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Pesquisa conclui que jovens se afastam da tevê

ANTONIO ROBERTO FAVA

O professora de sociologia Fabíola AgartenFelix (primeiro plano): programação de má qualidadeOs programas de televisão ocupam o quarto lugar no ranking de preferências do telespectador jovem, com idade entre 13 e 20 anos, ficando atrás de atividades esportivas e de lazer. A conclusão é da professora de sociologia Fabíola Angarten Felix, que investigou o estilo de vida de estudantes de duas escolas particulares e uma do Estado, todas no município de Indaiatuba. Ela queria saber como se estrutura a identidade juvenil na sociedade contemporânea e como se dá sua relação com a mídia.

A pesquisadora constatou também que, de modo geral, com raras exceções, a maioria dos programas de televisão é de má qualidade, por não apresentar, hoje, conteúdo condizente com o que o jovem telespectador aspira em termos de lazer, de entretenimento ou de idéias. "De programas que, de alguma forma, levem o jovem a desenvolver uma reflexão sobre o mudo que o cerca, uma vez que a televisão instiga o interesse deles, sobretudo quando entendida como um lazer que distrai e diverte", observa Fabíola.

Fabíola acabou de apresentar a dissertação de mestrado – Juventude e estilo de vida: cultura de consumo, lazer e mídia – junto ao Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, sob a orientação do professor José Mário Ortiz Ramos. Para desenvolver sua pesquisa, Fabíola distribuiu 160 questionários (65 para meninas e 45 para meninos) dos quais 68% dos estudantes declararam ter preferência por alguma modalidade esportiva – vôlei e basquete, entre outras –, 44% afirmaram predileção por passeios com amigos, e 35% escolheram as mais diversas atividades culturais como teatro, shopping centers, turismo e, atualmente, passeios por parques temáticos. A televisão aparece em quarto lugar.

Ainda que a televisão não tenha sido a opção de lazer ou de entretenimento mais assinalada pelos estudantes, se forem confrontadas as opções com a importância de lazer, verifica-se que, curiosamente, o ócio, o tempo livre ou o descanso significam, para a maioria dos pesquisados, uma forma de distração. Apenas um estudante apontou o livro como principal objeto de lazer ou entretenimento.

"O termo distração está, obviamente, relacionado a diversas opções de lazer, como esporte ou simplesmente sair com amigos, entre outras. Mas não podemos deixar de atentar para o fato de que muitos autores que discutem a televisão, sobretudo aqueles que a defendem – e a distanciam de qualquer interesse manipulador –, apontam a distração e o entretenimento como o seu principal propósito, diferenciando-se de outros teóricos que definem tal meio de comunicação imbuído de tantos outros objetivos, entre os quais aqueles que representam formas de alienação como manipulações ideológicas sobre questões políticas ou até mesmo no que se refere à indução ao consumo por meio de propagandas", diz Fabíola.

A pesquisa de Fabíola revela que a TV brasileira se divide em dois blocos de programas: um deles, os programas de entrevistas, apresentados por Adriana Galisteu, Luciana Gimenes e "Caldeirão do Huck", entre outros, que costumam aliar entrevistas, músicas, jogos e outras brincadeiras; há os programas que se caracterizam por jogos competitivos como os atuais "Curtindo uma Viagem", apresentado por Celso Portiolli, e "Interligando Games", apresentado por Fabiana Saba.

Há também a opção da TV por assinatura, que transmite o canal fundamentalmente direcionado aos jovens, a MTV, "que discute, de maneira saudável e bem-fundamentada, temas relevantes para o jovem, com a participação do público, com um formato barato e com um cenário básico", diz Fabíola. A pesquisa mostra que 43% dos estudantes que optaram por programas de auditório; 20%, novelas; 9% não responderam sobre a preferência por nenhum programa; 8%, telejornal; 4%, clipes; 4%, reality-shows e 3%, documentários. A pesquisadora observa que esses dados apontam um resultado superior a 100% por se tratar de um questionário aberto, que permite ao entrevistado mais de uma resposta.

O "Altas Horas", apresentado por Serginho Groissmam na Rede Globo, alcançou 68% da preferência da classe juvenil, enquanto que "Caldeirão do Huck", ficou com 59%. São os dois programas mais vistos.

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