulose. A diferença é que, dentro do novo conceito de biorrefinaria, os processos são maximizados e permitem a produção de maior variedade de produtos a partir do uso da biomassa.

Relatório recentemente elaborado pelo Conselho Nacional de Pesquisa do governo norte-americano considera as biorrefinarias fundamentais para tornar os combustíveis e demais produtos de base biológica mais competitivos em relação a seus equivalentes de base fóssil. Tanto que esses empreendimentos deverão receber subvenção governamental da ordem de US$ 15 milhões por ano, durante cinco anos, para a comercialização de tecnologias de biorrefino. (PCN).

---------------------------------------------

O futuro energético
Energias de vanguarda

É o fim do mundo?

 

© 1994-2002 Universidade Estadual de Campinas
Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP
E-mail:
imprensa@unicamp.br