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Estudo na área da geografia médica pode
nortear políticas públicas em São Paulo


RAQUEL DO CARMO SANTOS

A geógrafa Marina Jorge de Miranda: “Os dados da relação entre clima e saúde fornecem ferramentas para orientação de programas” (Foto: Antoninho Perri)Pesquisa realizada pela geógrafa Marina Jorge de Miranda possibilita orientar demanda de políticas públicas de serviços em saúde na cidade de São Paulo. A partir de técnicas estatísticas e de geoprocessamento, a geógrafa cruzou dados diários de três estações meteorológicas do município com as taxas de internação, também diárias, do Sistema Único de Saúde (SUS) e chegou a uma alta no número de internações por gripe e pneumonia em períodos de baixa umidade e aumento da temperatura máxima e diminuição da mínima. Entre os meses de julho e setembro de 2004, por exemplo, 47% dos casos de internação pelo SUS se referiam a casos de gripe e pneumonia. O trabalho foi orientado pelo professor Hilton Silveira Pinto.

“Acredito que os dados da relação entre clima e saúde fornecem ferramentas para orientação de programas e demandas de instalação de unidades de saúde no município de São Paulo”, explica Marina, que realizou a avaliação de forma temporal e espacial. Com isso, os resultados da investigação em geografia médica apontaram as condições de estabilidade do tempo atmosférico juntamente com a poluição como um dos fatores que interferem e potencializam o surgimento ou agravamento de gripe e pneumonia.

Parece óbvio, pois a cultura popular e estudos científicos já associam as alterações do tempo como chuva, umidade, temperatura e vento, com o comportamento da saúde humana. Mas, a pesquisa de mestrado realizada pela geógrafa e apresentada no Instituto de Geociências (IG), avança no aspecto multidisciplinar, pois envolve várias áreas do conhecimento científico e técnicas específicas para a produção de mapas temáticos.

Os testes foram feitos nos períodos de janeiro de 2002 a dezembro de 2005 e tomaram como base o mapa político-administrativo da cidade de São Paulo, dividido em 31 subprefeituras. Já as estações meteorológicas nas quais Marina obteve os dados estão localizadas no Parque do Estado, na zona sul da cidade – pertencente ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP) – na Rua da Consolação, região central e, no Butantã, na USP.

Os resultados do ano de 2004 foram os mais elevados, mais especificamente nos meses entre julho a setembro. Mostraram que 42% das internações por gripe e pneumonia são ocasionadas por baixas temperaturas, observadas durante as madrugadas. Já as temperaturas máximas, durante as tardes, coincidentes com os períodos mais secos do ano, foram responsáveis por uma porcentagem de internação em torno de 35%. Segundo Marina, a temperatura média observada neste mesmo período foi de aproximadamente 17º.

Nesta linha, o estudo apontou que os picos de internação ultrapassam a 80 pacientes por dia, após um período anterior de aproximadamente três dias de baixa umidade. As maiores incidências ocorreram em crianças do sexo masculino de zero a quatro anos e de um a quatro anos, assim como nos idosos acima de 60 anos do sexo feminino. “Isto confirma a vulnerabilidade de crianças e idosos em relação à gripe e à pneumonia”, comenta.

Em meio a mapas e gráficos, a pesquisa demonstrou que as taxas de internações gripe e pneumonia de usuários do SUS predominam nas regiões periféricas da cidade como Itaquera e São Mateus na Zona Leste. As subprefeituras que menos apresentaram taxas de internação foram as da Lapa, Pinheiros, Vila Mariana, Santo Amaro e Ipiranga. Isto se justifica por se tratarem de regiões cuja população residente possui maior renda e pela proximidade de hospitais privados como Albert Einstein e Sírio-Libanês. Em uma pesquisa adicional, Marina pretende investigar as taxas de internação em hospitais particulares com o objetivo de completar a pesquisa.

 


 
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