| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU |Edição 344 - 20 a 26 de novembro de 2006
Leia nesta edição
Capa
Opinião: 10 anos de Cemarx
Renda do brasileiro
Morfologia do trabalho
Retrato dos ex-alunos
'Unicamp Ventures'
Reencontro festivo
Adubo
Convivência em sala de aula
Espaço midiático
Maturação sexual
Coração
Saúde da Região Metropolitana
Painel da semana
Teses
Livro da semana
Longevidade empresarial
Vinho
 

6-7

Reencontro festivo com
o sabor dos velhos tempos

Lincoln chegou direto da lua-de-melSete e meia da manhã do sábado, 11 de novembro, e Lincoln Matsusei Akamine já estava postado em frente ao Ginásio da Unicamp. Estatístico formado em 1992, ele se casou no domingo anterior e já havia combinado com a mulher, Ingrid, que a lua-de-mel em Angra dos Reis precisava terminar na sexta-feira, pois não perderia o encontro de ex-alunos por nada. Lincoln foi o primeiro a chegar, depois de deixar Ingrid no Rio, onde moram, e cruzar a Dutra na madrugada. “Minhas amizades mais sólidas foram feitas na Unicamp”, justificou. Seria um sábado cheio de histórias.

Nove e meia, e centenas de ex-alunos já se aglomeravam para retirar seus crachás. Reinaldo Oliveira Rocha, que estava com a mulher Gláucia, fazia a festa para o companheiro de turma da Engenharia Mecânica, Roberto Padilha. O casal já tinha enviado inúmeras fotos de época para o blog do Portal da Unicamp, mas Reinaldo trouxe em mãos a sua preferida, em que aparece recebendo o diploma de Zeferino Vaz, fundador da Universidade. “Trabalhei 30 anos na Telepar [empresa de telefonia do Paraná]. Eu queria pescar depois de aposentado, mas minha mulher não deixou. Sou administrador da clínica dela”, contou. “Não queria um homem de pijama dentro de casa”, retrucou Gláucia, ginecologista e obstetra também formada na Unicamp.

Reinaldo exibe a foto com Zeferino VazA cerimônia de abertura e as homenagens aos ex-alunos começaram com atraso menor do que as filas para cadastramento faziam prever. Ao invés de discursos, breves e sinceras saudações de boas vindas. Apenas o reitor José Tadeu Jorge estendeu-se um pouco, ainda assim para deixar claro o espírito de congregação. “Uma satisfação pessoal nesse encontro é ver dois homenageados que moraram comigo na república de estudantes, num tempo em que chegar à Unicamp era fisicamente uma aventura. Lembro-me do esforço para conseguirmos, sem sucesso, um ônibus da Ensatur”, disse Tadeu, ele próprio homenageado pela Engenharia Agrícola. “Daqui a pouco teremos um churrasco para matar, talvez, a saudade que mais está tocando o coração de vocês: o Bandejão. Vocês nunca imaginaram que teriam o coração, e não o estômago, tão tocado pelo Bandejão”, brincou ao final.

Ivam e Joni: os primeiros da MatemáticaO professor Jorge Yoshio Tamashiro, calorosamente saudado pela galera da Biologia na arquibancada, morou com o reitor na república do bairro Vila Nova e considerou natural a recepção que teve como homenageado. “Sou dos tempos antigos, da primeira turma da Unicamp, e aqui estou até hoje como docente. Eu era o único da biologia na república, os outros eram todos da engenharia de alimentos. Tínhamos de ir juntos para as festas no ônibus da Ensatur, jogávamos o ‘peladão’ todas as quartas à tarde e os cursos de medicina, exatas e ciências sociais não eram tão separados. Conheci muita gente. E está sendo legal rever as pessoas, algumas velhinhas, outras gordinhas”.

Jorge Yoshio: único biólogo na repúblicaTambém da primeira turma do campus, Rogério Antunes Pereira Filho, homenageado pela Faculdade de Ciências Médicas, teve a opção de fazer medicina em Botucatu, mas escolheu Campinas por influência do pai. “A gente nem sabia no que se transformaria a Unicamp. Hoje, ao ver essa grandeza de universidade, bem maior do que a expectativa que tínhamos, dá um orgulho muito grande. Sou professor da FCM desde 1972, tenho um filho formado e outro que fez residência aqui, e uma filha na Odontologia de Piracicaba. Minha esposa, Adriana, é da terceira turma da Medicina. Eu quis paquerar uma caloura e deu em casamento. Eu e minha família vivemos a Unicamp esses anos todos com muita alegria”.

Rogério: a família formada na Unicamp“É muito bom rever os amigos e espero que esse encontro não se repita apenas de 40 em 40 anos”, divertia-se o engenheiro Cesar de Camargo Galli, grato diante da homenagem pela Mecânica, que considerou singela e gratificante. “Sou da primeira turma, que participou da fundação da faculdade. Era época de um pioneirismo que exigiu muita garra, o que nos ajudou bastante na atuação como profissionais. Eu me recordo da figura de Zeferino, um fazedor de obras e um administrados de conflitos, que nos ensinou sobre a necessidade de esforço para obter nossas conquistas”, reconheceu Galli, que fez carreira como engenheiro mas hoje se dedica ao café e ao pêssego em sua fazenda na região de Campinas.

Bem mais jovem e formado no Instituto de Geociências em 2002, Mario Lamas Ramalho foi escolhido para receber a homenagem pelos ex-alunos por causa das boas notas. E, curiosamente, fez ressalvas ao critério. “Vejo nesse evento uma demonstração de carinho da Universidade com os alunos e também a oportunidade para uma crítica: a Unicamp valoriza demais as notas, quando o processo de aprendizagem não vale apenas por isso. A questão é a vivência. Ver ex-alunos felizes é o mais importante”.

Cesar (dir.), da turma pioneira da MecânicaVisivelmente emocionado estava o matemático Ivam Resina, que há muitos anos saiu do Imecc para dar aulas em Presidente Prudente, mas mantém a popularidade entre os velhos colegas. “Ele é um gênio”, elogiou de passagem a professora Maria Teresa Rodrigues, organizadora do encontro, que guardou uma apostila de Resina até cedê-la recentemente a um aluno que não conseguia aprender cálculo 3. “Desde que sai em 1991, é a primeira vez que volto à Unicamp. Estou assustado com o tamanho dela. Esse encontro traz emoção e saudade, retornar ao lugar onde estudei e trabalhei por 25 anos não é qualquer coisa”.

Na primeira turma da Unicamp, que ingressou em 1967, apenas dois alunos fizeram a opção e se formaram na Matemática: Ivam Resina e João Frederico Meyer, o Joni, que dirigiu o Imecc até poucos dias. Foi Joni quem entregou a homenagem ao companheiro de formatura. “O curso da Engenharia funcionava num barracão de madeira, o resto era canavial. Em dia de chuva, não tinha aula”, contava Resina, quando o reitor Tadeu Jorge parou para cumprimentá-lo e emendou: “O que a gente mais fazia era chupar cana”.

 

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