IV Colóquio Kant de Marília: Kant and Music

 

Harmony and Melody in Kant's Second Analogy of Experience

José Oscar de Almeida Marques
Departamento de Filosofia - UNICAMP
jmarques@unicamp.br

ABSTRACT

My aim in this paper is to examine how, from a Kantian perspective, the model of the Second Analogy of Experience could be applied to the perception of objective successions and coexistences of musical sounds. In his original exposition, Kant drew on the famous examples of the visual perception of a stationary house and of a ship in motion to illustrate his argument – what I propose here is to extend that discussion to the realm of auditory experience, especially to the hearing of chords and melodic lines. My reason to suggest that such an extension might be acceptable to Kant is the Reflection 5750, in which, after repeating the rule of the Second Analogy for distinguishing between simultaneity and succession, Kant immediately adds, as if by way of illustration, the words “harmony and melody”. In the first section of my text I try to show how the reasoning of the Second Analogy might be transferred to this new realm of experience; then, in the following section, I examine some difficulties related to this proposed transference of the Kantian argument; and I conclude by presenting and answering some objections that could be raised against my proposal.

 

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Harmonia e Melodia na Segunda Analogia da Experiência de Kant

 

RESUMO

Meu objetivo neste trabalho é examinar como, numa perspectiva kantiana, poderíamos aplicar o modelo da Segunda Analogia da Experiência à percepção de sucessões ou coexistências objetivas de sons musicais. Em sua exposição, Kant valeu-se dos famosos exemplos da percepção visual de uma casa estacionária e de um navio em movimento para ilustrar sua argumentação – trata-se aqui de tentar estender essa reflexão ao domínio da experiência auditiva, em especial à audição de acordes e de linhas melódicas. Meu ponto de apoio para sugerir que essa extensão poderia ser aceita pelo autor é a Reflexão 5750, em que Kant, após repetir o critério da Segunda Analogia para distinguir entre simultaneidade e sucessão, acrescenta imediatamente, como que à guisa de ilustração, a expressão “harmonia e melodia”. Na primeira parte do meu texto, procuro mostrar como a argumentação da Segunda Analogia pode ser reproduzida nesse segundo domínio da experiência; examino, a seguir, algumas dificuldades na aplicação do argumento kantiano, e concluo apresentando e respondendo algumas objeções que poderiam ser levantadas contra minha proposta.