| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 381 - 26 de novembro a 2 de dezembro de 2007
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Autora de pesquisa desenvolvida no IE atribui maior inserção
da mulher à abertura do leque de ocupações

Participação feminina cresce em todos
os segmentos do mercado de trabalho

MANUEL ALVES FILHO

A professora Eugenia Troncoso Leone: “Vale destacar que o desempenho das mulheres deu-se num período em que a atividade econômica do país foi bastante modesta" (Foto: Antoninho Perri)Nos últimos anos, a mulher está dando a tônica do mercado de trabalho no Brasil, aponta pesquisa recém-concluída pelos professores Eugenia Troncoso Leone e Paulo Baltar, ambos do Instituto de Economia (IE) da Unicamp. De acordo com o estudo, que analisou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) para os anos de 2004 a 2006, a participação feminina tem crescido em praticamente todos os segmentos, notadamente nas ocupações remuneradas e não-remuneradas. “Vale destacar que esse desempenho das mulheres deu-se num período em que a atividade econômica do país foi bastante modesta”, afirma a professora Eugenia.

De acordo com a docente do IE, no período analisado a economia brasileira cresceu pouco. Em 2005 e 2006, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, avançou, respectivamente, 2,9% e 3,7%. A despeito desse comportamento tímido, o mercado de trabalho mostrou-se sensível à melhora. Se no quadro geral não foi possível verificar grandes alterações, visto que o índice de desemprego manteve-se alto, na faixa de 8,4%, no que se refere à composição das ocupações foram registradas mudanças interessantes, conforme os autores do trabalho.

Estudo analisou dados da PNAD

Um primeiro aspecto destacado pela professora Eugenia foi o crescimento da População Economicamente Ativa (PEA) nos dois últimos anos: taxa média de 2,5%. No mesmo período, a PEA feminina avançou 3,2%, contra 1,9% da PEA masculina. “Esses números revelam que a população feminina continua sendo fortemente incorporada ao mercado de trabalho”, analisa a docente do IE. No que diz respeito à composição das ocupações propriamente dita, os pesquisadores também notaram um desempenho positivo por parte do contingente feminino. Nos anos considerados, o número de pessoas ocupadas sem remuneração aumentou 1,1% ao ano, sendo que as mulheres responderam por 95% dessa ampliação. Em 2006, elas detinham 59,8% das ocupações sem remuneração.

De acordo com o estudo conduzido pelos dois economistas da Unicamp, a presença feminina foi igualmente significativa nas ocupações com remuneração. Enquanto nesse segmento os homens apresentaram um crescimento médio de 2,3%, as mulheres elevaram sua participação em 3,9%, em média. Em 2006, elas respondiam por 40,4% das pessoas nesse tipo de ocupação. Nas ocupações com remuneração destacam-se os empregos assalariados que são gerados pelas famílias (emprego doméstico) e por estabelecimentos organizados para produzir bens e prestar serviços. As mulheres, aponta a pesquisa, respondem pela grande maioria dos empregados domésticos. No que toca ao emprego em estabelecimento, o grupo feminino mais uma vez apresentou dados superiores ao do grupo masculino: avanço médio de 4,5% contra 2,9% ao ano. “Além disso, enquanto o número de homens com emprego formal aumentou, em média, 4,3% ao ano, o de mulheres atingiu o índice de 5,4% no mesmo período. Em 2006, as mulheres constituíam 39,6% do emprego formal e participavam com 45,7% do aumento dessa forma de emprego”, acrescenta a professora Eugenia.

Outro dado interessante apurado pelos autores do estudo refere-se à participação de homens e mulheres no emprego em estabelecimento, mas sem carteira de trabalho. Entre 2004 e 2006, o grupo masculino registrou um aumento de 0,7% nesse segmento, enquanto o grupo feminino experimentou uma ampliação da ordem de 2,2%. “De maneira geral, podemos dizer que as mulheres ampliaram significativamente sua participação nas ocupações remuneradas e não-remuneradas, no emprego assalariado em estabelecimento e nos contratos formalizados do emprego assalariado”, resume a professora Eugenia.

A crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, no entender da docente do IE, deve-se principalmente à abertura do leque de ocupações. “Antigamente, a mulher se encaminhava para as chamadas ocupações femininas, como as áreas de apoio e o serviço doméstico. Atualmente, ela ampliou essa participação, podendo ser encontrada em praticamente todas as funções e carreiras”, avalia a professora Eugenia. Segundo a especialista, se a economia brasileira crescer mais fortemente a partir de agora e o mercado de trabalho continuar se mostrando sensível a essa tendência, é provável que o país continue aumentando a formalização do trabalho, o que traria reflexos positivos para os trabalhadores de modo geral e para a população feminina de forma particular, visto que esse segmento vem demonstrando maior vigor na participação no mercado de trabalho nos últimos anos. A pesquisa realizada pelos economistas da Unicamp contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e está articulada com as atividades do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) do IE.

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