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Cirurgia atenua efeitos
da incontinência urinária

Técnica indicada para pacientes que sofreram cirurgia de próstata tem alcançado bom índice de cura

ANTONIO ROBERTO FAVA

O médico Carlos D’Ancona, do Departamento de Urologia da FCM, e o dispositivo de silicone: trabalho centrado no tratamento da uretra

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp estão conseguindo melhorar a incontinência urinária de pacientes que sofreram cirurgias da próstata. A técnica, denominada “sling” perineal, consiste basicamente numa incisão na região no períneo – localizado atrás do escroto – com a qual o médico isola a uretra fixando uma faixa de silicone. Essa faixa, segundo o urologista Carlos D’Ancona, do Departamento de Urologia da FCM, tem a função de comprimir a uretra e, com isso, efetuar o controle da urina.

A técnica começou a ser desenvolvida com sucesso no Hospital das Clínicas da Unicamp há cerca de um ano. Coordenada por Carlos D’Ancona, até o momento foram realizadas 11 cirurgias com um índice de cura superior a 60%. Atualmente há uma lista de seis pacientes, em fase de exames, à espera de cirurgia. O objetivo do trabalho da equipe de Carlos D’Ancona é oferecer um tratamento de baixo custo e aperfeiçoar a técnica cirúrgica no HC da Unicamp. A cirurgia vem sendo aplicada com grande sucesso em países da Europa e nos Estados Unidos, segundo o médico.

Esse tipo de cirurgia para controlar a incontinência urinária – perda involuntária da urina – é indicado àqueles homens que sofreram cirurgias da próstata, principalmente a prostatectomia radical (extirpação total da próstata) e a ressecção transuretral (RTU), que é a intervenção feita pelo canal da urina retirando-se parcialmente a próstata. É uma cirurgia feita principalmente em pacientes com mais de 60 anos, faixa de idade em que ocorre o maior índice de câncer de próstata. As doenças mais comuns são as de ordem neurológicas, hiperplasias prostáticas benignas (HPB) e o câncer de próstata, “doenças absolutamente tratáveis e geralmente curáveis”, afirma D’Ancona. Trata-se de uma cirurgia de no máximo uma hora e meia de duração. Após a intervenção, o paciente fica no hospital entre 24 e 48 horas. É uma operação que pouca dor causa ao paciente, e a recuperação, após a cirurgia, dá-se em torno de uma semana, quando o doente, já em casa, deve levar uma vida com pouca atividade física. “A recuperação completa deve ocorrer após um mês”, lembra D’Ancona.

Causas diversas – A incontinência urinária não é uma doença ou conseqüência natural do envelhecimento. Na maioria das vezes, é um sintoma ou efeito colateral de alguma doença. São diversas as causas que provocam a incontinência urinária no homem. Uma delas é a uretral, alteração no funcionamento do esfíncter; outra é a vesical, alteração no funcionamento da bexiga. O esfíncter é um músculo com fibras circulares que envolvem um orifício e que garante sua oclusão ou abertura – da bexiga ou do ânus. D’Ancona explica que existem tratamentos específicos para cada tipo de incontinência urinária.

“O nosso trabalho, especificamente, é centrado no tratamento da uretra, que é o mau funcionamento do esfíncter”, diz. A incontinência urinária – sem falar das causas que a provocam – dificulta a vida do indivíduo no convívio social, afastando-o do trabalho, da família e dos amigos. “Torna-se incômodo ao homem quando tem que usar fraldões e outros produtos absorventes para que tente levar uma vida com qualidade no mínimo razoável. Há produtos especificamente desenhados para a anatomia masculina. Ainda que tenha tudo isso, o indivíduo acaba se isolando. Foi pensando nesses pacientes que passamos a desenvolver o ‘sling’ perineal, com a intenção de pelo menos tentar minimizar o sofrimento desses pacientes para que tenham uma vida de melhor qualidade”, explica o médico.

Alguns dos tratamentos disponíveis, incluem-se medicamentos (que tratam a incontinência urinária melhorando a função dos nervos ou músculos da bexiga ou uretra), terapia comportamental com mudanças de comportamento ou estilo de vida do indivíduo visando à continência, retreinamento da vesícula (urinar com horário marcado), fisioterapia (exercícios para a musculatura pélvica e perineal), além de procedimentos cirúrgicos recomendados pelo médico para os casos mais graves de incontinência.

As eventuais causas de câncer de próstata são de ordem genética e alimentação do indivíduo para as quais sugerem-se dois tipos de prevenção: a primária, que consiste numa alimentação saudável à base de soja e alimentos que contenham licopeno e vitaminas E, até o selenium; a secundária consiste em o paciente fazer anualmente exames de laboratório (sangue e urina) para checar sinais de infecção e de outras anormalidades.

 

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