Harmonia e Melodia como Imitação da Natureza em Rameau e  Rousseau

 

Palestra no IV Colóquio Rousseau: Rousseau: Filosofia, Literatura e Educação, promovido pelo Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Londrina e pelo Grupo Interdisciplinar de Pesquisa Jean-Jacques Rousseau, realizado em Londrina de 16 a 19 de novembro de 2009.

 

José Oscar de Almeida Marques

Departamento de Filosofia da UNICAMP

 

Harmonia e Melodia como "Imitação da Natureza" em Rameau e Rousseau

 

RESUMO: Jean-Jacques Rousseau e Jean-Philippe Rameau, as duas figuras emblemáticas da "Querela dos Bufões", estiveram de acordo quanto à música ser uma arte imitativa, mas aquilo que ela imitava, a natureza, era entendida por eles de maneiras bem diferentes. Enquanto Rameau identificava a natureza com o domínio galileo-cartesiano da natureza física descritível por meio de relações matemáticas, para Rousseau, natureza significava o mundo interior das paixões e sentimentos humanos. Em consequência dessas diferentes concepções de natureza , a harmonia, enquanto ciência da combinação consonante de sons musicais baseada na ressonância dos corpos físicos e a melodia, enquanto arte de expressar as paixões por meio dos acentos da linguagem falada, foram as dimensões musicais que um e outro autor respectivamente tomaram como o meio privilegiado em que a imitação da natureza deveria ter lugar.

 

 

Harmony and Melody as "Imitation of Nature" in Rameau and Rousseau

 

ABSTRACT: Jean-Jacques Rousseau and Jean-Philippe Rameau, the two emblematic figures of the Querelle des Bouffons, could very well agree that music is an imitative art, but what it imitates, nature, was understood by them in very different ways. While Rameau identified nature with the Galilean/Cartesian realm of physical laws expressible in mathematical relations, for Rousseau nature meant the inner world of human passions and sentiments. Accordingly, harmony, as the science of consonant combinations of sounds based on the resonance of physical bodies, and melody, as the art of expressing the passions by means of the accents of the spoken word, were  the musical dimensions that one and other author respectively took as the privileged medium in which the imitation of nature should properly take place.