Lideranças populares femininas debatem direitos humanos a partir da questão da violência

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Debater os direitos humanos a partir da questão da violência é o desafio do próximo Fórum Especial, que celebra os 20 anos dos Fóruns Permanentes da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Unicamp. A programação especial procura abordar alguns dos temas mais relevantes para a Proec, refletindo sobre o papel da Universidade na sociedade. Nessa edição, que acontece sexta-feira (25), a partir das 9h, no Centro de Convenções (CDC), o fórum reunirá lideranças femininas que defendem os direitos humanos em sua prática cotidiana a partir de realidades violentas. A proposta, encabeçada pela Secretaria de Vivência do Campus (SVC) e, em particular, pelo Conselho de Vivência Universitária (CVU), com especial apoio da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DEDH), envolve ainda o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e o Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp). A abertura do evento contará com uma apresentação do Grupo de Dança Indígena Amoras, criado por estudantes ligadas ao coletivo Acadêmicas Indígenas Uirapuru da Unicamp.

“Pensamos em um fórum diferente, todo na ‘primeira pessoa’, no qual lideranças populares e políticas pudessem trazer suas biografias associadas a essas violências e, ao mesmo tempo, às respostas que vêm dando a elas”, afirmou Susana Durão, coordenadora da SVC e professora do IFCH, que lidera a organização do evento. Segundo ela, cada uma das cinco palestrantes tem uma trajetória de ativismo derivada de experiências de vida que as levaram a enfrentar a necessidade de lidar com os mais graves conflitos e tensões sociais. 

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Monica Cunha, que compõe a primeira mesa, de tema “Políticas Públicas a favor do(s) Direito(s)”, perdeu um filho em 2006, assassinado pela polícia. “Ela fez dessa experiência pessoal uma causa de vida: resgatar os direitos das mães e das crianças mortas, sobretudo pelas polícias, mas também pelas facções”, comentou Durão. Josiane Otaviano Guilherme, mais conhecida como Josi Ticuna, que estará na mesa a ser realizada à tarde e de tema “Ações e Projetos pelo Fim das Violências”, trará sua experiência com os conflitos na região da fronteira em Benjamin Constant (AM). Graduada em Antropologia pelo Instituto de Natureza e Cultura da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Diversidade Sociocultural na Amazônia pelo Museu Emílio Goeldi, em Belém (PA), Josi Ticuna coordena o Projeto Agrovida-Naãne Arü Mã'ü-Terra e Vida, que defende a importância do papel das mulheres no fortalecimento e revitalização da agrobiodiversidade e a identidade cultural no Alto Solimões (AM).

De acordo com a organizadora, o fórum pretende dar visibilidade às lutas políticas que estão impressas na vida cotidiana dessas mulheres. “Elas estão lá a fazer um trabalho que transforma a sociedade todos os dias. Muitas delas a partir da sua experiência biográfica”, afirmou.

Para o pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho, a Universidade tem que obrigatoriamente se envolver com essas questões, abrindo espaço aos relatos e às denúncias, amplificando essas vozes e, a partir dessa escuta, sensibilizando a sociedade e buscando soluções que subsidiam políticas públicas. “Tenho certeza de que esse será um fórum de muito impacto, não só internamente, como externamente”, afirmou. Coelho ressaltou ainda a relevância dos fóruns na busca de soluções conjuntas e dialogadas para os desafios enfrentados pela sociedade. “Esse é um espaço de conversa, de diálogo, por meio do qual os problemas da sociedade estão sendo apresentados à Universidade, estão sendo discutidos na Universidade junto com a comunidade e, a partir daí, dando origem a trabalhos de pesquisa, dando origem a discussões sobre políticas públicas. Essa é a Universidade exercendo o papel que ela deve exercer frente à comunidade, funcionando como um polo que agrega ideias e que também permite distribuir soluções", destacou o pró-reitor.

As mesas de debate contarão ainda com a presença de Marta Rodrigues Sousa de Brito Costa, vereadora pelo terceiro mandato em Salvador, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa da Democracia Makota Valdina e especialista em Políticas Públicas pela Unicamp, de Alzira Nogueira, deputada estadual eleita pelo Estado do Amapá, mestra em Sociologia, servidora do Ministério Público e ativista da luta pelos direitos das mulheres negras, e de Valdelice Veron, doutoranda em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (UnB) recentemente premiada em Washington, nos Estados Unidos, com o Prêmio Liderança Global da Vital Voices Global Partnership. Veron teve o pai, o cacique Marcos Veron, assassinado em 2003, quando lutava pela posse de terras ancestrais.

Segunda a organizadora, o fórum pretende apresentar essas perspectivas de vida presentes em regiões tão diferentes do Brasil, mas perpassadas pelo eixo comum da violência. “O Brasil possui realidades muito diferentes, mas há alguns padrões de violência. Elas vão trazer isso para nós aqui", pontuou Durão.

Acesse a programação completa.

Matéria publicada originalmente no site da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura.

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o Fórum reunirá lideranças femininas que defendem os direitos humanos em sua prática cotidiana a partir de realidades violentas

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